Prolog

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Abril de 1998

-CHAMEM O LORD! - Bellatrix Lestrange tinha se animado ao notar os convidados repentinos que chegavam na Mansão Malfoy naquele fim de tarde.

-NÃO! SÓ FAÇA ISSO SE TIVER CERTEZA DE QUE É POTTER! - Lucius, apesar de empolgado, era o mais centrado dos dois, tendo conhecimento do que sofreria caso estivessem errados.

-Draco, querido, consegue reconhecê-lo?

-Eu.... Não acho que seja.... - Draco sabia muito bem quem eram, mas não conseguia dizer a verdade. Se abrisse o bico, se tornaria um assassino.

-Bobagem! Aquela é a amiga sangue ruim dele!

O trio de ouro havia sido capturado horas antes enquanto estavam escondidos na floresta, fugindo dos comensais da morte. Eles tinham sido levados para a Mansão Malfoy, e por mais surpreendente que fosse, Draco Malfoy estava tentando ajudá-los, tirando o seu traseiro da reta, fingindo não reconhecê-los. Aquele não podia significar o fim para eles, tinham de ter uma chance de fugirem e invadirem o cofre dos Lestrange. Tinha de haver uma maneira.

Mas infelizmente aquela era uma realidade fantasiosa.

Harry e Rony foram levados para os calabouços, enquanto Hermione era torturada por Bellatriz Lestrange. Apesar dos seus gritos invadirem toda a casa por horas a fio, aquilo ainda não tinha acabado. Lord Voldemort tinha sido chamado e antes que os garotos conseguissem arrumar uma maneira de fugirem, Harry Potter estava morto.

-NÃO! - Hermione e Rony berraram ao ver o corpo de seu melhor amigo caindo sem vida no chão, ao som das risadas triunfantes de Tom Riddle e de seus comensais.

Harry James Potter estava morto.

Lord Voldemort tinha triunfado em seu plano de dominação inglesa - ao menos naquilo que o impedia há dezoito anos.

Ronald Weasley estava furioso e sem o seu juízo perfeito. Perdendo a sua cabeça, ele tentou atacar o Lord pelas costas - sendo alertado pelos gritos histéricos de Hermione. Em menos de um segundo ele jazia desmaiado no chão, desarmado e imóvel. Hermione ainda estava no chão, olhando para toda a cena com lágrimas e soluços saindo de sua boca, tentando arrumar alguma maneira de fugir com seus amigos - mesmo que fosse apenas para não permitir a permanência do corpo de Harry nos domínios das trevas - mas nada vinha a sua mente. Todos estavam em êxtase para darem alguma importância para a garota, que aparentava estar destruída demais para tentar alguma coisa.

-Quais são suas ordens, Milorde? - Bellatriz estava deslumbrante, com brilho nos olhos e sorriso maníaco. - Potter e seus amigos não irão nos interferir nunca mais!

-Precisamos tomar algumas providências antes de comemorarmos, Bella. - Voldemort falou com voz mansa. - Certifiquem-se que a sangue ruim não escape nem veja a luz do dia até segunda ordem. Ah, também prendam o traidor de sangue.

Quando mãos fortes levantaram Hermione pelos braços, ela voltou a gritar.

-Não, não, NÃO! ME LARGUEM, ME LARGUEM! - Ela esperneava, agarrando-se a qualquer centelha de esperança de que fugiria. - VOCÊS NÃO PRECISAM DE MIM! ME LARGUEM!

-É aí que a senhorita se engana. - Tom Riddle dirigiu-se pela primeira vez a ela. - Agora que tudo está acabado, preciso de você para servir de exemplo aos outros imundos que poluem a nossa comunidade mágica.

-O que vai fazer comigo? - O medo estampava a sua voz.

-Primeiramente, garantir que não tenha mais acesso a sua varinha. Bellatrix....

A bruxa tomou a varinha de Lucius com propriedade e a quebrou na frente da garota, rindo quando uma nova corrente de lágrimas caiu de seus olhos.

-Agora.... Vocês devem voltar ao lugar que pertencem. Toda magia será apagada da sua memória e esquecerá que é uma bruxa, nunca mais irá colocar o pé no mundo mágico.

-Vai apagar a sua própria memória? Você não é puro sangue, é filho de um trouxa! - Ela gritou a plenos pulmões, recebendo um forte tapa em seu rosto, junto de outra maldição cruciatus.

-AAAAHHHHH!!!! - Os comensais que a seguravam impediram que ela se jogasse contra o chão frio para acalentar as dores.

-Aproveite seus últimos momentos por aqui, sua imunda.

Hermione e Rony foram carregados para o calabouço, deixando os mais velhos em festa no salão - com um Draco apavorado no canto. O corpo de Harry continuava jogado junto com o de Dobby no centro da sala, como se não fosse nada. Aquilo revirava o seu estômago e seu coração, ele tinha esperanças que o trio conseguisse vencer o Lord das Trevas, que ele conseguiria escapar de tudo aquilo, mas agora sua vida estava perdida.

Ele seria obrigado a permanecer naquele antro de perversidade até o fim de seus dias.

***

Dezembro de 1998

A Inglaterra bruxa estava devastada. Trevas e escuridão dominavam cada partícula de magia existente por toda a sua extensão. Desde que o corpo de Harry Potter foi exposto no Ministério meses antes, tudo havia ruído. Tomando abertamente o controle do Ministério e escola de Magia e Bruxaria, Voldemort tinha poder sobre tudo e todos.

Harry Potter não teve o descanso merecido ao lado de seus pais. Não, ele foi dado como jantar para Nagini em praça pública, horrorizando ainda mais toda a comunidade. Minerva McGonagall havia sofrido um ataque cardíaco mas muito embora tenha se recuperado, desejava que não o tivesse. Todo o plano diabólico de apagar a memória de nascidos trouxas abalou toda a sua escola, com crianças e adolescentes gritando em pânico com a chegada de comensais para tal feito, mas meses depois quando o resultado mostrou-se ineficaz, medidas mais severas foram tomadas.

Voldemort os considerava como escória da sociedade, piores até mesmo do que elfos domésticos - já que eles ao menos eram criaturas de sangue mágico. Com um decreto, as memórias pararam de serem apagadas, já que eles mereciam sofrer muito mais, obedecendo aos seus superiores. Hermione Granger tinha sido a primeira a sofrer intensos obliviates em praça pública, enfurecendo os comensais quando nada daquilo funcionava. Pensando ser culpa de sua mente brilhante, eles a torturavam até a exaustão, quando novamente tentava obliviá-la, mais uma vez sem sucesso.

Foi exatamente por isso que dias antes do natal de 1998 Hermione foi retirada de sua prisão, sendo obrigada a um destino muito mais cruel: todas as bruxas de sangue sangue trouxa entre os dezoito e trinta anos que ainda não haviam escapado do mundo bruxo, seriam escravizadas. Aquilo tinha inspirado a fúria de Hermione Granger, mas não era aquela a reação esperada do Lord. Querendo fazê-la sofrer, ele acrescentou a palavra sexualmente no decreto, criando um harém para comensais. As lágrimas de terror que brotaram mais uma vez na garota haviam ganhado o dia do bruxo, deliciando-se com o medo que conseguia.

Os de sangue trouxa abaixo dos quinze anos foram expulsos de Hogwarts, com suas varinhas quebradas. O homens entre os dezoito e cinquenta anos tornaram-se servos, com pena de morte para os que tentassem escapar. Hermione tentou inutilmente tomar a sua vida naquele fatídico dia, porém ninguém estava disposto a lhe ajudar com aquilo.

Os Weasley's haviam sido perdoados por terem sangue puro, mas impedidos de tentarem recuperar a amiga sangue ruim. Aos prantos, Rony e seus irmãos não viam outra alternativa senão saírem o mais rápido possível do país, enquanto ainda conseguissem passar pelas fronteiras.

Por mais que doesse em seus corações, não havia escapatória para Hermione. Era uma luta por suas vidas, que infelizmente morreriam caso tentassem resgatá-la.

Ela nunca desejou tanto conseguir ser obliviada.

SpasenieWhere stories live. Discover now