Primeiro e Último

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- Larga a arma - rosnou Alex, com a arma encostada à cabeça de Lex.
- Sabes, Alex. O nosso nome chega a ser parecido - comentou Lex, enquanto puxava lentamente o gatilho da sua arma provocando Alex.
- Eu disparo primeiro se não largares a arma - bateu com a pistola na cabeça de Lex fazendo esse cair desmaiado no chão.
- Kara, estás bem? - Alex, questionou enquanto se agachava ao meu lado.
Olhei para ela percebendo que a mesma falava alguma coisa, porém não conseguia ouvir nada.
- Consegues perceber-me? - Alex, analisou-me detalhadamente e reparou nos fios de sangue secos que tinham escorrido das minhas orelhas - Hmmm, provavelmente vais ficar surda até isso se curar com a super velocidade - 
Desviei o olhar dela para a minha perna, que latejava de dor, reparei que havia vestígios de uma substância verde e raspei essa com o meu polegar, a dor aumentou repentinamente e a pele do meu polegar ardeu como fogo. Grunhi de dor - Que merda é esta? - Não me apercebi que estava a gritar, até reparar que Alex assustou-se com o meu tom de voz. 
- O Lex pensa que és a Supergirl, então ele deve de ter colocado Kriptonita nas balas. Não te preocupes, isso em ti não provoca qualquer efeitos - Alex, murmurou encarando-me enquanto eu tentava processar o que estava a acontecer, pensando não ter percebido bem o que li nos lábios dela.
- O que disseste? - questionei, levantando-me teimosamente do chão, com as poucas forças que me restavam.
Alex imitou as minhas ações e colocou-se à minha altura - Eu disse que o Lex pensa que és a Supergirl, então ele deve de ter colocado Kriptonita nas balas. Só que isso em ti não provoca quaisquer efeitos -
E é nesse momento que eu começo a stressar, algo não está certo e eu já não consigo pensar direito. A minha cabeça começa a latejar com a sensação de parecer que estou enfiada num pesadelo da qual não consigo sair. Fecho os olhos com força, quando sinto que o que está ao meu redor começa andar às voltas e a única coisa na qual consigo pensar é em correr o máximo que consigo para longe de tudo e de todos.
- Kara? - ouço um assobio como se viesse de longe, soa como a voz de Lena. Abro os meus olhos e reparo que estou caída de joelhos na varanda de Lena - Oh Meu Deus, tu estás bem? - Lena rapidamente corre na minha direção e agarra-me nos seus braços antes que eu desfaleça ali mesmo no chão.
- Eu não consigo ouvir-te muito bem - murmurei contra o pescoço de Lena, sentido os meus lábios secos rasparem no pescoço dela. Inalei o seu perfume, deixando o mesmo escorregar pelas minhas narinas, e deixo-me por um segundo relaxar na sensação de conforto nos braços dela - Algo não está bem -
- Que algo não está bem eu já consegui perceber - Lena desfaz lentamente o abraço e os seus olhos navegam ao longo da minha silhueta analisando os meus ferimentos. A maioria já fechados e curados, exceto o lugar onde a bala arranhou - Isso é Kriptonita? - Falou sozinha enquanto apalpava suavemente à volta da marca da bala para se certificar que a mesma não tinha entrado na minha perna, contudo, sem se aperceber tinha rastos de Kriptonita nos dedos e apalpa numa zona aberta da ferida, fazendo-me contorcer de dor.
- Estás louca? - Afastei a minha perna por reflexo das mãos dela enquanto resmungava de dor. 
- Desculpa, foi sem querer. Devíamos de te levar de volta para o D.E.O - Lena, coloca o meu braço ao redor do seu pescoço com intenções de me arrastar juntamente com ela, porém a impeço.
- Eu não quero ir para o D.E.O, por favor ajuda-me tu - Implorei, com uma notável relutância em ir para o D.E.O e Lena sem questionar assentiu.
- Vamos ter que ir para a ala médica e terei que te fazer análises, está bem? - soou mais como uma questão do que afirmação, parecia que Lena estava a pedir-me autorização.
- Está bem - concordei e com a ajuda de Lena ergui-me ficando de frente para a mesma - Obrigada pela ajuda -
- Só não me assustes mais assim, eu não sei o que aconteceu, mas parece que foi grave - Lena encosta suavemente a testa dela na minha enquanto escorrega o polegar pela minha bochecha.
Aproveitei a caricia de Lena como desculpa para a afogar num abraço quente, para minha infelicidade foi neste momento que admiti para mim mesma que eu estava a desenvolver sentimentos por ela sem sequer me aperceber - Não foi nada demais, não te preocupes. Agora vamos lá tratar da minha perna -
Seguiram para o laboratório de Lena, na qual Lena rapidamente tratou de retirar a bala da minha perna.
- Obrigada por tudo - murmurei, deixando o meu olhar ser guiado pelos passos de Lena que observava, em silêncio, as análises que fizera ao meu sangue.
A testa de Lena estava franzida, em confusão, enquanto analisava os dados fornecidos pela análise ao meu sangue. Em preocupação, levantei-me cuidadosamente da cama, a ferida já tinha melhor aspeto agora que a bala foi removida e finalmente estava a recuperar, mas ainda ardia.
Parei junto de Lena e curvei-me perante o equipamento das análises assustando Lena - Porra! -exclamou - Assustaste-me, Kara - resmungou, com a mão colada ao peito.
- Desculpa - um sorriso amarelo escapou-me - O que estás a ver? - questionei, com a curiosidade a bater-me nos lábios.
- Nada de mais, só a ver se te estavas a recuperar rápido. Pensava que seria tão rápido quanto o Barry - exalou lentamente, fintando-me de sobrancelhas erguidas - Vais ficar colada a mim o dia todo? - questionou, num tom divertido.
- Quê? - perdida nos olhos de Lena, finalmente acordei apercebendo-me do quão próxima estava dela. Recuei dois passos com a vergonha a esmurrar-me violentamente no rosto ao ponto de sentir o sangue a ferver nas maças da minha cara - Desculpa de novo -
- Não precisas de desculpar-te - Lena encontrava-se de súbito ao meu lado. Os meus olhos fecharam-se quando senti o toque dos seus dedos sensíveis a seguir a linha do meu maxilar, descendo pelo meu pescoço e parando um pouco acima do meu peito.
- Lena - afastei-me, abrindo os olhos e recompondo-me.
Os olhos de Lena abriram-se na luz fraca.
- Kara, porque é que te afastas sempre se queres tanto quanto eu? - inspirou fundo com a expressão do seu rosto indecifrável.
- Porque Lena, eu eventualmente irei voltar aonde eu pertenço. Tu na minha Terra és uma empregada de mesa num café que eu frequento, tu aqui és alguém diferente, com uma vida diferente e realmente pertences aqui, mas para mim a tua versão que faz parte da minha vida está lá - afastei-me dela, sentindo-me uma idiota por ter que ser tão direta.
Lena, em silêncio, avançou o passo que eu tinha recuado. Ergui os olhos para os dela, que teve a coragem de se aproximar um pouco mais - Kara, tu tornaste-te alguém aqui no momento em que colocaste os pés nesta terra e como sendo alguém aqui tu fazes parte da vida dos que te rodeiam - disse ela, com a mão frouxa a segurar o meu pulso.
- Não podemos fazer isto - disse eu, a voz baixa para não tremer.
Lena, determinada em tentar fazer-me mudar de ideias, puxou-me levemente contra ela - Por favor -
- Lena, basta - disse eu, com a voz rouca. Eu tinha receio e ela sabia-o - Tu estás confusa -
Lena deixou um pedaço da sua desilusão escapar juntamente com um suspiro. Derrotada soltou-me do aperto - Kara, tens que parar com isso. Eu gosto de ti e eu não estou confusa, eu gosto da Kara Allen, a única que está confusa aqui pelos vistos és tu - 
- Eu... - sem palavras, observei Lena agarrar no seu casaco com intenções de abandonar o espaço - Lena, espera - capturei a sua mão e com delicadeza cruzei os meus dedos nos dela - Eu também gosto de ti - 
Lena, astutamente analisou as feições do meu rosto, queria ter a certeza de que não era uma partida da minha parte. Com audácia, capturei o seu esguio corpo nos meus braços, porém, na hora de juntar os nossos lábios hesitei - Primeiro e último? - murmurei, sentindo a respiração de Lena bater contra a minha boca. Concordou antes de fechar o espaço entre os nossos lábios.
O toque suave dos seus lábios contra os meus era divino, estranhamente familiar, ainda assim apenas conseguia focar-me nas sensações que faziam o meu ser derreter neste momento. Lena, enfiou os seus dedos ao longo do meu couro cabeludo, arranhando levemente, à medida que aprofundávamos o beijo.
Senti algo molhado cair nos meus lábios, tinha um gosto salgado. Lena estava a chorar, pelo que interrompi o beijo sem pressa - Desculpa, é que é a segunda vez que fico sem ti - disse ela, entre as lágrimas que invadiam os seus olhos cristalinos.
- Não tens que te desculpar -
Ouvi o clique da porta a abrir e Lena desvia o olhar para encontrar Jess - Peço desculpa, Sra. Lena mas tem uma reunião daqui a quinze minutos, era apenas para relembrar - comentou, estranhando o ambiente pesado que fui nublando aquela sala.
- Certo, dá-me cinco minutos que eu vou para lá - Lena, retornou a apanhar o seu casaco e acenou-me com a cabeça para a seguir. Jess entretanto abandonou o compartimento antes de nós.
- Eu já tenho o novo protótipo quase terminado, daqui a uns dias poderás regressar a casa - por fim, desviou os seus olhos do meu e caminhou até à saída.

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NOTAS

Então... Desde já peço desculpas por parecer que abandonei a fic, mas eu passei por imensa coisa este último ano, tal como todos/as vocês, espero que compreendam que este capítulo também não está o melhor, todavia isso é por um único motivo, eu vou apressar o final pois eu quero que vocês tenham um, vocês o merecem e eu não quero abandonar realmente esta fic sem o seu merecido final, pelo que já só falta mais um capítulo, então tenham atenção que ele está para sair em breve ;)

Até à próxima.

Perdida entre terrasOnde histórias criam vida. Descubra agora