Capítulo 5

73 15 2
                                    

As semanas foram seguindo e completou um mês da estadia de Raissa em Riacho Azul, nesse tempo ela estava recuperando o tempo perdido e descobrindo o real valor que sua família e seus amigos tinham. Era somente com eles que poderia contar, somente eles iriam lhe dar abrigo quando precisasse. Viu que embora sentisse falta de seu emprego, aquele não era o sonho dela e ele não à fazia feliz então não valia a pena.

Seu coração estava cada vez mais quebrantado e a hora de sua reconciliação estava perto, mas ainda era oprimida por seus pecados. Era fim da manhã de segunda feira, 25 de dezembro e natal. Marta havia chegado no dia anterior naquele momento ajudava dona Josielda e Clara na preparação para o almoço, enquanto Luciano e Maurício pai de Lionel faziam o churrasco. Já os mais novos andavam pela fazenda.

- Rai, é como diz em Mateus 9:12. Os sãos não precisam de médico e sim os doentes. - disse Lionel após Raissa se questionar novamente sobre o perdão.

- Sabe, em Tiago 1:12-15 explica perfeitamente, cada um é tentado pela sua própria cobiça, que após seduzir o homem acaba se tornando pecado. Lá também diz que após consumado, o pecado leva a morte. Mas o Senhor deve ter um lindo propósito na sua vida, Ele te livrou da morte tantas vezes, e está lhe dando uma nova chance. O seu amor e a sua graça são infinitos. - falou Pedro, fazendo a mulher se lembrar que antes do acidente havia tentado cometer suicídio mas Deus a livrou de uma maneira inesperada.

13 de fevereiro de 2014

"Raissa já estava cansada de tudo o que estava sofrendo. Estava arrependida de ter acreditado em Augusto e ter ido parar no fundo do poço, aquele tirano havia acabado com sua vida, por causa dele tinha virado motivo de piada entre os colegas. Causando uma tristeza sem fim, seu coração foi despedaçado como um pedaço de papel qualquer, que não tinha valor. Havia uma lacuna que mesmo que tentasse não conseguia preenche-la com exatamente nada. Achando que sua vida não valia mais a pena e que era apenas uma inútil ocupando espaço, decidiu acabar com aquilo na noite de quinta.

Entrou no banheiro de uma lanchonete retirando da bolsa um frasco com remédios e uma lâmina. Estava disposta a morrer ali mesmo, na verdade tinha ido ali para isso. Segurou a lâmina com força e começou a pensar em sua mãe enquanto chorava, se ela seguisse com seu plano Marta choraria sua morte talvez pelo resto de sua vida. Tudo o que Raissa tinha feito era para dar a sua mãe uma vida melhor já que seu pai havia abandonado as duas. Ela amava muito sua mãe mas não poderia conviver com aquela dor e sofrer o resto de sua vida. Estava decidida, afundaria o objeto em seus braços e sangraria ali até a morte, se acabaria com a sua dor? Ela não sabia. Mas nunca mais voltaria a senti-la novamente.

Prestes a seguir com seu plano, se assustou ao ouvir vozes de pessoas que gritavam:

- Assalto! É um assalto! - no mesmo instante a porta do banheiro fora aberta por um homem alto, que usava uma touca, roupas pretas e segurava um revólver.

Assustada? Ela não estava nem um pouco, se ele a matasse seria melhor ainda.

- O que pensa que está fazendo? É maluca? Para fora agora! Se junte com o restante dos reféns! - ordenou apontando a arma para ela.

- Por favor, apenas me mata agora mesmo. Estaria me fazendo um grande favor! - implorou aos prantos.

O homem olhou para suas mãos e viu que ela segurava a lâmina, em cima do vaso sanitário estava o frasco de remédios. Sem pensar sua vezes, pulou em cima de Raissa pegando o objeto se suas mãos e jogando pela pequena janela. Enquanto ele a segurava e ela tentava se soltar, o homem conseguiu jogar os remédios no vaso sanitário dando descarga em seguida. Raissa se mostrou indignada, quem aquele homem pensava que era pra decidir que ela viveria sendo que a morte era o melhor caminho naquele momento? Ela pulou em cima dele conseguindo pegar a arma, prestes a apertar o gatilho ele conseguiu jogar o revólver longe esbravejando em seguida:

- Moça, não faça isso! Eu perdi uma irmã dessa maneira, o que me machucou e toda a minha família. Nós não sabíamos sobre seu sofrimento e sua morte inesperada aconteceu tão de repente que demoraram dias para cair a ficha. Até hoje não conseguimos acreditar que ela se foi. - disse segurando em seus ombros. - Tem certeza que quer isso pra sua família? Eu sei que seu sofrimento deve ser grande. Eu falhei com a minha irmã e não quero falhar com outra pessoa novamente sendo que eu posso ajudar. Moça, por favor procure ajuda de um profissional, a ajuda da sua família. Deus também, você acredita não é? Ele está pronto para te ajudar a sair dessa.

Enquanto o assaltante falava, Raissa percebeu que aquilo realmente não era a saída. Poderia procurar pessoas que estavam dispostas a ajudar, não queria ver Marta sofrer, já havia visto isso quando seu pai foi embora e não queria que acontecesse novamente.

- Vá moça! Saia daqui, procure ajuda e seja feliz.

Ela pegou sua bolsa e correu pelos fundos da lanchonete. A noite descobriu que os assaltantes tinham sido presos e os reféns libertos".

Se lembrando daquilo, não teve mais dúvidas. Compreendeu perfeitamente a boa e agradável vontade do Senhor. Não queria mais perder tempo, queria Ele naquele mesmo instante o mais rápido possível queria aproveitar a oportunidade que estava sendo dada. Mas queria fazê-lo em particular somente ela e o Pai.

- Com licença, mas eu preciso fazer algo urgente. Não posso mais perder tempo. - disse aos três amigos e correu em direção ao riacho.

Sentou-se na pedra e sentiu-se nervosa, parecia que estava indo ao encontro do seu primeiro amor. De fato era, observando as aves voando, o céu azul e as árvores verdinhas sentiu que era o momento certo.

- Senhor, faz tanto tempo que eu não falo contigo. Há tanto tempo que eu saí da tua presença. Eu pequei contra Ti, fiz coisas abomináveis e entristeci teu coração. Mas eu também sofri e ainda sofro as consequências, finalmente eu compreendi que o Senhor ainda me ama e espera pela minha volta. Tantas vezes me livrou da morte, porque me amas, mas eu estava tão cega que não percebi. Sempre reclamava por estar sozinha mas nunca prestei atenção que sempre estava ali comigo. Fui tão egoísta e inconsequente que tive que perder o que eu mais valorizava para entender que somente Tu é o único em minha vida. Eu estou sinceramente arrependida das minhas atitudes, não quero mais viver assim quero voltar a minha primeira e verdadeira essência, voltar a ser a Raissa que não se preocupava com a opinião alheia somente em agradar à Deus seguindo seus ensinamentos e princípios. Estou disposta a largar minha máscara, deixar tudo de ruim para trás, contar Contigo para superar meus traumas, meus medos e curar as minhas feridas. Pai, sua filha pecadora está arrependida e decidiu voltar para os seus braços. Por favor, me aceite de volta e me ensine o caminho certo para que eu não caia em mais nenhuma armadilha do diabo, me ensine a ser vigilante. Convido Jesus para voltar a habitar em meu coração, limpar a bagunça que há Nele e que o meu nome seja escrito no livro da vida. Perdoe-me, e esteja comigo.

Após o fim da oração com o rosto banhado por lágrimas, Raissa sentiu uma paz de espírito e o vazio que tanto à incomodava havia sido preenchido. Agora tinha voltado para seu Pai. Estava novamente ligada com Ele e lutaria para não abandoná-lo de novo. Voltando para casa, deu a notícia para sua família que ficou muito feliz por suas orações de tantos anos terem sido ouvidas. Naquele dia houve festa no céu pois uma ovelha perdida havia encontrado seu pastor.

De Volta Ao Primeiro Amor - [Concluído]Where stories live. Discover now