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maratona 1/3

PATRICK DEMPSEY,
point of view

Ellen apareceu na minha vida no seu penúltimo ano de faculdade, eu estava à procura de uma assistente, já que a última tinha se apaixonado por mim. O que eu posso dizer, várias noites revisando manuscritos, um jantar aqui, um barzinho ali, uma coisa levava a outra. Só que com Ellen foi diferente, no dia da sua entrevista, eu tinha marcado um almoço com uns investidores e pedi que os concorrentes me encontrassem na cafeteria. Quando ela entrou no recinto, todos os caras – e devo arriscar algumas mulheres – tinham parado para vê-la passar, o que já era de se esperar, já que ela andava como se todos tivessem abaixo dela. Posso dizer que eu fiquei um pouco intimidado, mas mesmo assim continuei com a entrevista como se ela não tivesse tanto efeito assim em mim.

A entrevista tinha sido ótima, eu já tinha até separado o currículo dela para analisar, até que eu dei um sorriso de lado e coloquei a mão em cima da sua e momentos depois ela despejou todo o conteúdo do seu chá gelado na minha cabeça me chamando de imbecil, aproveitador e me mandando pro inferno. Ela saiu furiosa de dentro da cafeteria e eu posso confirmar que eu nunca ri tanto na minha vida, tanto que semanas depois eu a chamei para trabalhar comigo.

Por um momento, eu pensei que tinha perdido a cabeça por ao menos ter cogitado a ideia por tê-la como minha assistente, mas algo me dizia que ela não era o tipo de pessoa que eu não deveria deixar escapar. Aos poucos, ela foi me mostrando que eu tomei a decisão certa. Seus professores a encheram de cartas de recomendações assim como seus outros estágios. Ela nunca me pediu desculpas pelo chá que derramou na minha cabeça, nem mesmo depois que eu apresentei minha namorada para ela, e quando eu comentei, ela apenas disse que eu mereci e que da próxima seria café quente.

Nesses cinco anos trabalhando juntos, eu conheci muito sobre ela e vice-versa, posso até arriscar que viramos bons amigos. No começo foi difícil, Ellen só falava de trabalho comigo e nunca deixava escapar nada sobre sua vida pessoal, até que um dia, depois do expediente, eu decidi ir ao bar onde todos os meus empregados frequentavam depois do trabalho, apenas pra encontrá-la com o cabelo amarrado em um coque, rindo alto em uma mesa de bar. Todo mundo ficou sério depois de me ver, menos ela. Ellen expulsou um cara que estava ao seu lado dizendo que ele não queria saber sobre os seus sete cachorros e disse pra eu sentar ao seu lado. Foi naquele momento que eu descobri que minha assistente não me odiava do jeito que eu pensava que ela odiava, ela só era muito séria quando o assunto era trabalho. Aos poucos as coisas foram mudando e nossa relação foi progredindo, hoje posso dizer que Ellen é meu braço direito e eu confio a minha vida a ela. Era um relacionamento para a vida toda e eu posso afirmar que eu não imagino minha vida sem ela. Ela comemora as minhas vitórias do mesmo jeito que eu comemoro as suas, ela sabe dos meus piores da mesma maneira que eu sei dos seus.

E por isso eu estava pegando o avião direto para a cidade natal para passar o feriado com ela e sua família.

Quando ela atendeu, ela grunhiu tão alto que eu juro que até os monges dos Alpes mais altos ouviram e antes mesmo que ela pudesse me mandar pro inferno, eu disse que era um emergência e aterrissava na sua cidade natal em algumas horas. Ela não disse nada, só pediu o número do voo e disse que ia mandar alguém me buscar no aeroporto.

— É aqui, meu rapaz. — o motorista parou em frente a uma mansão. Eu sempre soube que Ellen vinha de uma família rica, também sabia que ela era muito apegada a todos e sempre que tinha tempo, vinha passar um tempo com eles. Ela nunca quis um centavo do dinheiro deles, sempre disse que preferia trabalhar pelo seu próprio dinheiro, mas eu sei que sua avó ainda mandava uma mesada mensal pra ela, mesmo que ela insistisse que não precisava. Ellen não gostava de contrariar a avó por isso doava uma parte do dinheiro pra caridade sem que ela soubesse. Ellen era uma daquelas pessoas que era toda durona e marrenta, mas tinha o coração mole, bastava só uma carinha de cachorro sem dono pra conseguir sua ajuda. E eu sabia fazer essa carinha como ninguém.

CHRISTMAS WITH MY BOSS | dempeo - concluídaNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ