[EM ANDAMENTO] Taehyung era e sempre seria considerado um garoto problema. Sendo rejeitado por seus pais desde criança, o de fios escuros nunca teve muito apoio e quando acabou conhecendo pela primeira vez a tão perigosa e viciante heroína, o Kim te...
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Run away, but we're running in circles Run away, run away - Circles, Post Malone
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Desceu do ônibus assim que avistou a rodoviária indicando que aquele era o fim de uma viagem cansativa de cinco horas. Esticou os braços preguiçosamente e sentiu os ossos da coluna estalarem um por um devido as longas horas na mesma posição no banco duro que o ônibus de viagem disponibilizava. Fazer o quê, Taehyung não havia pensado ou pesquisado sobre várias companhias e o quão confortáveis poderiam ser os estofados de outros ônibus mais caros.
Na verdade, Taehyung tentou pela primeira vez não pensar em nada que não fosse fazer suas malas e pegar a primeira carona mais barata com destino a Seul.
Merda. Será que já é cedo demais para me arrepender?
Um dos maiores defeitos que poderia ter era sua irritante e constante insegurança. Não costumava ser tão cabeça de vento quanto imaginavam e, por mais que aquela situação que se encontrava tenha sido um claro exemplo do quão impulsivo ele poderia ser a ponto de decidir que estava cansado daquela vidinha e nos vinte minutos seguintes estar dentro de um ônibus com o intuito de começar uma nova vida em outra cidade, ainda assim, Taehyung perdia horas de sono pensando sempre o que deveria fazer.
Talvez aquele seja seu problema: pensar demais. E ele queria mudar aquilo, pois quanto mais refletia sobre todas as coisas que um dia fez, ele se sentia pior. Mas lá estava ele com a cabeça longe novamente.
Deveria seguir o conselho de sua irmã e se hospedar na casa de um desconhecido? O que faria agora?
Não tinha amigos ali, praticamente todos que conhecia estavam em Daegu nesse momento e não deviam imaginar que o Kim estava há bons quilômetros daquela cidade nojenta. O que diria aos seus amigos? E a seus pais?
Não que seus pais ligassem. Nunca se importaram com o filho mesmo.
Sua irmã mais nova, Yeeun, era a única que sabia de seu paradeiro. Para sua sorte, a garota não o impediu de fugir, e aquilo era o que antes mais temia. Porque se ela pedisse para que ficasse, ele ficaria. Mas Yeeun sabia que Daegu era pequena e sufocante demais para o irmão, e mesmo com lágrimas nos olhos e o medo correndo por suas veias, ela entregou o endereço de um amigo residente em Seul e deixou o maior sair, acobertando sua fuga com a esperança de que tudo fosse melhorar.
Por fim, resmungou alto o suficiente para que os outros passageiros que estavam descendo do ônibus escutassem e digitou uma mensagem simples a irmã apenas para acalmá-la momentaneamente. Conversaria melhor em outra hora.
Taehyung: |Estou bem. Quando puder, te ligo.
Sentia medo de falar com a Kim naquele momento e ela começar a chorar. Taehyung não conseguia suportar qualquer coisa que atingisse sua irmã. Já tinha causado tanta dor de cabeça a ela, não queria atrapalhar ainda mais. Ele precisava ser forte e manter o foco, que era não desistir e voltar para Daegu, para sua vida antiga e cheia de julgamentos. Não queria aquilo de forma alguma. Não poderia mais aguentar ser alvo de olhares carregados de repulsa toda vez que saísse de casa. Já era mal olhado em sua própria residência, fora dela então.
