how the Grinch (didn't) steal Christmas

947 85 353
                                    

Byakuya olhou a tela do computador com os olhos franzidos. Sua cabeça doía, mas não era nem pelo estresse do trabalho. Era pela indecisão.

Olhou o pequeno calendário da área de trabalho. Era dia 23. O fatídico dia da festa — e também o último dia de trabalho antes do recesso. A maioria dos seus colegas já não estava mais na empresa, mesmo sendo recém três horas da tarde. Começou a brincar com o grampeador, tentando organizar seus pensamentos. Seu futuro próximo parecia um borrão. Olhou para frente, nem Nanami estava por ali mais. Resolveu buscar um café, mesmo sabendo que isso só aumentaria seu nervosismo. Porém, quando se levantou, notou uma pessoa se aproximando; para sua infelicidade, era Kirigiri. Lá vem, pensou ao observar seu olhar sério. 

— Está de saída já? — A mulher perguntou e encostou-se numa das divisórias do setor, recebendo um olhar de reprovação em troca.

— Ainda não. Vou buscar um café.

— Vou contigo.

Byakuya gostava dessa parte assertiva da sua personalidade, mas nunca quis tanto rejeitar a companhia de alguém. 

Levantou-se e logo os dois saíram. Poucas pessoas andavam pelos corredores.

— E então, vai à festa hoje pela noite? — Kirigiri perguntou, encarando a máquina que enchia sua xícara. Byakuya deu de ombros.

— Você vai?

— Vou — respondeu, apertando novamente no botão de café expresso sem açúcar. — Makoto gosta dessas coisas, sabe? Ele sempre fica insistindo para eu ir.

Byakuya, ao ouvir seu nome, sentiu uma espécie de frio na barriga. Lembrou-se do dia em que saíram juntos, mais ou menos duas semanas atrás, e tentou afastar esses pensamentos.

— Ele faz o tipo.

Kirigiri concordou.

Kirigiri concordou, dando lugar para Byakuya usar a máquina. Escorou-se na parede, observando-o sem falar nada. Aquela mulher mantinha uma aura calma até mesmo quando tomava café.

— Sabe, você se orgulha muito da sua inteligência, mas às vezes é tão estúpido...

Byakuya virou-se, chocado com tamanha petulância. Encarou Kirigiri, que mantinha a expressão calma de sempre. Parecia que nem tinha sido ela quem fez o comentário.

— O quê? — O advogado sentia seus dentes rangendo.

— Cuidado, você vai precisar de uma dentadura logo se continuar assim.

Ok, era isso. Kirigiri estava brincando? Franziu o cenho, sem nem se importar com o café mais. O que deu nela? Byakuya começou a contar para manter a paciência, lembrando-se que ele não mais trataria plebeus que nem ela rudemente. 

— O quê? — repetiu novamente com uma falsa calma.

A moça suspirou, olhando para o teto, aérea. Um tempo atrás, perguntava-se como alguém como ela era capaz de aguentar Makoto. Agora, fazia esse mesmo questionamento, porém ao contrário.

— Você me ouviu. Ou teria eu me precipitado? — murmurou a última parte. Byakuya estava cada vez mais confuso. — Bem. Vá à festa. Vai ser legal. E não esqueça de se vestir à caráter.

Byakuya franziu o cenho. À caráter? Espere — isso não era nem a pior parte daquela conversa tão confusa. Observou Kirigiri se afastar, mas não sentiu vontade alguma de alcançá-la para tentar entender.

Hunf. A insolência da outra advogada ainda o chocava.

***

Byakuya bateu o ponto e resolveu ir direto a sua casa. Tomou um banho e sentou-se no sofá, com uma xícara de café em mãos. Seus colegas estavam falando sobre a festa no grupo do trabalho do Telegram, mas Byakuya não conseguia focar no que estava sendo dito. Sabia o local, sabia a hora; só não sabia o que fazer.

Secret Santa ⇄ NaegamiWhere stories live. Discover now