7- Navegação Parte 1

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Oi, meus amores. Sei que tô sumida daqui, mas fiquei com pouco sem inspiração e consequentemente passei por algumas crises de existência por causa da quarentena e também falta de dinheiro.

Mas estamos de volta, só peço que tenha um pouquinho de paciência comigo.

Amo vocês ♥️

(...)

O desespero é um sentimento que pode deixar qualquer pessoa sem chão em poucos segundos. Ficar desesperado em uma situação complicada era normal para o ser humano, a adrenalina e noradrenalina geralmente sobem a níveis alarmantes e pensar em soluções acaba se tornando a coisa mais difícil do planeta.

Era exatamente dessa forma que Bianca se sentia ao ver que o pneu do carro alugado havia furado na metade do caminho de volta para o porto. Se perdessem a partida do navio, estavam literalmente ferradas. Todos seus pertences e de suas amigas estavam a bordo, sem contar que não saíram com dinheiro suficiente ou cartão para uma passagem aérea.

- E agora? - Perguntou, os olhos arregalados.

- Dentro do carro tem um adesivo com o telefone da empresa de aluguel - Manu se abaixou ao lado do pneu murcho, tentando encontrar alguma solução impossível.

- Certo, encontrei, mas meu celular não funciona aqui - Thelma olhava para elas de dentro do carro, estava sentada atrás do volante.

- Tenta usar o meu - Mari tirou o aparelho da bolsa no banco de trás e entregou para a professora. - Ele pega em qualquer lugar da Europa.

- Você é maravilhosa - ela riu e pegou o aparelho.

Logo estava falando com o atendente pelo telefone, em um inglês totalmente arranhado e bagunçado, mas no fim o rapaz acabou entendendo o que havia acontecido e avisou que mandaria um reboque para buscá-las o mais rápido possível.

- Me dá aqui - Bianca falou em português e tirou o celular da mão dela. Em seguida mudou o idioma. - Nós temos horário para sair do porto, por favor, não demorem.

E encerrou a ligação, entregando o aparelho de volta para a dona. Por um breve segundo, seus olhos se encontraram e Bianca desviou antes que a intensidade a perturbasse ainda mais. O que restava agora era esperar, por isso permaneceram do lado de fora do carro e conversaram durante todo o período do tempo de espera.

A irlandesa olhou em volta e fez uma careta. Estavam no meio do nada. De ambos os lados só havia mato e plantações, nada mais que isso. Já passava de uma da tarde e a cada segundo que se passava, elas ficavam cada vez mais nervosa.

- Eu não acredito que estamos no meio do nada - Manu choramingou, sentada no capô do carro. - Eu odeio o meio do nada!

- Pode pedir para ela falar em inglês? A gente fica parecendo burra sem entender nada - Ivy cutucou Bianca.

- Agora vocês sabem como nos sentimos quando vocês começam a falar em italiano - a morena fez cara de deboche, mas acabou rindo no final. - Ela disse que odeia o lugar que estamos.

- Por quê? - Foi Mari quem perguntou.

- Porque não tem nada. Ela não é uma pessoa muito adepta a natureza.

- Eu ficaria horas aqui escrevendo.

- Você ficaria horas escrevendo em todo lugar, Gonzalez - Gabi implicou, o inglês carregado com sotaque francês.

A afirmação arrancou uma careta da escritora, o que fez com que caíssem na gargalhada. O clima acabou ficando um pouco mais ameno, embora ainda estivessem muito preocupadas com o fato de ninguém ter aparecido ainda para busca-las.

TransatlânticoWhere stories live. Discover now