a festa que parecia não ter fim

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Depois da empolgação sobre o amigo secreto acabar, o mês de novembro pareceu se arrastar. A quantidade de trabalho já tinha diminuído bastante por conta do fim de ano, deixando os dias de Byakuya cada vez mais entediantes. Ele até tinha começado a ajudar seus colegas com os processos que não estavam conseguindo resolver — sim, o tédio fazia milagres.

E então, quando menos esperava, chegou o fatídico dia: quatro de dezembro, ou seja, a sexta em que ocorreria o amigo secreto. 

De início, Byakuya não notou nada de errado. O advogado passou pelas catracas da empresa com seu terno formal, bateu o ponto, cumprimentou alguns colegas e pegou o elevador. Na maioria das vezes preferia ir pelas escadas, mas por ser sexta, achou que merecia um pequeno luxo.

Byakuya, por ter um olho tão afiado, deveria ter percebido algo de errado. Deveria ter notado os cochichos e as risadinhas, as sacolas de marcas, as caixas de salgadinhos de festa e os bolos. Mas, não. Estava com os olhos vidrados em seu celular, lendo sobre as notícias mais recentes. Makoto Naegi e a tal da festa estavam enterrados no fundo da sua mente. Isso, claro, até entrar no seu setor. Largou sua maleta na mesa que fazia questão de manter arrumada, pronto para começar a analisar processos. Mas, então, ouviu a voz de Chiaki, a moça da TI que estava temporariamente trabalhando em seu setor:

— Ué, Byakuya, cadê seu presente?

Geralmente, Chiaki Nanami era a melhor pessoa para se dividir uma ilha. Ela não incomodava, estava sempre ocupada fazendo seu trabalho ou tirando cochilos por aí. Às vezes Byakuya a via jogar também, mas quem era ele para julgar? Se não enchesse seu saco, estava tudo bem. Sinceramente, adorava dividir o local de trabalho com as pessoas de TI, pois elas sabiam trabalhar em silêncio. Era o caso de Chihiro também, que estava de férias.

— Presente? — O advogado repetiu, confuso. Olhou brevemente ao redor, e ao ver todas as mesas cheias de sacola, sentiu seu estômago revirar. Oh, não. Era hoje.

— Sim, presente — Chiaki continuou, sem se importar com a palidez repentina de Byakuya. — Hoje é o dia do amigo secreto, esqueceu? Depois do almoço, estaremos livres. Quer dizer, livres para participar da festa. Hm, acho que vou comer algo bem leve hoje...

Byakuya não se importou com a divagação de Chiaki, pois ela logo estava em silêncio novamente. O loiro apoiou o cotovelo na mesa, colocando sua mão na testa. É. Ele tinha esquecido completamente.

Observou brevemente as pessoas na sala com mais calma. Todos já estavam conversando sobre isso, Sonia estava até com um prato estranho na mesa, provavelmente típico do seu país natal. Como ele não tinha notado nada disso antes?

— Tudo bem, não te culpo. — Chiaki tentou consolá-lo. — Eu também tinha esquecido, lembrei hoje. No caminho pra cá, comprei uma xícara, um laço e uma embalagem para presente. Espero que isso sirva de presente.

Byakuya engoliu a seco. Ele não tinha tempo para sair e comprar uma xícara. Droga, quase sentia-se mal. Abriu suas gavetas, tentando achar alguma coisa que pudesse dar a Makoto. Droga, droga, droga.

Na última gaveta, bem ao fundo, além do espaço em que guardava seus chás, Byakuya achou sua salvação: uma caixa de Ferrero Rocher. Lembrava que tinha comprado para uma colega sua que tinha saído de licença. Provavelmente era de maternidade. Todos seus colegas falaram que compraram presentes para ela — e o bebê? — e insistiram que Byakuya fizesse o mesmo, por educação. E, depois de um longo diálogo com Kirigiri, ele acabou aceitando. Porém, antes mesmo que tivessem uma oportunidade de entregar o presente, a moça pediu demissão. Ao olhar para caixa, Byakuya não teve certeza de quanto tempo fazia aquilo. Podia muito bem ter mais um ano... Bem, aquilo tinha de servir. Encarou Chiaki novamente, que pareceu entender muito bem o que ele queria.

Secret Santa ⇄ NaegamiWhere stories live. Discover now