Capítulo 16

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ALEX

Os dias estavam passando e eu ainda não havia infernizado a Amália o suficiente. Acontece que, toda vez que ela está perto, eu sinto uma nostalgia. Seu jeito me lembrava ela. Seu jeito doce e olhar penetrante, isso me irritava. Quando Amália me falou, com tanto carinho, da vontade de estudar Medicina e depois de se especializar em pediatria, por um momento, eu a vi ali. Mas como eu podia comparar? Amália era atrevida e petulante, diferente dela.

- Alex! - Olho para o lado e vejo Kate andando em minha direção, com seu costumeiro vestido vermelho totalmente colado ao seu corpo. Ela para em minha frente, jogando os braços em meu pescoço. - Que cara é essa? - Ela pergunta, enquanto beija meu rosto. Solto um suspiro, afastando-a com uma certa brutalidade. - O que foi agora, Alex? - Não respondo, apenas saio me desviando das pessoas e a ouvindo me chamar.

Por sorte, ela não veio atrás de mim, pelo o que parecia. Não sei nem porque vim até um bar. Ultimamente, não estou com cabeça para esse tipo de lugar, muito menos para Kate.

Então, subo em minha moto. Contudo, antes de ligá-la, ouço alguém me chamar. Olho para trás, vendo Kate e me frustrando por ter tido a impressão errada. Por fim, respiro fundo e coloco meu capacete, enquanto ela se aproxima.

- Qual é, Alex, vai me deixar aqui assim? - Ela pergunta, com raiva. - Eu gosto de você. Quando vai perceber isso?

- Eu já percebi, Kate. - Olho para ela. - Mas não é como se eu fosse corresponder. Você sabia onde estava se metendo.

- Por que você é assim?! - Ela grita, com lágrimas nos olhos.

- Não sou uma boa pessoa, Kate. - Então, ligo minha moto, enquanto a ouço gritar que me odeia. Não dou atenção, apenas faço meu caminho para casa.

[...]

Entro no meu escritório para checar os e-mails que Samantha ficou de me mandar. Assim que começo a ler, alguém bate à porta e, em seguida, ouço uma voz doce atrás dela. Merda, Alex, não pense nisso! Ela entra e eu permaneço com minha atenção no computador, no entanto, sinto que ela me olha por um tempo.

- O Senhor está muito ocupado? - Não respondo. - É que eu queria sua permissão para sair. - Paro de digitar, mas ainda olho para o computador. Sair? Me seguro para não rir da cara dela. - O jantar está pronto. Aliás, já está tudo feito. Acho que não será um problema, não é? Eu iria dormir mesmo. - Ela ri, nervosa, e eu me mantenho calado. - Eu sei que o Senhor está ocupado, mas...

- Não! - Interrompo-a e ela me encara. Ficamos assim até ela franzir o cenho, confusa.

- Não está ocupado ou...

- Não, você não pode sair. - Ela fica calada.

- Senhor, eu marquei com uma amiga.

- Desmarque!

- Íamos à igreja. - Ela insiste, para minha surpresa, calma, enquanto eu já estava impaciente. - O Senhor não pode me prender assim, não custa nada me deixar sair.

- Minha resposta é não. E não importa o que você diga! - Ela pisca algumas vezes antes de se pronunciar.

- Eu me demito!

- Como é?

- Eu vou embora. Não vou ficar aqui, não sou sua prisioneira. - Ela se exalta pela primeira vez aqui na casa.

- Você não pode se demitir. - Falo com indiferença, mesmo com o coração palpitando com a possibilidade dela realmente ir embora. Mas o que está acontecendo?

- Não só posso como, já estou fazendo. - Então, ela se virou para sair.

Por um segundo, eu me arrependo por tê-la proibido, mas foi só por um segundo mesmo. Por sorte, lembro-me do contrato, onde dizia que ela não poderia se demitir, não antes de um mês. Portanto, sorrio mentalmente.

- Você não pode. - Ela para, mas não me olha. - A não ser que queira pagar uma multa por cancelamento de contrato antes do prazo. - Vejo-a suspirar e, então, ela olha para mim, incrédula.

- Do que está falando? - Como imaginava, ela nem se deu o trabalho de ler.

- Do contrato. Você o assinou e lá está escrito que, ao se demitir antes de um mês, terá que pagar uma multa de 4 mil reais. - Ela arregala os olhos. - Então, a menos que queira me pagar, você terá que acatar minhas regras. Portanto, não tem minha permissão para sair com sua amiguinha. Aliás, é aquela que esteve aqui? Nossa! Eu admiro que alguém como ela entre em sua igreja. - Ela respira fundo.

- Ela é melhor que o Senhor. - Rebate com tranquilidade.

- Oh, não seja respondona com seu patrão, Amália. - Eu me pronuncio na terceira pessoa, enquanto a vejo crispar os lábios.

- Por que o Senhor não me demite já que me odeia tanto?! - Ela fala um pouco mais alto. Já eu, estava me divertindo a beça.

- E perder a oportunidade de infernizar você? - Estalo a língua. - Não mesmo! - Sorrio.

Ela me encara por um tempo e eu já estava irritado com a forma que ela me olhava.

- Posso usar o telefone ao menos para avisar à Elisa que não poderei ir? - Ela pergunta.

- Pode usar este aqui. - Ela afirma e se aproxima para pegar o telefone da minha mesa.

Observo-a discar o número e, logo depois, colocar o telefone no ouvido, esperando ser atendida. Me surpreendo por ela não ter celular. Que ser humano hoje em dia não tem um celular?

- Ah. Oi, Lisa? É a Amália... Sim, sou eu... Na... Não. Escuta, eu não vou poder ir... - Ela me olha. - É... Desculpa... Não, mesmo assim. Você pode ir... Não... - Ela ri e eu desvio o olhar. Droga! De perto, o seu sorriso era ainda mais lindo. - Chama o Taylor. - Olho para ela, que sorri novamente. - É... - Faço um barulho com a garganta e ela me olha novamente, engolindo em seco. - Tenho que desligar... Uhum... Tchau, Li. Diz ao Taylor que mandei um abraço. - Reviro os olhos. Ela desliga e coloca o telefone no mesmo lugar de antes. - Obrigada, Senhor. Com licença. - Então, ela sai.






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Obrigada por está comigo em mais um capítulo❤✔

Que idiota esse Alex, não é?

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