A Batalha

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— Não, não, não, não! Não era para descobrirmos nossas identidades! Não acredito que está acontecendo! — Ela falou, caminhando de um lado para o outro de um jeito nervoso. — E agora? O que eu faço? — Marinette colocou as mãos sobre a face, mas, como um estalo, algo lhe veio à mente. — Espera um segundo. Então o seu pai... caramba! — Ela o encarou — Me desculpa, sério, eu queria ter te falado...
— Não se preocupe com isso. — Disse ele, sentando no telhado.
— Como assim não? — A garota falou, ainda nervosa. — Eu... nem sei o que dizer.
— Eu também não. — Ela começou a bater levemente a testa na parede do prédio ao lado, como se aquilo pudesse fazê-la crer que aquele momento era real. Ainda não conseguia acreditar que estava falando com Adrien.
— E agora? — Sussurrou para si.
— Estou com a mesma dúvida. Eu... sinto muito, mas não vou conseguir lutar com ele agora. É... — Suspirou, não conseguia definir o que estava sentindo naquele momento. Era como se o mundo estivesse desmoronando sobre si.
— Eu entendo. — Ela lançou-lhe um olhar compreensivo.
Marinette demorou alguns dias para conseguir absorver aquela informação e nem era próxima de Gabriel. Não conseguia nem imaginar como Adrien deveria estar se sentindo. Saber que lutava contra o próprio pai durante todo aquele tempo deveria ser horrível, ver alguém que você admirava por toda sua vida se tornar um verdadeiro monstro não era fácil. Queria poder ajudá-lo de alguma forma, mas não havia muito a se fazer.
— Preciso de um tempo.
— Claro, tudo bem. Quanto for necessário. — Disse ela, se preparando para sair.
— Não, fique aqui, por favor.
— Eu? — Ele assentiu.
— Quem mais seria? — A garota sentou ao lado dele em silêncio e, para sua surpresa, o loiro colocou sua mão sobre a dela. — É muito bom saber que você está comigo. — Marinette sentiu uma dor no peito ao ver a expressão de tristeza no rosto dele.
— Me desculpa, eu devia ter te contado antes. Eu não... consegui. Você não devia saber desse jeito. — Ele a encarou, e a azulada pôde ver uma lágrima que se formava naqueles belos olhos verdes.
— Então era isso que tanto te incomodava, princesa. — Ela sorriu levemente com o apelido e o abraçou. Permaneceram dessa forma durante alguns instantes, em um silêncio que transmitia muitos sentimentos guardados. Até que o celular da menina indicou uma mensagem.
— Eu... preciso ir para a padaria, desculpa. Mas qualquer coisa, fala comigo, ok? — Ele assentiu e a azulada depositou um beijo na bochecha dele.


***

Marinette voltou para casa e ajudou os pais na padaria, sentindo um aperto no peito por ter deixado Adrien sozinho naquele momento, mas já tinha prometido a Tom e Sabine que cuidaria da padaria naquele horário. Além disso, ela sabia que Adrien precisava de um tempo sozinho para tentar absorver aquilo tudo, e ela também.
"É tão estranho pensar que, esse tempo todo, o Adrien era meu parceiro", pensava, mas foi interrompida pelas próprias lembranças. Quando fingiu que namorava Chat Noir e pôde conhecer um pouco mais do que o super-herói que via nas batalhas, chegou a gostar tanto de suas visitas ao ponto de imaginar que tinha algum interesse amoroso por ele. Sorriu ao lembrar de seu quase-beijo com o parceiro no quarto. Na época, tinha se assustado com a possibilidade — principalmente ao lembrar de quando enfrentou Chat Blanc — e ficado até confusa com os próprios sentimentos, mas sentia que, para iniciar qualquer tipo de relacionamento com o parceiro, deveria saber quem estava por trás da máscara e isso provavelmente a levaria àquele temido futuro. 
Lembrou também dos diversos momentos em que Adrien havia revelado o seu lado Chat Noir para ela. Suas piadas sem graça, as tentativas de aproximação, seu jeito convencido de falar... e percebeu que foi exatamente isto que a fez se apaixonar por ele novamente. Desde o fatídico dia do sorvete com Kagami, Marinette vinha se questionando sobre seus sentimentos por Adrien e percebeu o quanto aquele seu "amor" tinha se tornado uma obsessão em alguns momentos, notando que não conhecia tanto o garoto quanto imaginava. 
Ao abandonar as fotos no quarto e a agenda dele, substituindo pelas suas, percebeu o quanto aquilo havia sido importante para seu relacionamento consigo mesma e até mesmo com o garoto. Passou a falar de forma mais relaxada, e isso permitiu que finalmente conhecesse Adrien por completo.
Não mais o amava apenas por ser Adrien, o garoto dos sonhos de qualquer uma, mas também por ser Chat Noir, seu parceiro convencido e seu amigo incrível. Pensar nisso a fez sorrir, apesar de toda aquela preocupação com Hawk Moth.

Um Plano IrrecusávelHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin