Capítulo 50: 'Fogo'

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/ Lisa /

Calor cobria minha pele, sentia que estava a ponto de derreter, mas soube que não era por causa de uma febre repentina quando senti o cheiro de fumaça e cinzas.

Acordei com os pulmões ardendo e o coração acelerado, meu corpo permaneceu inerte quando percebi o que estava acontecendo. Chamas subiam pela parede oposta do meu quarto, como rastros flamejantes até o teto. Parei de respirar, minhas mãos apertaram os lençóis da cama enquanto a adrenalina paralisava meu corpo ao em vez de me fazer correr.

Eu gritei, muito, porque não conseguia me mexer. Tudo se repetia. E no final, eu só queria minha mãe de volta.

O fogo continuava se alastrando pelas paredes, agora indo em direção ao chão. Não conseguia raciocinar por mais que tentasse, quando notei estava trêmula e chorando feito um bebê no chão, abraçando o livro da mamãe contra mim.

Socorro.

Quis gritar, mas a voz não saiu.

Ainda trêmula, fiz esforço para me levantar e correr. A fumaça já estava pela casa inteira e eu já mal conseguia trazer ar para os meus pulmões.

"Ninguém entra! Ninguém entra!"

Ouvi alguém gritar lá embaixo.

Tentei com desespero abrir a porta da frente com a chave, fazendo esforço para me acalmar quando ela travou na fechadura, tentei outra vez, sem sucesso.

- Abre... - Sussurrei, balançando a maçaneta. Abri as mãos, batendo contra a madeira da porta o mais forte que podia. - Socorro! - Minha voz saiu como um grito estrangulado.

Coloquei o ouvido na porta, mas não ouvi nada no corredor, tentei novamente abri-la, outra vez sem sucesso. Minhas pernas perdiam as forças.

- Ali! - Ouvi um grito distante.

- Tem alguém aí? - Ofeguei, batendo o mais forte que podia contra a porta. Ouvi barulho de passos correndo pelo corredor, assim como gritos de ordens.

- Sim, vamos derrubar a porta, se afaste. - Uma voz soou rápida e autoritária.

Fiz o que a voz mandou, me afastando o máximo que podia, então veio o estrondo, a porta caiu no chão com força e pelo menos quatro homens entraram em seguida.

Um deles me puxou para fora enquanto os outros três continuaram lá dentro, não olhei para o rosto do homem enquanto ele me guiava para a escada de emergência com pressa, só sei que seria eternamente grata a ele.

- Precisamos de máscaras de oxigênio! Ainda tem gente lá dentro! - Ele gritou de repente, foi então que notei que não estávamos sozinhos. Havia pelo menos mais três homens na nossa frente e um atrás. - Rápido! - Gritou.

Uma de suas mãos apertaram meu braço, como se ele estivesse garantindo que eu continuasse de pé, a outra cobriu meu rosto com uma máscara de oxigênio enquanto eu tossia e inspirava desesperadamente para conseguir trazer ar aos meus pulmões.

Ouvi um grito seguido de burburinhos de movimentação quando chegamos ao térreo, que estava lotado de garotas por todos os lados, umas chorando enquanto ligavam para os seus pais, outras ainda em choque, paradas e sem expressão. Meu corpo estremece e a tosse ataca mais uma vez enquanto ainda tento respirar melhor.

- Mantenha isso até se sentir melhor, vou chamar algum enfermeiro. Não saia daqui. - O homem sem rosto diz antes de desaparecer na multidão, foi quando notei ambulâncias por toda parte, no mínimo quatro.

Antes que eu começasse a sentir vergonha por estar usando pijama no meio do campus, preocupação me consome, ainda não vi Chaeyoung, será que ela está bem? Será que conseguiu escapar antes de mim?

𝐓𝐡𝐞 𝐆𝐢𝐫𝐥 𝐈𝐧 𝐓𝐡𝐞 𝐏𝐡𝐨𝐭𝐨𝐠𝐫𝐚𝐩𝐡 | 𝐋𝐨𝐧𝐠 𝐅𝐢𝐜Onde histórias criam vida. Descubra agora