Capítulo 24

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Pov Lorena

Acordei no dia seguinte meio tonta, a claridade entrando pela fresta da cortina queimava meus olhos, me senti um pouco nauseada. Não queria admitir mas não tinha mais pra onde correr: Estava de ressaca, uma das clássicas, suspirei. Mais uma vez eu tinha ficado bêbada, mesmo isso sendo pecado e super errado. A pior parte era que mesmo sabendo que nada que eu tinha feito era certo... Eu não conseguia deixar de achar que ontem a noite foi simplesmente incrível.

Eu lembrava de tudo, desde o dormitório jogando verdade ou consequência até... Aqui no dormitório, raspando meu cabelo. Passei a mão pela minha nuca estranhando a falta de cabelo, achei que fosse surtar hoje de manhã, sabendo que tinha feito a coisa errada. Mas não era isso que eu estava sentindo, muito pelo contrário, eu me sentia incrível. Sei que essa coisa toda de raspar cabelo é loucura... Mas eu me sentia tão bem. Nem só pelo cabelo, tudo que tinha feito aquele noite era uma espécie de prazer culposo, só que no momento eu não me sentia mal, eu deveria me sentir mal?! 

Tentei alongar os braços, mas esbarrei minha mão com alguma coisa... Um alguém, na verdade. Meus olhos se arregalaram. 

Jade dormia profundamente, ainda com o biquíni de ontem, notei que também usava o mesmo maiô. Olhei em volta, esse não era o meu dormitório, esse era o dela. Minha barriga estava encostada na dela, meu outro braço meio que envolvia sua cintura, mas não com muito firmeza. Engoli em seco, eu tinha dormido com ela?! 

Não sabia como me sentir sobre aquilo, meu Deus, o que deu em mim?! Eu não posso ficar bebendo assim, olha o que eu tinha acabado de fazer! Sabia que aquilo era o suprassumo de todas as coisas erradas que eu podia fazer, dormir com uma garota. Mas mesmo assim, não havia desgrudado nossos corpos ainda. 

Seu corpo estava quente, ela roncava um pouco, dormia como pedra. Ri baixinho, não queria solta-la de forma alguma. Era errado? Sim. Eu ia fazer algo a respeito? Não mesmo. Então, mesmo consciente do peso de minhas ações, continuei ali abraçada a ela sem nenhuma intenção de solta-la.

— Bom dia, lobinha... — ela acordou eventualmente.

— Bom dia. — sorri, ela coçava os olhos com as palmas das mãos. — Também de ressaca?! 

Ela assentiu com a cabeça. 

— Um pouco... — murmurou. — Era esperado, depois de todo aquele vinho. — seu braço cobria seus olhos, ela o colocou por cima da cabeça e me olhou. — Mas valeu a pena.

Me aproximei dela, nossos rostos próximos e nossos olhos sem se desgrudar. 

— Com certeza. — respondi, sorrindo.

Ela retribuiu o sorriso e passou a mão por minha nuca vagarosamente, senti meu corpo gelar. 

— Ainda não to conseguindo acreditar nisso. — comentou. Era sobre o cabelo, pensei, sentindo meu corpo relaxar.

— Eu sei, tá?! — declarei, animada. — Mal caiu a ficha... É meio loucura, mas não arrependo. 

— Robbie tinha razão. — ela disse, brincando com mechinhas da parte ainda comprida de meu cabelo. — Você é genial. Geralmente garotas prendem o cabelo pra parecer certinhas, e soltam pra parecer rebeldes. Você vai ser a única que vai fazer o contrário. 

Dei uma risadinha. 

— Você tem razão. 

Nós encaramos ali, em silêncio, o quarto apenas parcialmente iluminado, a manhã calma de sábado nos indicava que não precisávamos sair dali tão certo, e pra falar bem da verdade, nem pretendíamos. A sensação de estar com ela era... Inexplicável, passava tanto tempo me culpando, me odiando que esquecia o quanto ela me fazia bem. Sua mão estava recostada no travesseiro entre a distância de nossos rostos, entrelacei minha mão com dela e puxei-a pra perto, dei um beijo nas costas de sua mão. Ela sorriu, eu não me sentia culpada naquele momento, estava feliz de estar ali com ela. Eu só queria que pudesse ser assim o tempo inteiro, eu só queria poder ter essa paz todas as vezes que estávamos juntas. 

Only God can judge youWhere stories live. Discover now