Capítulo 1

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Noah sorri largamente assim que abre os olhos e vê a luz de um novo dia embeber no quarto de cor azul claro. Ele estica o corpo fazendo assim toda a preguiça ser expurgada de seu corpo.

Assim que ele estica tanto o corpo que quase pôde ouvir o som de estalar na coluna, ele levanta de sua confortável cama e estica os pés ao lado do colchão. Seu cérebro ainda está nublado de sono, mas assim que ele vê outra cama arrumada do lado da sua, ele salta tão rápido que por pouco não escorrega no tapete embaixo dos seus pés.

Como ele pode quase ter esquecido que hoje seu novo colega de quarto iria chegar no orfanato? Isso era quase como um grande marco para Noah.

Noah sempre teve uma alma feliz e amigável, mas digamos que as outras crianças do orfanato não são tão amigáveis quanto ele. Como cada uma das crianças do lugar tem o seu determinado "problema", todos são mais reservados e preferem viver em suas próprias bolhas. Noah não entende isso. Por que eles não podem simplesmente esquecer seus problemas e tentar serem felizes com o que tem? Por que não agradecem que estão vivos?

Noah é mudo desde que nasceu, mas isso nunca o desanimou ou o retraiu. Então por que os outros não podem fazer o mesmo?

Noah puxa seu IPod e coloca os seus fones de ouvidos. Quando a melódica música penetra em seu cérebro, ele se vê pronto para este grandioso dia. Balançando o corpo, Noah se aproxima da cama que será de seu novo amigo com a intenção de arrumá-la.

Ele abre a cômoda que se encontra entre as duas camas e puxa um cobertor bonito. Ele então começa a forrar a cama até agora a pouco desforrada. Ele dá tapinhas no travesseiro o deixando mais cheio e confortável.

A música Brother começa a surgir pelos fones e Noah, mesmo que não fale, mexe a boca de acordo com que as palavras de música iam fluindo.

Ele ama música, ama fazer mímica sempre que ouve uma música que gosta começar a tocar. Lhe dá a impressão de que é a sua voz, e não a de outra pessoa.

Lhe dá a impressão de que ele é normal...

Quando termina a cama, ele fica parado e encarando e imaginando coo deve ser seu novo amigo. Será ele de pele morena? Pele clara? Terá olhos castanhos ou azuis?

Noah não consegue ficar menos animado com a percepção de um novo amigo; Claro que existe a possibilidade de que o novo amigo sena como todos os outros do orfanato. Preso em seu próprio mundo isolado dos outros. Porém, dessa vez, Noah não vai deixar que seja assim.

O novo menino será a primeira pessoa que compartilha um quarto com ele desde sempre. Afinal, Noah está no orfanato desde bebê, graças a sua mãe que não passava de uma criança quando ficou grávida dele, sendo assim, não achava que podia cuidar de uma vida. Ele pode dizer que é um tanto solitário. Mas isso vai mudar hoje.

Pulando como um canguru, Noah larga seu IPod em cima de seu travesseiro e caminha até a porta. Seus pés andam quase correndo pelo longo corredor em direção a entrada do orfanato. Sua animação está tanta que ele quase não ouve Krystian o chamar.

Krystian é uma das poucas crianças do lugar que ainda se dão ao trabalho de conversar duas palavras com ele. Ele para em suas trilhas e se vira para o menino mais baixo.

Noah abaixa a cabeça e o vê em sua rotineira cadeira de rodas. Krystian pode andar, mas, segundo ele, é doloroso demais se manter em pé, então ele está sempre sentado nesta cadeira. Krystian, diferente da maioria das crianças do orfanato, tem uma família que o ama, e Noah pode ver como é difícil quando seus pais vêm vê-lo e quando chegar a hora de ir embora. Seus pais o amam, mas sabem que Krystian é mais bem cuidado em um lugar criado exatamente para pessoas como ele.

Entre o Silêncio e a Escuridão • Adaptação NoshWhere stories live. Discover now