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Pela primeira vez dentro de meses, Louis tinha sua cabeça quase cem por cento no lugar. Não estava mais tão confuso quanto a tudo, ele sentia-se como se finalmente tivesse conseguido desvendar pelo menos a base da grande incógnita que era Harry.

A história sobre a adolescência do garoto o importunou por horas ao chegar em casa, depois daquela tarde que passou com ele. Pensava em cada palavra dita sobre o passado do mais novo e em como tudo isso afetou o seu presente. O fato dele ter tido uma recaída com certeza era o mais assustador. Louis gostaria de saber sobre o passado de Harry, de entendê-lo, mas não esperava a informação de que aquele vício o perseguiria até hoje. É muito mais complexo do que qualquer coisa que ele já imaginou.

E agora ele refletia sobre tudo e pensava sobre as últimas falas do garoto, sobre ele ter que ir embora e o questionamento que fez a Louis em relação a ele esperá-lo ou não.

Louis tinha certeza que o amor que sentia por Harry era mais forte do que qualquer coisa, mas se perguntava: "Iria conseguir segurar essa barra?" "Esperar o garoto por tanto tempo e se envolver com ele a fundo mesmo sabendo sobre todas as suas instabilidades?"

Pensando com o emocional falando mais alto, sua resposta sem pensar duas vezes, era positiva. Seu amor era tão forte a ponto de esperar o tempo que fosse preciso, e com certeza não se importava em se envolver com alguém tão instável.

Mas se fosse pensar pelo lado racional, ele sentia-se confuso. E se levasse anos? Eles conseguiriam manter os sentimentos da mesma forma? Louis seguraria essa barra? E quanto às instabilidades de Harry, seu sentimento maior era medo. Ele tinha medo de não saber lidar com alguém como ele, com todas essas questões que o envolviam...

Louis precisava imediatamente falar com alguém. Precisava de conselhos... E ninguém melhor para isso do que uma única pessoa.

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Assim que desceu do ônibus em frente ao asilo, respirou fundo e andou até a recepção. Ao entrar encontrou Dafne lá, e essa o encarou surpresa.

─── Ué, mas hoje nem é quarta-feira. ─── Falou num tom de estranhamento.

─── Pois é... ─── Ele coçou a nuca. ─── Eu vim sem o Harry na verdade... A senhora Amy está?

─── Está sim! Pode ir lá. ─── Respondeu sorridente.

Louis assentiu e entrou no local, seguindo até os fundos do asilo onde ficava o grande gramado ensolarado e vendo ao longe a senhora Amy, como sempre sozinha em um dos bancos, vestindo um grande chapéu que a protegia do sol forte.

Se aproximou com as mãos no bolso da calça de moletom, um pouco encabulado por estar chegando assim tão de repente e sem aviso.

─── Oi, senhora Amy. ─── Ele chamou a atenção da idosa, que teve que erguer o rosto e apertar os olhos até que o reconhecesse, e então abriu um sorriso desdentado direcionado a ele.

─── Garoto, você por aqui? Onde está o Harry? ─── Indagou, enquanto Louis se acomodava ao seu lado no banco.

─── Ele não veio hoje... E nem sabe que eu estou aqui. ─── Mordeu o lábio inferior, um pouco nervoso, e então a encarou de forma um pouco receosa. ─── Eu vim atrás de alguns... Conselhos.

─── Então veio ao lugar certo! ─── Exclamou com um sorrisinho convencido e as sobrancelhas erguidas. ─── O que você precisa, menino?

Ele engoliu em seco e sentou ao lado dela, demorando um pouco até começar a falar, já que queria pensar nas palavras certas que usaria.

─── Bom, é que... Senhora Amy, se a senhora amasse muito alguém e soubesse que essa pessoa além de exigir tratamento especial por algum motivo, vai ficar por tempo indeterminado longe de você, a senhora esperaria pela pessoa mesmo assim? ─── Indagou um pouco hesitante, vendo a idosa o analisar cuidadosamente com a mão apoiada no queixo.

𝐕𝐄𝐍𝐔𝐒, 𝗅𝖺𝗋𝗋𝗒.Where stories live. Discover now