Por Fin Te Encontré

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Era uma semana atípica em que houve tempo de sobra para os dois pilotos da McLaren.

Tiveram que seguir direto de Monza para a Toscana — apenas uma semana separavam as duas corridas —, mas tiveram uma folga na comuna italiana até a quinta-feira, quando o trabalho de mídia e reconhecimento da pista começou. Até lá, Lando e Carlos não tiveram agendas cheias. Treinaram no simulador, apreciaram a culinária italiana e se irritaram. Talvez mais ainda do que o normal.

Não fizeram qualificações memoráveis. Carlos em P9, com muito esforço, e Lando com um P11 que doeu como o inferno. Era a primeira vez na temporada que o inglês não se classificava entre os dez primeiros pilotos. Culparam um pouco o carro, que se mostrou instável na pista de Mugello, mas tinham esperanças que seria diferente no dia seguinte. Seria diferente quando tudo estivesse em jogo.

— Você está me gravando, não está? — Lando perguntou, precisando aumentar o tom para que Carlos escutasse, sentado em outra mesa da área de lazer do hotel parcialmente vazio. Notou o celular virado na sua direção e, para completar, um sorriso infantil no rosto do espanhol. — Idiota.

O palavrão seguiu de uma risada alta, que logo Carlos tratou de acompanhá-lo. Eram dois idiotas quando estavam juntos. O que tornava o clima dentro da equipe e o relacionamento entre os dois leve. As risadas eram genuínas, as provocações não podiam faltar e as conversas entre os dois eram sagradas. Talvez não houvesse outra dupla no Grid que se entendesse tão bem quanto Carlos e Lando.

— O que você está fazendo aí? Sente aqui — Carlos chamou o companheiro para a própria mesa depois de postar o vídeo irritando Lando na sua rede social, empurrando a cadeira de ferro vaga ao seu lado para trás. — Quase parece que você está me evitando.

Lando Norris pareceu titubear antes de aceitar o convite do espanhol, mas logo ocupou uma cadeira em sua mesa. Os dois eram os únicos na piscina do hotel, aproveitando a brisa noturna que o lugar ganhava depois das seis horas. O jantar dos dois seria servido ali — a pedido do inglês — que sugeriu que eles descessem para a piscina depois que encerraram as reuniões no circuito.

— Não estou te evitando — Lando respondeu, dando de ombros. — Fui eu que chamei você para jantar aqui! Se não fosse por mim, você estaria trancado esperando o serviço de quarto.

— Temos que aproveitar o que a vida de hotéis nos fornece de bom. Por que eu escolheria colocar uma roupa e descer para jantar com você se poderia comer de roupão conversando com mi novia? — arqueou as sobrancelhas em direção a Lando, questionando-o em silêncio. A última parte, dita em espanhol, escapou livremente pelos seus lábios. — Você sabe que eu gosto de você, mas...

Carlos estava pronto para provocá-lo mais uma vez quando o celular de Lando começou a vibrar em cima da mesa. O inglês se apressou para pegá-lo, mas sua falta de jeito e nervosismo fizeram com que o aparelho caísse no chão, quicando uma vez antes de parar em seus pés.

— Merda — xingou em inglês, levantando os olhos para Carlos assim que recuperou seu celular. — Acabei de trocar essa película. Caralho.

— Quem te deixou nervoso assim? Com quem você está conversando? — o espanhol o perguntou com as sobrancelhas escuras juntas, apertando os olhos em direção a Lando. — Está precisando de algum conselho amoroso? Cabrón, eu estou me sentindo como o San Valentín nos últimos dias então se você quiser me perguntar qualquer coisa...

— Cale a boca! Você pediu conselho para mim um mês atrás sobre sua Estrellita — Lando o respondeu ao olhar o visor do celular, deixando-o de lado com um enorme sorriso no rosto. Carlos deveria ter desconfiado que algo estava acontecendo. — San Valentín...

Paralaje Estelar | Carlos SainzOnde histórias criam vida. Descubra agora