Capítulo 14

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AMÁLIA

Após todo o ocorrido da noite anterior, eu fiquei no quarto de hóspedes. Assim como Alex falou, a roupa de sua irmã coube em mim. Eu realmente era magra e pequena, já que Otávio me falou que a menina tinha apenas 10 anos.

Tomei banho para tirar o cheiro de fumaça que havia em mim e, após, entrei no quarto, enquanto enxugava meus cabelos. Quando Otávio entrou com cobertores nas mãos, ele os colocou sobre a cama e depois olhou para mim com um meio sorriso.

— Obrigada. —  Ele acena com a cabeça. 

—  Prevejo muita dor de cabeça para o patrão, Mália. — Ele fala brincando e eu sorrio fraco. —  No primeiro dia, você fez coisas que eu não faço há 7 anos aqui dentro e, mesmo assim, não foi demitida. —  Sorrio, sentando-me na ponta da enorme e macia cama. 

—  Ele não ficou bravo, Otávio... Quando eu trouxe Elisa e Taylor, ele surtou e gritou. Mas agora eu incendiei o quartinho dos fundos… Isso poderia ter causado um grande estrago caso o fogo se espalhasse pela casa e, mesmo assim, ele reagiu normalmente.

—  É. Até eu estranhei a reação dele. —  Balanço a cabeça em afirmação.

—  Nos olhos dele, tinha algo diferente… Eu não sei explicar. Ele me pediu para ter cuidado ao entrar no quartinho e... Ele teve motivo para me demitir, mas não o fez. Talvez, ele não seja tão ruim assim, não é? —  Olho para Otávio, que ainda mantinha as sobrancelhas juntas. Ele suspira.

—  Eu não acho que ele seja ruim, Amália, mas ele também não é uma boa pessoa. — Arfo. 

—  Mas então… Ele pode ser bom! Um dia, quem sabe, ele não se torna uma boa pessoa? —  Otávio dá de ombros.

— Se você acredita, menina.

—  Eu acredito! —  Falei, convicta. Afinal, eu não estou sozinha.

[...]

Quando o dia amanheceu, Otávio chegou com parte do meu pagamento em mãos, mas Alex não permitiu que eu saísse para comprar as roupas. Então, Otávio pediu a Greta que fosse para mim. Eu pedi apenas algumas roupas, pois não precisaria de muitas, já que eu praticamente passaria o dia todo com o uniforme, além de que eu também não sairia.

Assim que entrei no escritório, Alex estava lá, falando ao celular com o que parecia ser seu pai. Eles discutiam algo. Olhei para onde ele estava, ainda limpando alguns quadros da parede. Alex espremia seus olhos e parecia estar com dor de cabeça. Então, suspirei, deixando o espanador sobre a estante, e saí da sala. 

Fui ao meu quarto e peguei uma cartela de comprimidos, os quais pedi para Greta trazer junto com as coisas, pois eu sempre sentia dores na cabeça. Depois, peguei um copo com água e voltei para o seu escritório, levando-o para ele. Assim que apareci em sua frente, Alex me encarou com o cenho franzido.

—  O que é isso? —  Ele pergunta, olhando para mim, como se aquilo fosse coisa de outro mundo. Sorrio de forma mínima.

—  Remédio para dor de cabeça, Senhor. — Ele pisca várias vezes e se ajeita na cadeira. 

—  Não pedi! —  Fala rudemente, fazendo a sombra de um sorriso no meu rosto sumir.  Ele poderia ser bom?

—  É apenas um favor.

—  Eu não pedi favores! —  Rebate, indiferente. Por que ele é tão arisco?

—  Oras, o Senhor deveria ser menos carrancudo e pegar logo esse remédio. Não vai matá-lo se o Senhor aceitar um favor sem indiferença! —  Falei, colocando o copo junto com a cartela sobre a mesa. 

Enquanto estava de costas para ele, ouvi a cartela ser aberta. Então, olhei de lado e o vi beber a água, jogando a cabeça para trás. 

Por fim, passei o espanador pelos livros, tirando quase nada de poeira dali, pois estavam impecáveis. Haviam vários livros, mas um, em especial, me chamou atenção. Era um livro sobre pediatria. Peguei o livro e passei meus dedos por ele. Eu sempre soube que queria trabalhar com crianças, talvez porque eu tenha crescido rodeada por elas.

—  É da minha mãe. —  Sobressaltei pelo susto e me virei para trás. —  Ela é psicóloga, mas também se especializou em pediatria. —  Ele falava, enquanto digitava no computador. Então, olhei para o livro. — Você perdeu seus livros, não foi? 

—  Infelizmente.

—  Você já deu uma olhada na biblioteca da casa? — Neguei com a cabeça, mas ele não viu, já que não tirou os olhos da tela do computador. 

—  Ainda não tive tempo de conhecer a casa e eu também achei que o Senhor não fosse gostar. —  Ele balançou a cabeça lentamente e olhou para mim. 

—  Você pode ir quando quiser. Claro, quando acabar o seu trabalho. Lá, tem uma diversidade de livros, além de computadores.

—  Obrigada. —  Suspiro. — Posso usar esse? — Balanço o livro em mãos.

—  Você está estudando pediatria? 

—  Não. Estou estudando para uma prova, mas se eu passar e entrar na Universidade, pretendo cursar Medicina e depois, sim, me especializar em pediatria.

—  Por quê? —  Não deixo de ficar surpresa por ele estar puxando assunto comigo, mas isso fez um sorriso surgir em meus lábios. 

—  Eu… Ahn... Sinto que nasci para isso. É algo que vai além de mim. É muito mais que um sonho. O Senhor entende? —  Digo, olhando para o livro em minha mãos.

— Não, não entendo, mas pode ficar com o livro. —  Ele fala, voltando sua  atenção para o seu computador.

Permaneci olhando para ele, perguntando-me mentalmente como que ele conseguia ficar com essa cara de indiferença, assim, do nada. Dei de ombros, saindo da sala, porém sua voz me fez parar. 

— Amália… —  Ele pausou quando o olhei. —  Obrigado. Digo, pelo remédio. — Sorrio, afirmando.

—  Não tem porque agradecer, Senhor. Como eu disse, foi apenas um favor. —  Dei as costas e saí, voltando para a cozinha. É… Ele pode sim ser bom. 



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Obrigada por ler💓

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