Não sou imune ao anjo caído

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HERMIONE

Acordei desnorteada, e demorei um tempo para me lembrar de onde eu estava. Os acontecimentos do último dia se passaram como um jogo de flashes na minha cabeça, dando início a uma leve dor nas têmporas. "Banheiro dos monitores, hm", pensei, me lembrando daquela banheira super confortável, com águas quentes e coloridas.

Levantei da minha cama king size do meu dormitório individual de monitora da Sonserina e entrei no banheiro, cuja porta ficava de frente para a minha cama. O banheiro que eu dividia com Draco. Assim que entrei, olhei para a segunda porta, dentro do banheiro, que dava acesso ao seu quarto. Meus braços e pernas se mexeram, sem que meu cérebro pudesse controlá-los. Quando dei por conta, estava dentro de seu quarto, olhando-o dormir inocentemente na grande cama, sem camisa. Respirava vagarosamente, suas feições estavam leves. Estava de lado, de modo que eu via perfeitamente seu abdome e peitoral definidos e suas costas com duas grandes cicatrizes brancas, que conferiam um tom gélido a sua pele. Parecia cicatrizes de um anjo cujas asas foram cortadas assim que caiu do reino celeste. Cicatrizes de um demônio.

Piscando, percebi que não estava petrificada. Os monitores estavam imunes ao encantamento.

Mas eu sabia que, apesar de imune ao encantamento de me transformar em pedra, não estava imune ao controle que aquele garoto deitado exercia sobre minhas emoções.

Meu estômago revirou quando percebi que estava tão absorta em meus próprios pensamentos que não tinha reparado que Draco havia aberto os olhos azuis, que me encaravam minuciosa e marcadamente.

– Pode me esperar no banheiro, por favor? Estou pelado. - Ele deu um sorriso de lado para mim, metido e atrevido. Minhas pernas bambearam e meu rosto corou. Voltei ao banheiro e percebi que estava só com uma camisola velha transparente.

Entendi seu sorriso, e sorri também.

**

HARRY

– Bom dia, amor. - Gina me cumprimentou ao se sentar do meu lado na mesa da Grifinória, sorrindo alegremente.

– Bom dia, Ginevra. - Eu respondi distraído, olhando para as portas duplas, esperando por Rony. Não sabia nada dele, não tinha mais notícias sobre o meu melhor amigo e isso me corroía por dentro.

– Ginevra? HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Harry, que péssimo namorado você é. - Luna havia passado por mim, rindo. Gina saiu do meu lado e se sentou perto de Dino Thomas. Uma pontada de ciúmes me invadiu, mas logo deixei passar. Estava mais preocupado que Dumbledore duelando com Grindelwald.

– Sua atenção, por favor. - A voz de Minerva ecoou por todo o salão lotado. Nada de Rony e Hermione aparecerem... Nem Malfoy. - Hoje a noite, acontecerá o Grande Baile. Para isso, estou liberando todos vocês das atividades normais para que possam achar seus pares e se prepararem para a festa. Viagens a Hogsmeade acontecerão monitoradas a cada meia hora pelos professores, para que possam fazer compras. Novatos, venham até aqui por favor, vamos realizar a seleção de vocês... - Me desliguei ao vê-la pegar o Chapéu Seletor e colocar na cabeça do primeiro novato.

Saí correndo do salão. Precisava encontrar Rony.

**

DRACO

Antes mesmo de acordar, eu sabia o que me aguardava. De algum modo, eu sabia que Granger estava no meu quarto. E eu não odiei isso. Muito pelo contrário.

Abri os olhos, e a vi ali, boquiaberta e sorridente como uma dama do século dezenove, inocente e semi-vestida.

Coloquei minhas vestes pretas rapidamente, e abri a porta do quarto que dava ao banheiro que nós compartilhávamos, e ali estava ela, olhando para mim. Sem pensar duas vezes, agarrei a sangue ruim pela cintura e a puxei para dentro. Ela ergueu o rosto para ficar a minha altura, arfando.

Sorri, maliciosamente, e pressionei seu corpo contra o meu. Hermione arfou mais uma vez.

BAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAW!

O barulho me fez agarrá-la ainda mais, de maneira protetora. Quando olhei para trás, a parede da minha cama estava reduzida a pó, explodida.

**

RONALD

Acordei encostado na parede, sem ânimo, sem coragem de viver. Ainda estava com os restos chamuscados de um berrador nas minhas vestes, mas não me preocupei.

Olhei mais uma vez para o buraco na pedra, aquele que dava a um quarto imaculadamente limpo, e percebi que alguém dormia na cama, mas não reconheci quem era. Devia ser algum professor... Espera, aquela ali na porta era Hermione?

Cocei os olhos e observei mais uma vez. Definitivamente era Mione, observando alguém dormir, sorrindo feito boba. Sorri para ela, mesmo ciente de que ela não poderia me ver.

Ela se retirou, e eu parei de observar. Fechei os olhos, sentindo as batidas fortes do meu coração, apaixonado pela garota mais linda e inteligente do mundo. Limpei minhas vestes, sabendo que ainda a teria. Era também era apaixonada por mim, eu sabia.

UH! Era o som de alguém... sem ar, dentro do quarto? Estaria alguém passando mal ali?

Me sentei mais uma vez, e observei. Ver Malfoy abraçado a minha namorada liberou mais uma grande dose de veneno por minhas veias... Precisava de uma varinha... Precisava da magia...

Corri por todo aquele anexo, revirando gavetas, pastas, papéis...

Isso não era real. Não podia ser real.

Hermione era MINHA.

Malfoy era um homem morto.

Peguei o primeiro graveto que encontrei na gaveta da antiga escrivaninha de Snape, provavelmente uma varinha de algum estudante travesso...

– BOMBARDA MAXIMA! - A barreira entre mim e Mione fora destruída, estávamos juntos de novo.

– MIONE! - Eu gritei, sorrindo animadamente, mas Malfoy empunhou sua varinha contra mim, mais uma vez, entre mim e minha namorada.

– Está tudo bem, Draco... - Ela disse, e ficou ao lado dele. - Ronald, abaixe essa varinha.

– CLARO QUE SIM, AMOR! VEM AQUI! - Mas não esperei que ela viesse até mim, fui ao seu encontro, tentando beijá-la, mas ela me deteve com seu dedo indicador espetando meu peito.

– Ronald, não. - Hermione soou cética.

– Não? Somos namorados, Mione... - Eu choraminguei.

– Está acabado, Ronald. - Suas palavras foram como um soco na boca do meu estômago, e minha visão inteira se embaçou. É culpa dele...

Culpa do riquinho do Malfoy... Mas isso não ficaria assim, afinal, eu era um bruxo. Tudo tinha solução.

Apontei minha varinha para Hermione mais uma vez, apertei seu cabo contra a palma da minha mão, sentindo a conexão que estava sendo criada entre nós. Mentalizei Obliviate e apenas esperei o feixe azul claro sair pelo cerne, apagando todas as memórias recentes de Mione.

Nada de Malfoy. Não mais.

O Ofício do Dragão - DramioneWhere stories live. Discover now