o senhor (im)perfeito

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Após pagar a conta, os dois saíram. O ambiente dentro do bistrô era tão agradável que eles até tinham se esquecido de como estava frio do lado de fora.

Makoto encolheu-se e esfregou o rosto no cachecol que usava, como se isso fosse espantar o frio que se espalhava pelo seu rosto; seu nariz já parecia uma pedra de gelo. Talvez se arrependesse um pouco de não ter aceitado ir de carro, pois podia muito bem ter ido com o dele, não precisava da carona de Byakuya. Bem, tarde demais. Olhou ao redor; como já estava na rua, resolveu aproveitar o clima gélido natalino.

— Vamos voltar pelo parque? — convidou.

Byakuya só concordou, parecia não se afetar pelo frio. Os dois atravessaram a rua, entrando no parque. Começaram a andar pelo caminho de pedras, observando as outras pessoas por ali. Alguns estavam passeando com cachorros e outros, com crianças. Pessoas de negócios, adolescentes faltando aula, idosos procurando um lugarzinho no sol... era estranho ver tanta gente tão viva no meio da paisagem esbranquiçada do inverno. Os dois continuaram a caminhar, ainda em silêncio. Byakuya até cogitou a ideia de tentar fazer algum comentário, achava que Makoto fazia o tipinho de jogar conversa fora, mas este foi mais rápido que ele:

— Byakuya, olha! — O rapaz bateu com o braço no seu de leve. — É uma pista de patinação!

Byakuya franziu o cenho, tentando enxergar melhor. Controlou a vontade de dizer e daí?.

— Vamos lá! Eu posso te pagar o que devo agora!

O advogado torceu o nariz.

— Você não me deve nada — resmungou impaciente. — Esse almoço foi seu presente. Quantas vezes terei que repetir?

Makoto deu de ombros.

— Eu sei, eu sei, mesmo assim me sinto mal. Minha consciência não ficará em paz se a gente não for.

— Nós precisamos voltar ao trabalho — lembrou.

— Nosso turno começa só daqui a meia hora. Temos tempo.

— Isso é para crianças.

— Mas tem vários adultos, incluindo idosos, por ali! Larga de ser rabugento. Você tem 27 anos, não 90.

Byakuya arrependia-se de ter sido legal com aquele cara.

— Mas...

— Ah, entendi — Makoto cortou-o, com um sorriso sacana. — Você está com medo, não está? Tudo bem. Pobrezinho. Vamos voltar pro trabalho, sim, não falamos mais no seu medo — e fez questão de repetir e frisar a última palavra.

Byakuya sentiu seu sangue ferver.

Medo? Escuta aqui, seu...

— Pobrezinho — Makato só repetiu, balançando a cabeça. Parecia realmente estar com pena.

O advogado só encarou-o novamente. Amaldiçoou tudo na sua vida; sua tentativa de ser alguém melhor, Kirigiri, o próprio Makoto e sua necessidade de sempre mostrar superioridade, até mesmo quando não precisa, pois ele sabe que é o melhor.

— Você acha que vai me convencer assim?! Hah...

Makoto só o olhou, ainda com aquela expressão. Coçou a bochecha. O advogado suspirou irritadamente.

— Ok, vamos — falou, rangendo os dentes. — Vamos lá agora.

Byakuya odiou o sorriso vitorioso de Makoto.

Andaram em direção ao local. A pista não era muito grande e não tinha tantas pessoas patinando no momento, mesmo que houvesse bastante gente no parque. A fila estava pequena também. Makoto falou com um dos supervisores dali, comprando um bilhete de dez minutos para ambos.

Secret Santa ⇄ NaegamiTahanan ng mga kuwento. Tumuklas ngayon