Capítulo 2

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"E agora estou preso no ontem,
Mas se eu morrer,
Antes de acordar,
Eu rezo ao senhor para levar minha alma" — Scared of Heights, The Drive Era.


      — O que você pensa que está fazendo? – rosnou a loira de dentro da cela que o macho tentava abrir. Eu vi quando a garota da cela do lado esticou a mão e arranhou o braço do homem, que resmungou.

      — Fica longe seu bastardo!

      — Fiquem quietas, vai passar rápido – Ele murmurou.

     Destrancou a cela e puxou as correntes que estavam prendendo a loira no chão, ela esperneou e tentou se afastar mais estamos muito fracas. Ele a puxou pela túnica manchada, e eu só consegui focar nos olhos arregalados dá fêmea quando ele a atravessou com a espada. A ponta brilhou do outro lado do corpo dela, os gritos ficaram mais altos.

       — O que você fez?! – choramingou Carrie, com a sujeira do rosto sendo lavada pelas lagrimas.

     O sangue tingia a túnica da garota que nem piscava mais. Ela estava de joelhos agora, tossindo sangue, e o macho já estava abrindo outra cela enquanto os outros dois ainda estavam parados. Talvez pensando se essa era uma boa decisão.

     Eu comecei a pensar em um jeito de fugir, mas todas as opções seriam falhas. Eu não tinha me alimentado e estava a seis meses sem praticar qualquer outro exercício que não seja uma abdominal, pois minha cela era muito pequena. Algumas das prisioneiras choravam ao meu lado, e eu entendia, nem todas estavam ali por assassinato. Presenciar um, não era nada fácil.

      — NÃO, POR FAVOR – gritou a feérica bem na cela ao meu lado. Ele estava chegando perto de mim, eu olhei para os outros dois que começaram a se mover.

     Eu iria morrer.

     Antes que eu pudesse perceber, ele tinha destrancado a minha cela juntamente da que ficava a minha direita. Não gritei, mas me afastei o máximo que a corrente presa nos meus pulsos deixava.

     A cela se abriu e eu senti, senti o feitiço se desfazendo. Meu coração acelerou e minha visão se aperfeiçoou, eu conseguia enxergar no escuro de novo e o gelo começou a subir a minha volta. Eu sentia um frio de congelar os ossos. A cela inteira estava congelando por minha causa, porque eu estava com medo, e tinha um poder que não sabia controlar. O macho ainda do lado de fora não viu, estava ocupado demais entregando a espada para o colega que entrou na cela de Ellie que nem se mexeu. Ela não tentou fugir, ficou apenas parada.

     Mas a porta bateu de novo, mais forte que antes e eles se assustaram. Foi como um chute dessa vez.

      — Seguiram você! – acusou o mais alto deles, o que agora segurava a espada estava quase na frente de Ellie que ainda estava petrificada — Por isso quis matá-las, quer que elas sejam seu álibi.

     Pra mim não fazia o menor sentido. Voltei meus pensamentos para a muralha, se ela tinha caído, então não havia mais Cortes? Deviam estar um caos lá fora. De repente eu preferia ficar aqui ao invés de enfrentar o que estava acontecendo lá fora.

      — Você é louco – comentou o terceiro rindo.

      — Andem logo, eles já estão aqui.

     Eu olhei em volta vendo os corpos das duas feéricas caído nas poças de sangue que escorria para a fora da cela, e quis vomitar. Seis meses. Eu estava seis meses sem ver um corpo morto.

     A porta bateu de novo, e agora eu conseguia ver a escada e a porta de madeira rangendo a cada batida. Eu ouvia um murmúrio, não um, vários, como se tivesse uma multidão sussurrando bem próximo de mim. A esse ponto as barras em volta da minha cela estavam completamente congeladas, se eu soubesse controlar poderia me proteger, eu conseguiria fugir.

Behind the shadows there is iceOnde histórias criam vida. Descubra agora