Capítulo 54

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Dominic Montenegro

- Obrigado. - Pronunciei a moça que me serviu um café.

O sol já estava descendo o seu arco e eu ainda estava enfurnado no escritório de Patrick colhendo dados. Ele estava checando acontecimentos suspeitos em sua região enquanto eu estava junto a Rafaelo pesquisando sobre o massacre ocorrido com a Annie, ele na central e eu aqui.

Quando um artigo é sigiloso ou confidencializado, principalmente naquela época, as informações era armazenadas em um arquivo físico. Na alcateia das Carolinas não há nenhum registro, por isso ser obra do meu pai deve estar na minha ou picotado pela raiva do meu pai.

Meu coroa nunca foi fácil de lidar, eu pensava que toda a sua amargura e postura rígida eram educativos, um exemplo que eu deveria seguir para me tornar um bom líder. Essa conclusão se fortalecia quando eu via a diferença de seu comportamento para mim e Daniel e com a Dayane. Era seu jeito de dizer que homens deveriam ser fortes, seguros de si e confiantes, principalmente seus filhos, sangue do mais puro, egocentrismo e prepotência eram critérios básicos para ser um bom governante. Aliás, éramos os filhos excepcionais da Deusa, seus representantes, nossas palavras eram leis para os diluídos. Era clara a cadeia de comando pelo sangue.

Sangue era poder, poder deveria ser seguido.

Existe uma alcateia, longe da minha jurisdição e comando, que seguem o conceito primário dos lobos selvagens, o mais forte é o líder da matilha, sua palavra é lei. Ela se encontra no outro lado do oceano, a terra natal das bruxas e onde há infestação de vampiros.  Lá, um alfa pode ser desafiado ao se acreditar que não é o mais forte daquela região e o alfa não pode morrer antes da maioridade do seu primogênito, esse será morto se ainda não for forte o suficiente para se defender do assassino de seu pai. Ninguém irá ajudar, ninguém irá contra o assassino porque, por vencer o maior, ele seria o seu novo líder. São selvagens em um nível extremo. Descendentes de algum de nossos ancestrais que partiram cruzando o mar, provavelmente desertores ou criminosos.

Um lobo de verdade não abandona suas terras, nunca, ele luta até o fim para morrer no seu lar. Se somente espantar ele, ele irá retornar com sua matilha.

Refletindo sobre isso, levantei o rosto encarando Patrick Bouvier, parente de Violett Bouvier.

Um lobo de verdade não abandona suas terras. Então qual será a verdade? Considerando que a casa de um lobo é sua metade, ela desertou por isto, foi espantada de seu lar ou cometeu algum crime? Acobertou um pelo seu companheiro que não cheira bem?

- Patrick - Ele levantou o olhar - Sem minha esposa aqui, poderia me contar a história de Violett. Por que ela desertou? - Ele soltou o lápis que segurava e se jogou para trás na cadeira.

- A resposta exata é um enigma para mim também, não era nem nascido. Pelo longo da minha vida, eu somente tinha conhecimento que Antônio havia a sequestrado, pode ser que não tenha sido a força e sim pela ingenuidade de minha tia. Sempre contaram coisas boas sobre ela.

- Então ela realmente só saiu com seu companheiro por boa vontade? Sem pressão dele ou amargura dessa família ou alcateia?

- Está insultando minha casa? - Levantou o tom

- Estou supondo realidades que podem ter ocorrido. Não conheci ela e boatos não são fatos, são aparências. Falar que um terceiro disse algo não é relevante para se entender o ocorrido. Quero encerrar essa página para minha luna, não deixar esse quebra-cabeça inconclusivo para ela.

- Infelizmente não tenho nada a declarar para ajuda-lo. O que tenho são expressões escritas por meu pai em seus diários.

- Ele tinha um diário? Quem escreve nessas coisas são geralmente mulheres - Franzo as sobrancelhas

A Loba SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora