[CONCLUÍDA] Como consequência de uma tragédia que colocou a sanidade de cada indivíduo direta ou indiretamente envolvido à prova, Lalisa viajou para o interior da Tailândia na intenção de se redescobrir, e Jennie resolveu passar um tempo indetermina...
"Yeah, I swear to God I'm trying, but I don't know how to be; how to be a good friend to me." - Sasha Sloan
(Sim, juro por Deus que estou tentando, mas não sei como ser; como ser uma boa amiga pra mim)
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LISA
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Nada doía mais do que ver minha garota chorar e saber que o motivo fui eu.
Nada.
Meu coração estava esmagado dentro do peito. Uma espécie de geleia borbulhante escorria ácida rumo ao meu estômago e contraía cada músculo e tendão, criando uma sensação de pura ansiedade, medo e vergonha que se espalhava por todo o resto de mim. Por cada poro, cada polegada do meu ser.
Meus olhos pareciam de vidro enquanto fixavam a mesma rosa branca que eu vim fixando desde que subi àquele quarto noite passada. Estavam vidrados naquele arranjo de flores que se amontoava com dezenas de outros pelo recinto.
Aquela que deveria amanhecer uma manhã feliz, com sabor doce e de futuro, tinha gosto ruim na minha língua. Gosto de tristeza e vergonha.
Nem mesmo a garrafa de leite gelado — da qual eu constantemente virava alguns goles —, era o suficiente pra dissipar aquele gosto e aquela sensação que me afogava por dentro. Nem mesmo a pesada colcha da cama dentro da qual eu me embrulhava era o suficiente pra afastar o frio que escorria através dos meus poros e adentrava meu corpo com brutalidade.
Jennie. Jennie tinha toda a razão quando puxou o braço do meu aperto e disse que eu estava prestes a dar vários passos pra trás depois de ter dado tantos adiante. Ela estava certa. Eu quase coloquei minha própria evolução à perder por um surto de raiva e descontrole. Logo quando estava começando a ficar de bem com meu corpo e minha mente, logo quando as coisas estavam começando a dar certo...
Me sentia envergonhada naquele momento porque não decepcionei apenas Jennie. Eu também me decepcionei. Antes eu nunca me importei com o que eu pensava sobre mim mesma, mas aparentemente me amar também significava me importar. Era novo, tanto o sabor quanto a sensação, então eu estava um tanto desorientada. Por tal motivo estava travada naquele loop de ficar encarando o mesmo arranjo de flores fazia horas. Estava tentando me acostumar com o gosto daquela nova realidade.
