De Volta Ao Primeiro Amor - [Concluído]

Capítulo 3

Dois dias haviam se passado desde a visita de Lionel e era sábado dia da faxina, já que no domingo Clara e Luciano iriam para a fazenda. Raissa estava responsável por limpar os móveis e decorações da casa, naquele momento estava limpando a estante da sala de estar quando acabou esbarrando na mesma derrubando uma bíblia, ao pegá-la do chão descobriu que estava aberta em João 3:16, 17:

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que aquele que nele crê não pereça, mas tenha vida eterna.

Porque Deus enviou seu Filho ao mundo, não para que julgasse o mundo, mas que o mundo fosse salvo por ele”. — ao ler aquilo Raissa acabou chorando, tanto amor por uma pecadora como ela. Deus a amava tanto mas ela sempre o entristecia com suas ações e pensamentos.

— A palavra que muda. Somente o Senhor e a sua palavra são capazes de mudar o homem, tudo o que precisamos está aí não precisamos de mais nada. — disse Juliana parecendo de repente. — Amanhã nós vamos na igreja pela manhã, quer ir conosco e relembrar os velhos tempos? — Raissa estava incerta sobre aquilo, tinha medo de ser julgada pelas pessoas.

— Eu não sei se deveria, eu nem tenho roupas.

— Que isso não seja uma desculpa, pois eu posso emprestar uma para você. — havia um confronto dentro de Raissa algo dizia para que ela fosse e que não era tarde para retornar aos braços do Pai, por outro lado algo dizia que não valia mais apena pois Deus não queria uma pessoa tão falha como ela.

— Tudo bem, eu vou. — disse por fim decidindo qual voz seguir.

— Que ótima notícia Rai, a vovó ficará muito feliz que vai conosco!

As duas terminaram de fazer a faxina e descansaram o restante do dia.

(…)

No domingo de manhã Juliana entrou do quarto de Raissa e lhe entregou um vestido estampado com flores vermelhas e que ia até a altura dos joelhos.

— Baseado no seu gosto, tomei a liberdade de escolher esse. Mas se não gostar pode ir ao meu quarto e pegar o que preferir.

— Não será preciso Ju, eu gostei dele. — respondeu sorrindo e ela saiu para que a prima pudesse se arrumar.

Raissa fez uma trança lateral em seus cachos, e passou uma maquiagem leve. O vestido que Juliana tinha levado serviu perfeitamente e ela estava linda, estava completa diferente de como se vestiu nos nos últimos seis anos. Parece que havia voltado à sua adolescência, ao tempo onde não precisava se preocupar com nada. Onde só aproveitava sua família e a sua intimidade com o Senhor, e sentia saudades daquilo o vazio em seu coração se tornou cada vez maior e nada do que ela fizesse podia preenchê-lo. Já estava cansada daquela vida onde nada dava certo.

Mas já notava-se a diferença, em quatro dias já estava se alimentando melhor e tomando os medicamentos corretamente. Mas quando tudo parecia estar bem, acabou tendo uma recaída na noite de sábado onde ficou desesperada para voltar ao trabalho e indignada ao saber que ali não havia sinal de telefone nem internet em lugar algum. Mesmo que subisse o morro mais alto não encontraria nada, ainda mais irritada ela ficou quando soube que sua mãe havia retirado seu celular e notebook das bagagens já temendo que aquilo aconteceria, Juliana e Josielda tiveram que segurá-la e dar calmantes para que pudesse dormir. No fim se sentiu novamente no fundo do poço, havia andando dez casas e voltado vinte.

— Vamos Rai, já está na hora. — Juliana avisou a prima que imediatamente saiu do quarto e foi para o quintal onde dona Josielda já estava esperando.

Naquele dia quem iria dirigir seria Juliana, já que Pedro não estava. A igreja ficava em Anhanguera, um cidade próxima e quando o carro saiu da estrada de terra entrando na BR, Raissa sentiu um frio na barriga e não parava de balançar a perna esquerda devido ao nervosismo. Quando chegaram de frente a igreja, ela viu as pessoas entrando sorridentes e não conseguia descer te tanto pavor.