8- Navegação Parte 2

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Eu só tenho uma coisa para perguntar. Preparados?

(...)

Bianca tinha uma política sobre ficadas de uma noite só. Geralmente saía com a garota para algum motel perto de onde se conheceram e no dia seguinte ia embora - as vezes até na mesma noite. Não se viam mais depois disso, em todas as vezes. Raros foram os casos em que ficou com garotas mais de uma vez e mesmo assim nunca dava certo no final.

Embora não curtisse homens, sabia que as mulheres poderiam ser bem grudentas. Sapatão em si era uma espécie que geralmente se casava depois do segundo encontro. Não queria isso para a sua vida, por isso os segundos encontros eram sempre evitados. Mesmo que o sexo tenha sido muito bom.

Mesmo tendo discutido a vida inteira com amigos a respeito disso e consequentemente tendo sido apelidada como Coração Gelado, incrivelmente agora se via nos braços de uma mulher que havia conhecido no dia anterior. Teoricamente seria um primeiro encontro, se ela não fosse comprometida.

Abandonando os pensamentos embaralhados e banhados em álcool, fechou os olhos quando calou a boca dela com a sua. Emaranhou os dedos nos cabelos lisos e castanhos e quase se derreteu ao senti-la corresponder depois de alguns alguns segundos inerte.

Mariana ficou surpresa com o beijo, pois jamais iria imaginar que a professora de dança agiria dessa forma. Nas vezes em que conversaram e até flertaram, ela se mostrou bastante insegura e confusa em relação a terem alguma coisa. Deixou claro que estava afim dela e que estava tudo bem em fazer isso, pois seu relacionamento com Ivy era aberto. Mas beijar... Beijos trocados era algo que não permitiam, porque as regras eram claras: sexo e apenas uma vez. Encontros românticos e beijos e abraços não era permitidos. Nenhuma troca de afeto muito calorosa ou demostrações de carinho.

Mas quando ela a beijou daquela forma, depois das palavras afrontosas, até tentou pensar por um segundo em não corresponder. Tentou mesmo, mas no fundo não conseguiu, se viu erguendo as mãos e puxando-a ainda mais contra seu corpo. Se é que era possível.

A sensação que sentiu quando suas línguas se encontraram foi indescritível. Foi algo que nunca havia sentido com outra pessoa, somente com Ivy, o que era muito esquisito. Já havia se envolvido com outras garotas fora do relacionamento e em nenhuma das vezes seu coração palpitou daquela forma.

Um pouco perdida em pensamentos e imersa em uma montanha russa esquisita de sentimentos que não conseguia entender, levou as mãos ao pescoço dela e sentiu a textura macia da pele alva, aprofundando um pouco mais o beijo antes de se afastarem com dois selinhos demorados.

Do momento em que começaram o beijo até alguns segundos após o término, parecia que não existia ninguém ali além de ambas. Toda a música alta, a gritaria, as luzes, pareciam ter desaparecido. Era como se o mundo tivesse apagado e em consequência as duas simplesmente estivessem protegidas dentro de uma bolha de ar, a prova de tudo que pudessem atingi-las de fora.

Então Bianca resolveu quebrar a magia ao se aproximar e sussurrar contra o ouvido da escritora:

- Desculpa, eu precisei fazer isso.

Mari descobriu naquele exato instante que queria beija-la outra vez, mas engoliu todo o desejo garganta abaixo e respondeu em um tom brincalhão:

- O álcool entra e a verdade sai.

Mas a morena de cabelos curtos não respondeu, apenas sorriu e tornou a segurar sua mão. Assim ambas voltaram para o local onde as meninas estavam dançando. Gizelly e Manu dançavam bem juntinhas enquanto Marcela, Ivy e Gabi faziam um sanduíche de Thelma, que ria sem parar, mas se acabava na dança junto com elas.

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