making things right

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Byakuya tentou manter Makoto longe de seus pensamentos. De verdade. Os dois não tinham nada em comum, nunca tinham nem se visto até aquele momento e dali para frente as coisas provavelmente voltariam ao normal. Porém, convencer-se disso estava sendo uma tarefa mais difícil do que esperava — e se ele se pegava olhando a ficha de Makoto na intranet nos seus momentos livres, bem, isso era problema somente seu. Suspirou; nada daquilo fazia sentido. O tédio natalino estava afetando sua cabeça, era a única explicação plausível.

O advogado olhou o relógio, era um pouco depois das 10. Mais duas horas e algo para seu intervalo. Espreguiçou-se e resolveu buscar um cafezinho na máquina.

Pegou sua nova caneca — em contraste com a porcelana branca, podia-se ler a frase "não fale comigo, eu só ligo para o café" em letras pretas garrafais; Chiaki não podia ter escolhido um presente melhor — e andou pelos corredores. Em cada andar, havia três máquinas de café espalhadas. Na opinião de Byakuya, a que era na frente do banheiro masculino tinha o melhor café. Pelo visto não era só ele que achava isso, pois Kirigiri estava ali também, esperando a máquina terminar de encher seu copo térmico.

— Bom dia, Byakuya — cumprimentou, mal olhando-o. — Gostei da caneca.

— Bom dia — respondeu. — É. Chiaki escolheu bem.

Silêncio. Nenhum dos dois realmente ligava para isso. Kirigiri terminou de encher o copo, dando lugar para Byakuya passar. Ainda assim, ficou parada ao seu lado, como se estivesse esperando por algo.

— Ah, — Kirigiri chamou sua atenção — por falar em presentes bons, você sabia que os chocolates que deu para Makoto estavam vencidos?

Byakuya paralisou e olhou para o rosto da colega. Oi?

Esperou ser algum tipo de piada de mau gosto, mas ela mantinha seu semblante completamente sério. O advogado entreabriu os lábios, mas não falou nada. Não sabia nem o que dizer. Kirigiri, então, continuou:

—Se não me engano, Makoto disse que te avisaria sobre isso no dia da festa, mas é provável que tenha esquecido. Ele é meio cabeça de vento às vezes. Mas é, foi uma pena, eu queria muito provar...

Byakuya engoliu a seco, sentindo suas orelhas arderem. Talvez fosse o efeito do tédio natalino, mas, naquele momento, estava se sentindo muito... esquisito. Talvez estivesse até envergonhado. Provavelmente teria sido melhor se ele nem tivesse dado presente algum no amigo secreto; poderia muito bem mentir que esqueceu o pacote no carro e traria no dia seguinte. Pronto. Teria mais um dia para comprar algo melhor — ou pelo menos algo que não fosse estragado.

Suspirou. E Makoto? Será que estava ofendido? Pronto, agora seu pescoço estava ardendo também, e ele não se surpreenderia se seu rosto ficasse vermelho. Simplesmente ridículo. Aliás, pensando em coisas ridículas, por que aquele cara não falou nada na festa? Makoto foi falar com ele, não era possível alguém ser cabeça de vento a esse ponto. Byakuya podia ter comprado algo na hora e tudo já estaria resolvido.

— Mas não se preocupa, ele não liga de verdade — Kirigiri afirmou, tomando um pouco do seu café. — Bem, estou indo. Só achei isso engraçado e quis compartilhar, espero que não se importe.

E saiu dali, enquanto Byakuya ainda continuava parado, com a mão no botão da máquina.

Que mulher maldita. "Espero que não se importe"? É sério? Byakuya podia não ser mais um Togami para se orgulhar de seu sobrenome, mas ele ainda prezava pela sua imagem. Não deveria ter deixado algo assim acontecer. Ah, não. Ele teria que fazer algo para se redimir, não é? 

Droga. Odiava esse tipo de coisa. Odiava se sentir em dívida com alguém. E, mais que tudo, odiava seu chefe e sua ideia imbecil de unificar a comemoração dos setores. 

Secret Santa ⇄ NaegamiWhere stories live. Discover now