6. OBSTINAÇÃO

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EMMA

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EMMA

— Seus pais morreram como Emma? — Daniel perguntou para mim, entre uma ligação me fazendo olhar para ele com um lápis na boca.

E não pude deixar de notar o olhar direto em meus lábios quando fiz aquele movimento tirando o instrumento colado a eles. A compressão do lápis em meus lábios o havia deixado vermelho, eu já podia ver nos olhos de Daniel os pensamentos evidentes que aquele movimento deixava estampado naquele momento..

— Em um acidente na rodovia, perto da entrada da cidade. — Meus pensamentos foram para longe tentando puxar algo em minha memória que pudesse servir para contar todo o acidente.

— Sinto muito, deve ter sido muito difícil. — Daniel disse para mim com olhar mais tranquilo e mais ameno do que o habitual dele.

— Não me lembro do acidente ou do dia do acidente Daniel, mas deve ter sido muito pior para o casal do outro carro e para o motorista do caminhão.

Daniel olhou para seu celular vibrando me chamando atenção para ele e como eu estava muito próximo, consegui ver Rachel escrito e não deixei de notar que algo o incomodava e que ele recusou a chamada. Daniel parecia não querer se incomodar naquele dia com os habituais chiliques da ex mulher, eu já havia presenciado algumas discussões deles, o deixando na sala sozinho enquanto ia para fora conversar com o policial Wilson ou o tenente Gomez. Não me sentia confortável em participar daquilo, ou de saber mais do que eu queria na verdade.

— Nós não tivemos muitos acidentes por aqui, deve ter sido algo muito noticiado não? — ele franzia a testa quase como querendo puxar algo na memória.— Me lembro de algo assim....

— Deve ter sido algo muito noticiado sim, mas eu e minha irmã éramos muito pequenas quando tudo isso aconteceu.

— Esse acidente me parece familiar... — Daniel olhou para mim novamente e disse. — me desculpe Emma...

— Não precisa se desculpar, você não matou meus pais... — tentei forçar um sorriso.

Uma ligação e uma nova situação.

— O que houve Hamm? — perguntei enquanto percebi Daniel anotando um endereço em um pedaço de papel, sua feição era de preocupação.

— Uma denúncia anônima sobre um possível suspeito do caso de Chloe Blackcrow.

Eu já me erguia da cadeira puxando minha jaqueta escura de nylon, verificando minha arma no coldre, sob o olhar evidente de Daniel sobre mim.

— Não vai colocar o colete? — Hamm olhou para mim, com aqueles olhos como se estivesse me punindo por algo e, reparando que enquanto ele colocava o seu, eu ainda não tinha sequer cogitado vestir o meu.

— Não acho necessário Hamm, é só uma denúncia. — me virei não querendo ouvir Daniel. Mas não consegui sair pela porta, pois Daniel me segurou pelo pulso me puxando de volta.— Além do que me aperta muito. — Fui surpreendida com aquele gesto dele.

NOS BRAÇOS DE UM POLICIAL ( Degustação)Where stories live. Discover now