Capítulo 26

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Ainda não conseguia acreditar no que estava vendo, André estava ali na Brown, bem na minha frente, em carne e osso. Seu suéter azul bebê sobre sua habitual blusa social branca ainda era os mesmos, ele não tinha mudado nada, era quase como se eu tivesse esquecido como ele se parecia, até nesse momento todas essas memorias caírem sobre mim. 

— Docinho?

Engoli em seco. 

— André?! 

— Meu Deus, que saudade que eu tava de você! — ele se aproximou, me dando um abraço. — Como que você tá? 

— O que você tá fazendo aqui? — perguntei, direta ao ponto. 

Ele riu. 

— Não posso vir visitar minha namorada não? — brincou. — Tentei vir te visitar antes, pro seu aniversário, mas não tinha passagem.

— Nossa... — comentei, ainda sem reação. — Não precisava, sério.

E realmente, ele não precisava mesmo ter feito isso. 

— Claro que precisava! — rebateu. — Ah, e tem mais uma surpresa pra você...

— Outra?!  

Ele me puxou pelo pulso pra uma direção desconhecida da festa, demoramos um pouquinho até darmos de cara com minha outra surpresa. 

Cara, ele só pode tá de brincadeira comigo. 

— A gente se separou pra ver se te achava mais rápido. — explicou, apontando pra ela.

— Oi, Lorena.  

Forcei um sorriso.

— Oi, Débora. 

Nós nos encaramos por um segundo, eu não tinha deixado claro pro André como eu me sentia antes de sair da Yale, mas eu e a Débora tivemos uma conversinha antes de eu partir. 

Eu falei tudo que eu pensava pra ela (quer dizer, quase tudo) e ela ficou uma fera, disse que eu tinha inveja por que na verdade ela sempre foi melhor que eu, e eu meio que me apropriei desse discurso fantasioso dela pra explicar pra meus pais o motivo de eu querer me transferir pra Brown. Preocupada em ser a segunda melhor uma ova, estava era cansada de ter que lidar com essa megera todos os dias de minha vida.

— Você raspou o cabelo?! — Débora desdenhou, passei a mão pela minha nuca raspada e assenti, suspirando. — Ficou horrível. 

Revirei os olhos. 

— Vai se ferrar. 

— Vai você. — rebateu. — Pelo menos não sou eu que estou parecendo uma prostituta barata.

Olhei feio pra ela, sem saber o que dizer, ela também não disse nada. Bufei, eu não acredito que essa... desgraçada está aqui. O clima pesou entre nós, André resolveu se intrometer. 

— É... Ok, nós não viemos aqui SÓ por que era seu aniversário. — admitiu

— E por que mais? 

— Desde aquele dia que você me ligou, dizendo que sentia falta da Yale eu fiquei pensando... — contou. — E eu e a Débora discutimos, conversamos com seus pais, e viemos aqui pra tentar te convencer a voltar! 

— E eu estou preparada pra você me pedir desculpa, quando estiver pronta. — ela cruzou os braços, a trança castanha-avermelhada enorme caindo pelo seu ombro direito.

— Te pedir desculpa?! — Dei uma risada abafada. — Realmente, acho que você surtou. 

— Quem você pensa que é pra falar assim comigo?! 

Only God can judge youOnde as histórias ganham vida. Descobre agora