Capítulo 17

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AMÁLIA


Um mês e, então, eu poderia me demitir. Claro que não estava nos meus planos, mas eu não poderia ficar presa aqui, pois nem à igreja eu poderia ir, isso já era demais. Respirei fundo ao sair da sala do meu chefe. Como ele podia ser tão… Tão...

—  Amália? —  Assusto-me com a voz de Greta, atrás de mim. —  Você está bem? —  Olho para ela e sorrio mínimo.

—  Estou sim.

—  Parecia mais que você estava em um confronto interno. —  Ela ri. — O patrão fez alguma coisa? — Suspiro, negando com a cabeça.

—  Nada demais. — Ela me olhou, desconfiada.

—  Tem certeza, Mália? — Sorrio mínimo novamente, pela sua cara preocupada. Seu jeito me lembrava Tia Estela e eu estava morrendo de saudades dela, do carinho e, até mesmo, das broncas.

— Tenho. —  Falo para a mulher em minha frente. Ela, por sua vez, suspira e afirma. — Er… Eu posso abraçar você? — Ela pareceu ficar surpresa com meu pedido, pois Greta apenas ficou me encarando com o semblante confuso. Mas então, ela sorriu para mim e foi com esse sorriso que eu entendi que era uma afirmação. 

Ela abriu os braços e, então, corri ao seu encontro e abracei a sua  cintura, enquanto ela afagava minhas costas com uma mão e minha cabeça com a outra. O calor que emanava do corpo dela era o mesmo que o da minha avó e o da tia Estela. Um calor materno, carinhoso, que nunca cheguei a sentir da minha mãe.

[...]

Abri meus olhos, levando minha mão até minha cabeça. Fiquei quase a noite toda com a cara nos livros e agora estava exausta. Sem dar espaço para a preguiça, sentei-me sobre a cama e olhei para o lado. Então, peguei a Bíblia, que estava sobre a mesa, e a abri exatamente em 1 Coríntios 13:7, em que estava destacado por um marca texto azul:

"Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."

Sorri, olhando para essa parte. Eu precisava ser forte, como sempre havia sido, pois minha força vem de Deus e é Ele quem me move. Não importava o que eu tivesse que passar, porque iria passar com fé, pois sei que nunca estarei sozinha.

Coloquei a Bíblia novamente na mesinha e me levantei da cama, indo até o banheiro. Fiz minhas higienes matinais e vesti o uniforme. Apenas um mês. Só um mês e eu poderia sair. Eu sei que não deveria sair desse emprego, afinal seria difícil encontrar outro novamente, mas como posso ficar se nem à igreja eu poderia ir? 

Saí do quarto, dando de cara com a Baily. Ela me olhou de cima a baixo e me demonstrou um sorriso falso, porém eu o devolvi de forma verdadeira, enquanto desejava um bom dia, mas ela não me respondeu. Apesar disso, continuei andando até a cozinha e encontrei Otávio no corredor.

— Bom dia, minha querida. — Ele fala de forma amigável. Involuntariamente, sorrio para ele. 

— Bom dia!

—  A Senhorita está bem? —  Reviro os olhos.

—  Já mandei o Senhor parar de me chamar de Senhorita. — Ele arqueia as sobrancelhas.

— Então, não me chame de Senhor. —  Sorrio, afirmando.

—  Trato feito. 

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