Cap II

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POV

Taylor

Faye me tirava do sério há alguns anos, talvez desde que sua mãe a trouxe para Tulsa, mas foi durante a turnê antes do aniversário de treze anos do Zac que eu senti algo diferente. Falar com ela se tornou meu momento favorito do dia, e eu ansiava por voltar logo para casa.

Como de costume meus pais fizeram a festa Halloween "surpresa" para Zac, mas eu pouco me importei com aqueles rostos todos, eu queria ver ela... Só ela...

Me desvencilhei de todas aquelas pessoas e finalmente consegui enxergá-la, ela estava linda, o cabelo estava mais longo, ela tinha crescido uns bons centímetros também. Não segurei mais e fui ao seu encontro, a abracei com toda a vontade que tive esses dias. Olhei no fundo de seus olhos e disse que estava com muita saudade. Achei que ela me diria o mesmo, pela forma como me olhou ao chegar, porém ela não disse nada.

A gente vivia colado, fazia tudo junto, mas eu não tinha certeza de que ela sentia o mesmo por mim. Eu mesmo criei uma barreira entre nós dois por achar ela tão maravilhosa mesmo ela sendo três longos anos mais nova que eu.

Eu tentava levar minha vida, tentava o tempo não pensar nela, mas era difícil, ela estava em todo lugar. Eu morria toda vez que sentia seu perfume de cereja no ar, eu tentava disfarçar, mas eu chegava sempre muito perto pra senti-lo e gravá-lo para recuperar na memória mais tarde.

Ela continuava sendo meu maior desejo e ao mesmo tempo meu maior bloqueio, enquanto um bando de meninas da minha idade (ou bem mais velhas) me davam "atenção" , era nela em quem eu pensava todo dia ao acordar e antes de dormir.

Eu conseguia notar um ciúme no ar quando ela me via conversando com alguma menina, mas era tudo sempre muito sútil, eu não tinha certeza de absolutamente nada quando se tratava de Faye!

No aniversário de dezoito anos de Ike, do nada ela veio e me contou que tinha dado seu primeiro beijo... A cara de satisfação daquela garota era enorme, parecia que ela queria se vingar de todos os beijos que dei em outras bocas querendo beijar a sua. Parecia que ela sabia...Ela me contou para me provocar.

E ela não parou por aí, fez questão de me mostrar o garoto. Um pirralho! Me questionou que "se não fosse ele, seria quem, eu?" Isso quase me fez perder o controle e beijá-la ali na frente de todos, ela sentiu, fechou os olhos brevemente, mas eu sabia que não era o certo a fazer, não naquele momento.

No verão viajamos para a praia, toda a "família". Rebeca alugou uma mansão reservada que dava acesso a uma praia particular na Riviera Maya, no México. O lugar era incrível. Uma praia dos sonhos.

Os dias e as noites eram quentes, muito quentes. Passávamos o dia todo no mar, à noite saíamos para o Centro de Tulum, os meninos iam "disfarçados" era muito engraçado e divertido.

Taylor se aventurava com algumas meninas, eu via, mas ele negava. Isaac nessa época namorava uma garota de Tulsa, mas mesmo assim não evitava que ele ficasse com outras. Zac era minha companhia. Mas nós também arranjávamos nossas aventuras.Todos os dias eram assim. Muito sol, muita praia e muitas provocações entre nós dois. Nada mudava, indiferente de quantas bocas ele havia beijado.

Penúltimo dia de férias, eu estava deitada no gramado perto do esguicho que fazia uma leve garoa na grama e tocava meu corpo dando um alívio para o calor que fazia.

Estava lendo um livro quando vejo que ele havia acordado, estava parado no avarandado que dava para a praia, sei que ele me olha, o via de soslaio. Ele está sem blusa e de bermudas. Revira o cabelo e vem até mim.

- O que está lendo?

- Emily Dickinson...

- Super leve para essa manhã quente...

Ele fala irônico.

- São poemas?

- Sim Taylor, são... Você está atrapalhando minha leitura...

- Lê o seu preferido...Eu quero ouvir?

- Você nem gosta de poesia Taylor...

- Como não? Eu componho... Isso é poesia pura...

Ele estava certo, suas letras eram lindas...

- Você quer mesmo que eu leia?

- Sim, estou te pedindo!

Ele senta com as pernas esticadas, mãos apoiadas no chão, fecha os olhos sendo lambido pelo sol quente do México, aguardando que eu leia. Eu sabia qual poema gostaria que ele ouvisse. Eu já havia o escolhido há muito tempo.

" Vejo-te melhor no escuro,
A luz me é desnecessária
Meu amor por ti é um prisma
Que o violeta ultrapassa.
Vejo-te melhor pelos anos
Que entre nós fazem curvas "

Termino e o encaro. Ele me olha encolhendo os olhos por conta do sol forte.

- Você é realmente especial Faye. Nenhuma garota é como você.
Ele fala e se aproxima, colando uma mecha de meu cabelo que caíra de meu rabo de cavalo atrás de minha orelha. Ele repousa a mão ali por mais tempo que precisava. Eu sinto seu calor, ele está perto, sinto sua respiração. Zac aparece e somos retirados do transe.

"Droga, Zac!". Penso em silêncio.

Naquela noite resolvemos tomar um banho de mar de madrugada. Nossos pais estavam dormindo, saímos sem ser notados. Fizemos uma farra na praia. Foi muito divertido, eu adorava estar com eles. Isaac terminou seu mergulho e disse que ia encontrar uma menina que haviam combinado de se ver antes de irmos embora. Zac resolveu que ia dormir, estava cansado do dia todo de praia.

Ficamos eu e Taylor, isso era normal, não nos causava nenhuma estranheza, exceto pelo fato de que naquele instante as coisas iriam mudar, definitivamente.

⁃ Como sempre, nós dois!

Ele fala e joga água em mim.

⁃ Sim... Sempre nós dois.

⁃ Não marcou um encontro de despedida com ninguém,Taylor? Você já foi melhor hein!

Falo o desafiando.

⁃ Não tem ninguém que eu queira estar. Eu quero estar aqui, sei lá...

⁃ Esse lugar é muito incrível...

Falo analisando o horizonte.

⁃ Sim. Está tudo incrível...

Ele responde sério e lentamente se aproxima de meus lábios. Eu recuo, não esperava. Eu realmente não esperava.

⁃ Desculpa Faye! Me desculpa, eu não devia...

Ele fica sem jeito, achando que recuei por não querer.

⁃ Tá tudo bem, Taylor! Eu só não esperava, foi isso! Mas você devia sim...

Ele me encara, e se aproxima de novo. Mesmo toque, as bocas se conhecendo, aprendendo sobre a outra. As línguas se tocando pela primeira vez. Eu me derretendo por dentro.

Ele me aperta contra seu corpo. Foi o melhor primeiro beijo apaixonado que eu poderia ter tido. O mar morno, nossos corpos colados, nossas bocas se tocando. A lua como nossa testemunha. E a partir daquele instante, ela passaria a ter um significado maior para mim. Era a nossa lua.

❣︎

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OUTONO (CONCLUÍDA)Where stories live. Discover now