Capítulo 6

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Março se aproximava, trazendo de volta o calor do verão, e eu retornei ao meu túmulo para aguardar sua chegada.

Ao final de abril, o Festival Qing Ming chegava ao fim. O número de pessoas que vinham ao cemitério diminuía, mas eu não vislumbrava nenhum sinal de sua presença.

A espera me deixava ansioso, e minha mente se enchia de possibilidades, até mesmo imaginando a pior delas: talvez seu pai soubesse do nosso encontro e não permitisse que ele viesse mais aqui. Ou pior, algo poderia ter acontecido com Than.

Contudo, afastei esses pensamentos e tentei me consolar, argumentando que estava supondo demais, ou que talvez ele estivesse enfrentando algum problema que o impedia de vir.

Mas, quanto mais eu tentava me acalmar, mais suspeitas surgiam. Se algo realmente tivesse acontecido, toda sua família teria vindo até aqui...

A inquietação crescia com cada pensamento. Finalmente, decidi me acalmar e cessar essas divagações, pois nada de útil resultaria delas.

A cada ano, aguardava com ansiedade sua chegada ao cemitério, e em alguns momentos, pensamentos inquietantes me assaltavam. Às vezes, até mesmo considerava seguir seus passos.

Essa ideia permeava meus pensamentos, mas jamais desejei realmente concretizá-la. Queria apenas poder ir para a casa dele com ele, mesmo que nosso encontro se limitasse a uma vez por ano, pois tal desejo estava além das minhas possibilidades como espírito.

Além disso, desconhecia se seria capaz de entrar em um carro ou sentar-me nele, uma vez que tanto humanos quanto objetos podiam atravessar meu corpo.

Mesmo com a esperança de vê-lo diminuindo a cada dia, mantive minha paciência, esperando calmamente por sua chegada.

Após o Festival Qing Ming, ninguém mais veio ao cemitério. Ainda assim, mantive a esperança de que ele aparecesse.

No entanto, após sete meses, pus fim à espera desesperançosa. Talvez a família dele não permitisse sua vinda. Embora a decepção me abatesse, recuperei-me como sempre fiz.

Estava certo de que ele não voltaria. Então, decidi distrair-me e explorar diferentes lugares, até que o próximo verão chegasse, e eu retornasse ao cemitério. Não sabia quanto tempo havia se passado.

Tentei não me fixar no tempo que passava, embora a diminuição no número de visitantes ao cemitério me lembrasse constantemente da passagem dos dias.

...

E então, pelo segundo ano consecutivo, ele não apareceu...

Antes, jamais estive assim, desperdiçando meu tempo tão preciosamente. No ano passado também estive esperando dessa forma, mas ele nunca veio. O tempo parecia verdadeiramente tortuoso, diferente do mero desperdício que experimentava constantemente.

Antigamente, nunca tive relacionamentos próximos com ninguém, pois sempre estava no hospital. Não possuía lembranças de sair e brincar com outras pessoas em diferentes lugares. Com o tempo, acostumei-me a viver em solidão, preferindo isso a estar com alguém.

Morar com outra pessoa era algo que considerava apenas por necessidade ou para atingir algum objetivo específico. Assim, vivo ou morto, apenas ele prestava atenção à minha presença.

Muitas vezes, considerava essa espera por alguém tão estúpida, mas, ainda assim, continuava a esperar como sempre fiz. Mesmo que na vida tenha enfrentado decepções inúmeras vezes, a realidade permanecia a mesma.

Contudo, não queria ficar decepcionado novamente. Quando percebi, ainda estava esperando por ele, estava indo para o terceiro ano. Embora o tempo tenha passado rapidamente, em meu coração, parecia ter sido uma eternidade.

Ele está vindo para mim (Novel PT-BR)Onde histórias criam vida. Descubra agora