Noah caminha ao lado de Josh em direção ao refeitório. Noah não acha que Josh se sente confiante o suficiente para fazer isso sozinho ainda, e Noah não se incomoda nada com isso. Na verdade, fica mais aliviado. Assim ele sabe que o menino mais baixo não se perdeu e está assustado em algum corredor do orfanato.
Fazia dois dias desde aquela noite em que Josh teve um ataque de pânico. Noah entende completamente como é. Ele entende como é tentar fazer algo que nasceu para fazer, mas não consegue.
Deve ser aterrorizante tentar ver e não conseguir, e o máximo que Noah pode fazer é dar apoio e conforto ao loiro. Ser um ombro amigo, um companheiro.
Eles caminham felizmente até longas mesas em que várias crianças estão se alimentando, quando alguém bate no ombro de Noah quase o derrubando.
Josh se assusta e gira o rosto para todos os lados em busca do interrompido repentino. Noah aperta o maxilar quando vê na sua frente o idiota do filho da diretora. Ryan.
O garoto tem pelo menos quatro anos a mais do que ele e nem deveria estar ali, ele não tem deficiência alguma, só surge para importunar as crianças do lugar. Noah não entende como uma mulher tão doce quanto a diretora tem um filho tão babaca. Deve ter puxado do pai. Vai saber.
- Urrea, finalmente encontrou uma namorada – ele aponta para Josh que está congelado em sua posição de antes. Ryan enruga o rosto enquanto observa atentamente Josh. Ele estica a mão e bate com a unha duas vezes no óculos dele com a expressão divertida e atrevida. Noah rosna com a intromissão ao seu amigo e isso ganha a atenção de Ryan. Ele ri alto.
- Own, o pequeno Noé está protegendo sua namoradinha cega. Que adorável – Ryan ri e achando a oportunidade perfeita para irritar Noah, ele agarra a bengala de Josh e a joga longe. O som do metal batendo no chão é alto fazendo todos virarem para eles – Ele não precisa disso, certo? Ele tem o Noah Lancelot.
Ryan ri alto depois de ver o olhar assassino que Noah lhe jogou. Noah pode aturar que Ryan o perturbe, mas ele não vai deixá-lo perturbar Josh, isso ele não vai suportar. Sentindo a adrenalina e a raiva tomarem conta dele, ele avança para cima de Ryan, e o empurra com força, fazendo-o perder o equilíbrio e cair no chão.
Ryan ofega enquanto cai e geme de dor assim que sua bunda bate com força no piso obviamente duro. Ele rapidamente olha para Noah e rosna. Ele se levanta do chão e caminha furioso para cima de Noah.
- Agora você vai ver seu pequeno...
- RYAN.
Noah suspira aliviado enquanto observa a diretora caminhar com um olhar nada feliz para o seu filho. Ryan se encolhe ao ouvir o grito de sua mãe e rapidamente empalidece.
- Sim, mãe – ele diz com a voz trêmula. A diretora o pega pela orelha e Noah quase sente pena por Ryan. Aquilo deve estar doendo – AU, mãe.
- Já avisei para não mexer com as crianças – ela grunhe ainda apertando a orelha do filho. Todas as crianças observam a cena enquanto seguram suas próprias risadas – Você vem comigo. Vamos conversar.
Noah vê quando Ryan engole em seco, seu rosto sem qualquer cor. Algo lhe diz que isso não será apenas uma "conversa".
A diretora encara Noah e Josh e sorri suavemente.
- Não se preocupem, ele não vai mais incomodá-los. Agora vão comer – ela olha em volta do refeitório – Todos vocês.
Todas as crianças voltam a encarar seus pratos, enquanto isso a diretora sai, carregando pela orelha um Ryan chorão. Noah ri, mas quando olha para Josh seu sorriso congela.
Josh está completamente pálido, suas mão estão tremendo e Noah pode ver lágrimas assustadas caindo de trás de seus óculos escuros. Ele está a ponto de transbordar, apenas está se segurando. Noah rapidamente o puxa para seus braços e o segura. A cabeça de Josh vai ao seu pescoço, onde se esconde dos olhares das outras crianças no refeitório. Noah não entende por que essa reação, mas agora tudo o que faz é consolá-lo.
ɤ ɤ ɤ
Noah e Josh estão ambos em suas camas. Já eram pelos menos onze da noite, mas Noah não consegue dormir. E ele tem certeza de que Josh também não.
Depois do episódio no refeitório, Josh se recompôs e não quis falar sobre isso. Eles simplesmente comeram e terminaram o dia como se nada tivesse acontecido. Noah não o pressionou para falar e ele também não pretende fazer isso.
Botar isso para fora é escolha de Josh, e só de Josh. Noah vai esperar, ele pode dar todo o tempo do mundo ao menino loiro.
- Tá acordado? - a voz de Josh interrompe o silêncio oco do quarto quase assustando Noah – Se tiver, bate duas vezes na madeira da cama.
Noah bate duas vezes e logo a reação de Josh é suspirar. Ele se vira na direção de Noah, e é quase como se ele pudesse vê-lo. Isso traz borboletas na barriga de Noah. E Noah gosta disso.
- Eu sou estúpido, eu sei. Você não deveria ter que aturar a minha merda – Josh resmunga. Noah pode ver a luz na sala, e isso traz um brilho único aos olhos azuis de Josh. É lindo.
Noah como resposta bate uma vez na madeira da cama. Se duas batidas é sim, uma deve ser não. Ele pode jogar esse jogo.
- Eu tenho esse... esse pânico em mim, sempre que me sinto ameaçado. Eu simplesmente travo e só... só choro como uma menina – Josh funga, seus olhos girando em suas órbitas sem nenhum ponto fixo. Tudo o que Noah quer é ir até a cama de Josh e abraçá-lo. Amigos fazem isso... certo?
Noah bate uma vez.
- Isso é um não? Tô confuso – Josh ri, e droga se esse sorriso não o faz derreter como um picolé no sol.
Noah bate duas vezes.
- Ok – Josh responde e se acomoda ao seu lado tentando ficar o mais confortável possível – Depois que eu fiquei... bem, tudo me faz sentir medo. Eu sinto que a qualquer momento um buraco escuro vai me engolir – Josh continua – Então, sentir a ameaça e não a ver, me faz sentir tão impotente. Eu não consigo me defender, e apenas...
Noah levanta da sua cama e caminha em direção a cama de Josh, ele se deita ao lado de Josh sem pedir permissão e pega a mão do menino mias baixo. Noah entrelaça seus dedos nos de Josh e apenas ficam em silêncio. Apenas sentindo o toque suave de suas mãos.
Ambos estão virados para o teto, suas mãos ainda juntas. Josh escolhe esse momento para falar.
- Obrigado, No. Por... só... – Noah vira seu rosto para o de Josh, enquanto observa o menino gaguejar. Ele não se controla e avança, lhe dando um beijo gentil na bochecha. Assim que se afasta ele sente seu rosto esquentar. Por que ele fez isso? Amigos fazem isso? Josh permanece quieto e segundos depois, um sorriso surge nos lábios dele.
***
Vcs não imaginam o prazer que é estar de voltaKKKK
Não sejam babacas que nem o Ryan, crianças.
Espero que tenham gostado, não esqueçam de comentar e votar! 🖤
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Entre o Silêncio e a Escuridão • Adaptação Nosh
FanfictionNoah é um garoto de 14 anos que mora em um orfanato para crianças especiais desde bebê. Ele não fala, mas isso não interfere em nada na sua natureza energética e feliz. Josh é um menino de também 14 anos, tímido e retraído, não costuma confiar em qu...