Capítulo 32

1.4K 149 17
                                    

Minha mente aos poucos foi recobrando a consciência, ao mesmo tempo que uma onda de dormência  atingia meu torço e pernas. Me mantive de olhos fechados por um bom tempo para deixar meu corpo descansar e para ouvir atentamente o que três  vozes femininas diziam. Eu sei que na hora que eu abrir os olhos e meus carcereiros notarem minha consciência, possivelmente podem me interrogar ou só brincarem comigo.

- Essa garota não acorda? Tenho mais o que fazer.

- Vai então, ninguém está te segurando.

- É, e eu só vou ficar sem a minha parte do serviço. Né?

- Continua não tendo ninguém te segurando.

- Calma garotas, vamos sentar e pintar as unhas enquanto esperamos ela acordar.

- Não. É a gente que manda aqui e não  estou com saco para esperar. Ela vai acordar agora - Escuto antes de sentir uma descarga elétrica  percorrer meu corpo - O neném acordou, viu. - Abri os olhos vendo a moça negra que possuía uma cicatriz.

- Não vou mentir, foi eficiente. Quer uma estrelinha? - Diz a loira vendada.

Eu olhei entediada para elas, meus membros estavam amarrados com cordas molhadas e eu estava em um cômodo escuro e sujo cheio de caixas de madeira.

- Eu pensava que você mordia, ou até  latisse. Por que está quieta? - Diz a morena

- Criando cenários  de como vocês morrerão por me sequestraram. - Digo simples ainda analisando o local e ouço suas risadas.

- Boa resposta. Mas vamos a pergunta de ouro, quem é você? - A morena diz lixando as unhas.

- Vocês não sabem quem vocês atacam e sequestram? É no aleatório por diversão? Que bagunça. - Digo jogando minha cabeça  para trás e a negra segura ela com as duas mãos atrás de mim, ela sustentou minha cabeça e logo um arrepio doloroso percorreu meu corpo da cabeça  aos pés - S...ua... v...adi...a - Exclamo com dificuldade em manter a voz

Eu senti todos os meus músculos se contraírem, me fazendo quase entrar em desespero quando a contração dos músculos do meu pescoço fechou minhas vias respiratórias. Como consequência, minha boca começou a ficar seca.

- Lição do dia, procuramos pessoas exclusivas para vende-las para o melhor comprador. Perguntamos e você responde com sinceridade e foco, senão há  consequências. Entendeu? - Diz a negra que solta minha cabeça bruscamente.

- Se você fizer parte de uma família grandiosa, a vendemos para eles por um bom preço. Se tiver algum dom extraordinário e exclusivo a leiloamos virtualmente para qualquer interessado. Se for uma pacata qualquer, há quem queira se divertir com seu corpo, senão... - A morena dá a continuidade para a loira

- Deixamos você escolher seu destino por pena de ninguém se interessar por você. Pode escolher entre morrer sendo comida para algum animal - A loira diz e levanta um dedo - passar seus últimos minutos lutando por algum oxigênio debaixo da terra - levanta outro dedo - ou sendo queimada para você poder purificar qualquer pecado que tenha cometido. - Outro dedo.

- Nossa, quanta generosidade. - Digo de cabeça baixa e a negra novamente segura minha cabeça porém com mais força dessa vez.

- Sem gracinhas, quero voltar a dormir, abre a boca.

- E eu quero voltar a minha busca. Não é justo que eu atrapalhe seus planos depois que você atrapalhou os meus?

- Aprenda, o mundo é injusto. Só  lamente e segue com sua vida. - A morena diz bem na minha frente  encarando meu rosto - Que rosto angelical, né garotas? Não gostei. Pele macia, olhos azuis esverdeados, lábios  rosados. Tsc, tsc. Tem algo ou alguém  importante para negociar com sua vida? - Eu não  disse nada, pois sabia que a resposta seria não - Jeito difícil? Jeito difícil. Sabe o que acontece se energizarmos essas cordas? - Ela me pergunta levantando o indicar que estava com a ponta vermelha - Quer descobrir?

A Loba SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora