Capítulo 33

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Abro os olhos lentamente sentindo tudo girar.

- Onde estou? - Falo baixo me vendo em um ambiente metálico

- Já acordou, que bom. - Diz ele de lado para mim encarando uma seringa com sangue.

Olho para baixo e me vejo ainda amarrada a uma cadeira.

Ótimo, lá vamos nós.

- O que está fazendo? O quer comigo? Me vender para os lacaios também? - Digo piscando para adequar minha visão.

Estando um pouco mais consciente, notei o forte cheio de sangue e carne no ambiente, o que estava me dando enjoo. Olhei para os lados vendo algumas peças penduradas. Por não sentir cheiro de pelo, eu risquei a possibilidade de estar em um matadouro e sim num armazém de mantimentos.

- Não, apesar que seria bom arrancar dinheiro deles, mas sei que não faria diferença e seria contra meus princípios. O que eu estou fazendo? Analisando seu sangue para saber seu parentesco naquele inferno.

- Conhece? - Digo o encarando enquanto estava de costas para mim, percebi que ele não usava mais a máscara.

- É, fiquei anos lá. - Responde dando de ombros e eu faço uma careta

- Fugiu? Como? Você só sai de lá em pedaços ou num saco preto.

- Você está aqui, não?

É, foi uma conclusão burra.

- O que quer fazer comigo? - Retorno depois de um tempo.

- Tirar informações de você sobre como está aquele local. Não é qualquer dia que tenho um fugitivo para dar informações. - Respondeu não me dando atenção e sim para seu computador

- Quer acabar com eles? Por que eu estou amarrada então? Você não gosta de lá, eu não gosto de lá, não vejo motivos para estarmos em lados opostos. Pode me soltar? - Digo esperançosa e ele vira o rosto me olhando entediado e logo volta a mexer no computador - Qual é. Eu quero libertar o pessoal de lá, mesmo não sendo minha atual preocupação, e vejo que você quer alguma vingança. Juntamos força.

- Obrigado mas passo. Meus planos são outros, o seu só estragaria.

- Virou um deles, né? Cretino. - Digo entre dentes e ele se vira para mim cruzando os braços.

Seus cabelos eram de um castanho médio, seus olhos, com bolsas arroxeadas, eram firmes e solitários por trás daquelas amêndoas. Sua postura ereta deu me a visão de uma cicatriz profunda em sua garganta até a clavícula me fazendo refletir em como ele havia chegado perto da morte.

- Quero acabar com todos os lacaios de Corfin e tudo o que fizeram e construíram. - Faço cara de desentendida

- Por que eu seria um problema então? Também quero a morte a todos os lacaios, mas antes disso preciso de preparação e recursos.

- Eles te fizeram, junto com centenas de outras crianças robóticas. Vocês não deveriam existir, são frutos de uma violência. - Diz seco sem um pingo de brilho nos olhos

- Se você veio de lá também é. - Respondo seca na mesma medida

- Não, não sou. Mas por minha causa muitos de vocês se originaram. - O computador faz um barulhinho e ele vai até lá mexer. - Lamento que você tenha passado por tudo isso.

- Do que você está falando?

- Sou seu progenitor, tem meu sangue. - Diz de costas para mim e eu arregalo os olhos.

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