Impostores

Capítulo 14

Aquilo foi uma surpresa para todos, Vinícius realmente foi atrás deles,ele parecia exasto,a calça jeans dele estava rasgada,a blusa branca encharcada de suor e sujeira, o nariz estava com um bandete no ossinho do nariz,os olhos estavam inchados, ele segurava a arma com a mão trêmula.

- Clarinha.- Vinícius funga o nariz. - Eu não posso perder você assim, você sabe que temos muito em comum, é o destino nos encontrarmos.- Vinícius fica com a voz mais grave.- E eu não posso perder você para seus amigos.

Anna dá alguns passos lentamente a frente. - Vinícius, você foi um cara legal no começo disso tudo mais eu estou te conhecendo de verdade agora, isso não é uma coisa que se faz, está agindo feito um idiota.

Vinícius abaixa a arma e faz uma cara de nojo,ele balança a cabeça e olha para ela. - Você acho que sou um idiota? Eu te ajudo e você me acha um idiota?!

- Vinic–

- CALA A BOCA! - Ele aponta a arma para Anna. - VOCÊ É TOTALMENTE ESTÚPIDA, SEUS AMIGOS FIZERAM ALGUM TIPO DE LAVAGEM CÉREBRAL EM VOCÊ É?!

Anna se assusta com o tom de voz de Vinícius e se afasta. -  Vinícius, podemos conversar a vontade se você largar essa arma.

- Não... não, desta vez eu não deixo as coisas passarem,neste apocalipse posso fazer o que eu bem entender,eu passei tanto tempo aguentando seus amigos babacas quando eu poderia muito bem matar eles ou jogar para os limbos,meu único amigo morreu tentando matar esses cretinos.

- Ele não era seu amigo otário. - Disse Philipe. - Só tinha medo do que você poderia fazer com ele caso não te obedecesse.

Vinícius balança a cabeça. - Não... não tente inventar historinhas agora Philipe! Anna,vem comigo, você vai ver que sou sua única salvação,o único que pode te proteger de verdade.

Todos ficam em silêncio.

- Anna! - Gritou Vinícius.

- Vinícius...eu não vou com você. - Disse Anna com medo.

Vinícius olha para baixo pensando em algo e logo depois volta o olhar para Anna. - Não tenho outra escolha Anna,eu vou ter que fazer isso.

O coração da Anna acelera, Vinícius aponta para ela e põe o dedo indicador no gatilho.

- Lembre-se disso Anna,eu te amo.

Ela arregala os olhos,o medo toma conta de seu corpo,ela não sabia o que fazer naquele momento,tudo passa pela sua cabeça,Anna não tira os olhos da arma,os meninos gritavam com Vinícius mas Anna não os ouvia. O suor escorria pelo seu rosto,a única coisa que passava na mente dela no momento era a consciência dizendo que ela estava prestes a morrer.

Vinícius puxa o gatilho,um som alto ecoa pela escola, Ana Luiza entra na escola correndo com um caco de vidro na mão, Vinícius olha para ela assustado com a expressão de ódio no rosto da Ana vindo em direção a ele, Vinícius aponta a arma para ela mas não consegue atirar. Ana rapidamente faz um corte na barriga de Vinícius e crava o vidro na traquéia, Vinícius cambalea para trás com a boca aberta e os olhos arregalados,o sangue escorria sem parar manchando toda blusa em segundos,ele cai sentado encostado na parede,os olhos ficam abertos,fixados na Ana que estava de pé com um olhar sério com toda frieza.

Ana olha para o lado e seus olhos enchem de lágrimas, Philipe estava caído no chão segurando a mão de sua amiga, enquanto Giulliano estava sentado no chão chorando e Yan em pé com as mãos na cabeça chorando. Ana se aproxima deles lentamente e entende o que havia acontecido, Philipe se jogou na frente da Anna, levando um tiro no peito por ela.

- Você não precisava fazer isso,vou levantar você, temos que ir embora. - Disse Anna chorando em desespero.

Philipe tenta se levantar mas reclama de dor,ele solta a mão da Anna. - Não acredito que vou dizer isso mas, vocês vão ter que ir sem mim.

- O que? Não! Não vamos deixar você aqui! - Disse Yan tentando conter as lágrimas.

- É sério... não dá pra mim,eu não tô aguentando. - Philipe põe a mão no peito sujando a mão de sangue. - Estão perdendo tempo.

Claren entra na escola procurando pelos amigos,ela se assusta com o corpo do Vinícius no chão,quando ela bate os olhos no amigos chorando e olha para o Philipe no chão,um desespero bate nela. - Não...- Ela se aproxima deles. - Não! Philipe!

Claren chora desesperadamente,ela se abaixa perto do Philipe e olha para os outros. - O que estão olhando? Vamos levantar ele!

Todos olham um para o outro com um olhar de tristeza.

- Claren,eu já disse pra eles que não dá pra mim. - Philipe disse com uma voz fraca.

Philipe não diz mais nada, seus olhos ficam abertos mas não dá mais nenhum sinal de vida,todos choravam  sentido aquela mesma dor,a perda de dois amigos do grupo, passando pela mente deles que se sobreviverem,sentiriam essa dor por um bom tempo,a morte de dois amigos vista pelos seus próprios olhos.

Giulliano se levanta de apoiando na parede. - Temos que continuar. - Ele enxuga as lágrimas. - Ainda não terminamos nosso objetivo.

- Objetivo? Objetivo uma ova! - Disse Claren com raiva. - A gente tenta fazer alguma coisa e alguém fica ferido ou morre, perdemos dois amigos Giulliano! Dois! Eu estou com medo de ser a próxima... tenho medo de vocês serem os próximos! Jamilly esperava não perder nenhum de nós e agora estamos aqui com objetivo de ver quem tenta superar a morte dos amigos primeiro,esse é objetivo!

Yan se aproxima da Claren e levanta ela. - Eles estavam querendo achar uma saída disso tudo, juntos ou não,se perdemos eles, vamos chegar ao nosso objetivo por eles, mesmo que sobre apenas um de nós.

Anna se levanta e olha para os outros. - Vamos...

Todos concordam e vão para saída, Anna passa perto do corpo do Vinícius,mas ela não olha para ele em nenhum momento,ela passa perto dele com frieza.
Todos saem da escola e vão andando pela rua escura a procura de algum automóvel, Giulliano estava com o braço apoiado no Yan para conseguir andar, ninguém dizia nenhuma palavra pelo caminho todos andavam com um olhar de tristeza.

Derrepente eles ouvem um som estrondoso vindo da escola,todos se assustam e olham para trás, Yan arregala os olhos e engole um seco.

- Impossível...- Disse Yan.

O limbo bestial ainda estava vivo,ele se rasteja pelo chão e logo depois se levanta com aquele sorriso no rosto para o grupo que estava alguns passos há frente.

- Eu não terminei com vocês ainda.