Entre o Silêncio e a Escuridão • Adaptação Nosh

Capítulo 6

1 semana depois...

- Podemos ir ao parque – a menina de 10 anos, Sofya, sugere com um brilho no olhar e recebe bufadas épicas dos meninos mais velhos. Por mais que todos sejam chamados de "as crianças do orfanato", existem adolescentes de 15 e 16 anos vivendo ali, os mesmos que se acham velhos demais para irem a um parque infantil e estúpido.

- Você e a sua amiguinha pirralha nem deveriam estar aqui, muito menos querendo dar opinião – um dos mais velhos, Bailey, resmunga no fundo com o punho segurando o queixo. As crianças menores, Sofya e Hina, começam a reclamar e logo os mais velhos se juntam na discussão.

- Vocês querem calar suas malditas bocas antes que nos peguem? – disse Lamar exasperado e irritado. Todos se calam e apenas jogam olhares conhecidos uns pros outros – Vocês nem deveriam estar planejando algo assim, querem realmente que nos peguem como se fossemos um grupo de assassinos de aluguel que planeja matar o presidente?

- Quase não saímos desse lugar e a diretora, junto com os coordenadores, vai sair para uma reunião na cidade vizinha, é o momento perfeito para darmos uma saída rápida. Não vai ter problema – Bailey afirma aos outros, aproveitando seu status como mais velho e, de certa forma, mais "responsável".

- E se nos pegarem? – pergunta um dos garotos apreensivo.

Sair do orfanato sem supervisão é altamente proibido, mas eles também nunca tiveram a oportunidade de tentar tocar a liberdade, não sozinhos. Com a saída da diretora e dos coordenadores, seria o momento perfeito.

- Não vão, só se um de vocês nos dedurar – os olhos de Bailey se viram para Josh e Noah que acabam de entrar na sala com a testa franzida totalmente fora da conversa – Bom, pelo menos um de nós não pode nos dedurar.

Ele resmunga olhando para Noah e zombando de sua mudez.

- Não seja idiota, Bailey – diz Any ao seu lado com um olhar duro para a grosseria do garoto mais velho – Por que Josh não decide para onde vamos? Ele é o garoto novo e todos aqui já vivemos no orfanato por anos. Acho que ele ganhou o direito de decidir.

Josh franze a testa, seu rosto girando para todos os lados como se buscasse a resposta para o que está acontecendo. Noah aperta a sua mão e encara todos com o rosto enrugado. Ele começa a sinalizar com a língua de sinais, feliz que todos ali foram obrigados a aprender também.

- Decidir o que?

- Planejamos deixar o orfanato por algumas horas, sabe, aproveitar a liberdade por um tempo – responde uma menina mais velha.

- Como? E os seguranças no portão?

- Vamos pular o muro, Noah. Será apenas nós. Vamos sair e voltamos rápido – o apenas "nós" que Any menciona são Lamar, Bailey, Sofya, Any, Sam, Sabina e Hina. Todos menos Sofya e Hina tem mais do que 14 anos.

Noah morde o lábio e encara Josh que permanece calado com o rosto no que seria a sua direção. Ele está apreensivo e Noah sabe que é porque tem medo de Noah decidir se juntar ao garotos "fugitivos" e esquecer seu pobre e chato amigo cego. Noah não planeja sair do orfanato e ficar nos perigos das ruas junto com um bando de crianças. É perigoso para todos. Por isso, ele tenta pará-los e fazê-los reconsiderar seu plano louco.

- É perigoso e...

- Não enche, Noah. Você não precisa ir, ou melhor, você não é bem vindo para nos acompanhar. Como planeja levar o chiclete que não desgruda do seu braço? Eu não vou ficar de olho no seu amigo ceg...

Noah o impede de terminar seu discurso maldoso com empurrão forte no peito de Bailey. Fúria é plantada nas suas entranhas acabando com sua paciência. Seus punhos apertados estão segurando a gola da camisa de Bailey na parede. Ele gostaria de dizer tanta coisa para o menino ridículo, mas infelizmente ele não pode.