Capítulo 2

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Era oficialmente o primeiro dia no interior, e Raissa foi acordada pelos raios de sol que transpassavam a grande janela e a cortina branca. Mesmo tendo passado tanto tempo longe, ainda sabia muito bem como eram as coisas na fazenda por isso se levantou e após arrumar a cama trocou o pijama por uma roupa leve e fez as higienes matinais. Desceu para o andar de baixo onde Josielda, Marta e Juliana tomavam café da manhã.

— Acordou cedo meu bem, venha e tome café conosco. — Marta se levantou alegre para buscar um prato e uma xícara para a filha

— Como foi sua primeira noite? Conseguiu dormir bem? — Josielda se mostrou preocupada devido ao incidente da noite anterior.

— Sim vovó, obrigada. Mesmo que tenha se passado tanto tempo eu ainda me sinto a vontade aqui. É como minha segunda casa.

— Que bom Rai, esse tempo será ótimo para ser curada. Posso garantir que eu estarei ao seu lado e pode contar comigo para o que precisar. — a fala da mulher de cabelos loiros fez Raissa sentir-se acolhida.

— É muito bom saber que posso contar com vocês, mesmo eu sendo tão hipócrita e mesquinha ainda se preocupam comigo.

— É isso que verdadeiros cristãos e uma verdadeira família fazem, se compadecem do próximo e assim como Deus ensinou nós amamos. — Josielda falou a frase que Raissa conhecia muito bem. Não só aquela como várias outras.

Enquanto tomava o desjejum, Raissa observava todos os cantos como se procurasse algo, ou melhor, uma pessoa específica.

— Não se sinta incomodada, Pedro voltou hoje bem cedo para nossa casa em Itumbiara e acho que não voltará pelos próximos dias. Mas não vamos falar de coisas que te deixam triste, ontem precisei sair da fazenda e ir ao centro para comprar algumas coisas e liguei para os meus pais. Eles ficaram muito felizes e animados com a sua chegada e virão no domingo para vê-la.

— Será bom ver a tia Clara e o tio Luciano.

— Parece que isso será muito divertido, pena que eu não poderei ficar. — Marta falou um tanto triste.

— Mamãe, por que a senhora não fica mais? — Raissa pediu fazendo bico arrancando a risada das outras três mulheres.

— Bem que eu queria, mas eu tenho as minhas obrigações. Mesmo que seu pedido seja muito tentador e me lembre de quando tinha cinco anos, isso não será possível. — falou bagunçado os cabelos da filha de um jeito carinhoso.

Elas terminaram o café da manhã e se dirigiram para fora onde se despediram de Marta que estava de saída.

— Meu amor só peço que fique bem, que se adapte a uma vida normal sem trabalhar exageradamente. Que possa recuperar o tempo perdido, eu oro para que reencontre o primeiro amor novamente e volte para os braços do Pai. — disse abraçando a mulher.

— Obrigada, mamãe.

— Eu confio em vocês, por isso à trouxe até aqui. Ajudem-na nessa nova fase e a se reencontrar.

— Sim tia, faremos isso. Quando puder venha nos visitar.

— Que o Senhor lhe guie de volta e em segurança. — a última a dizer algo foi Josielda.

As quatro deram um abraço coletivo e Marta entrou no carro. Vendo a caminhonete prata fugir de sua vista, Raissa teve certeza do que deveria fazer. Tentar recuperar o tempo perdido com seus familiares, e quem sabe até voltaria para os caminhos do Senhor, caso Ele perdoasse seus incontáveis erros e falhas. Ela não se sentia digna de perdão, na verdade era uma pecadora miserável que merecia a morte por fazer tantas pessoas sofrerem por seu egoísmo.

De Volta Ao Primeiro Amor - [Concluído]Where stories live. Discover now