13 de março de 1979

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Era uma terça feira calorenta, na pracinha uma sobra causada pela arvore tornava o banco um lugar fresco. Júpiter está sentado comendo de sua marmita, estou de pé acabei de sair do trabalho. Com as mãos para trás e fazendo gangorra com os pés.

- Está ansioso por que gajo?

- Apenas pensando...

- No que?

- Em você claramente...

Falo meio confuso.
Ele deu um riso.

- No que está pensando a meu respeito? - perguntou enchendo a boca com a colher.

- Me arrependi na nossa primeira vez por medo de você nunca mais falar comigo. Não sei se arrepender é a palavra certa, o senhor não acha errado?

- Não, não acho errado. Mas confesso meu caro, que também tive uma sensação semelhante quando você se retirou do meu carro naquela noite. Fiquei muito brabo.

- Já havia feito isso antes?

- Com rapazes?

Ele apontou a colher e me olhou somente com um dos olhos abertos. O reflexo do sol parecia incomodar sua visão.
Fiz que sim com a cabeça e me sentei ao seu lado de modo curioso.

- Sim. Antes de me casar. Um primo distante... sou um homem de 29 anos que... Aproveita bem as coisas. Acho que todo homem deve fazer isso as escuras.

Dei um riso.

- Você foi o meu primeiro.

- É, eu sei.

Ele terminou seu almoço, colocou a marmita e seu resto mortais dela ao lado. E virou a garrafa de agua por completo.

- Você gostou? - perguntei.

- Já falamos sobre isso. Eu adorei Luís.

Dei um riso.

- Terminou o almoço? - pergunto sabendo que sim.

- Sim.

- Não quer provar a sobremesa? - falei com uma cara sapeca.

Ele riu me encarando. Eu nunca pensei que flertaria com outro homem.

- Luís, não me atenta, sabe que tenho pouco tempo.

Ele gostou de eu ter o provocado.
E eu gostei de flertar com ele ali.
Ele se aproximou do meu ouvido.

- Sabia que gosto de comer essa sobremesa como se fosse ultima refeição que eu fizesse?

- Então deixa para outra hora, quero ser devorado aos poucos e lento.

Ele riu ficando vermelho.
Eu dei um riso, também fiquei envergonhado de minha audácia.
Naquela noite fui a sua casa, era uma noite especial, haveria um eclipse lunar iriamos assistir juntos, ou pelo menos essa era ideia, mas bastou pouco tempo para notarmos estar sozinhos, e repetir a dose de amor em sua cama. Dormir junto dele, desta vez "dormir".

Eu agora entendo o significado da palavra "dormir com alguém" pois não dormimos de verdade. Nem assistimos e eclipse. Tudo naquele momento sozinho era menos importante que nossos corpos conectados, novamente juntos. Fizemos coisas de outro planeta novamente. Revelamos nossas galáxias, ele me agitou em seus lençóis e me fez brilhar feito uma estrela, pegar fogo.
Júpiter sabia transar, e eu sabia o imitar, e talvez no final ambos de nós tínhamos algo para ensinar um ao outro. Aos nossos corpos. Pela primeira vez eu havia dormido fora de casa, fora de meu quarto, disse a minha mãe que haveria um show na noite anterior, mas o que ela não sabia é que esse show era composto somente por uma dupla e sem plateias, também sem roupas, sozinhos em um quarto fazendo coisas de outro mundo.
Foi melhor que no carro. Mais doce.
O modo como ele me deitou e se colocou em mim durante a escuridão da noite, sua mão grande em meu pescoço e os gemidos.

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