O começo

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[Ponto de vista: NamJoon]

Se me perguntassem o que eu esperava para aquele dia, eu com certeza responderia que não seria um dia muito grandioso, afinal a minha vida não era muito animada. Eu trabalhava como psiquiatra em um hospital há dois anos, morava sozinho com a minha cachorrinha e tinha meu próprio dinheiro. Eu tinha vinte e sete anos na época e quando acordei às sete da manhã naquele dia, parecia que seria somente mais um plantão normal. Como todos os outros, eu sentaria na minha sala e esperaria pelos meus próximos pacientes normalmente. Porém, aquele dia guardava algo surpreendente e que prometia mudar minha vida.

Eu me lembro muito bem de como estava o clima naquela manhã. Fazia calor mesmo estando tão cedo, e eu soube assim que cheguei no hospital que JungKook e a equipe de enfermeiros teriam um dia cheio. Ainda eram oito da manhã quando encontrei o Jeon encostado no balcão da recepção, tomando um café enquanto olhava o prontuário de um paciente.

— Oi, Kook! — o cumprimentei. Ele olhou para mim e não demorou a sorrir e me dar um abraço.

— Oi, Nam! Como vai?

— Estou bem. Aconteceu algo grave com ele? — pergunto apontando para as anotações.

— Ele só bebeu demais e agora está dando trabalho. O típico paciente de uma madrugada de sábado. — diz, me fazendo rir. Ouvi o tilintar de uma campainha logo em seguida. — Está apertando aquele maldito botão desde que chegou aqui. Dizer que ele poderia nos chamar só apertando ali é meu maior arrependimento. Já expliquei milhares de vezes que ele só tem uma dor de cabeça normal e que não precisa se preocupar com isso. Estou esperando os remédios fazerem efeito para finalmente liberá-lo. — JungKook revira os olhos assim que o som é ouvido novamente. Eu ri. — Vou ver o que ele quer dessa vez. — diz, largando as coisas no balcão.

— Tudo bem, eu vou pra minha sala. Seu plantão termina em quatro horas, não é? O que acha de tomarmos alguma coisa depois do trabalho?

— Vai ser ótimo! Ah, minha mãe fez biscoitos ontem e ela insistiu que eu trouxesse alguns pra você. — diz, tirando um pote debaixo do balcão. — Só não esquece de devolver o pote. — me entregou e eu sorri, pegando o objeto.

— Obrigado, Kook. Bom trabalho!

— Igualmente, Nam. — já de costas, dei uma risada sozinho pela última vez quando ouvi novamente o som da campainha.

Eu sempre encontrava JungKook no horário de descanso dele e o chamava para sair nos seus dias de folga. Nós tentávamos manter a amizade mesmo sendo tão difícil nos falarmos com frequência. O conheci na faculdade, o que significa que nos conhecíamos a mais ou menos seis anos. Ele se tornou uma pessoa muito importante pra mim, e eu sempre fazia questão de dedicar um tempo pra ele e tentar tirar um pouco do cansaço e estresse do trabalho.

Saí do pronto-socorro e fui direto para a ala de psiquiatria, lugar com o qual eu já estava acostumado a trabalhar já que passava quase todos os dias ali. Eu lidava com crianças e adolescentes e sinceramente não me via fazendo mais nada da vida. Não tinha sensação melhor do que conseguir ajudar alguém, principalmente quando sua ajuda revoluciona uma história. Eu realmente amava o meu trabalho e agradecia todos os dias por ser capaz de fazê-lo.

Mais ou menos uma hora depois, me lembrei que não tinha tomado café da manhã e decidi comer os biscoitos que a mãe de JungKook tinha preparado, para distrair o estômago por mais três horas até a hora do almoço. Estavam deliciosos como sempre. A senhora Jeon tinha um sonho adormecido de ser confeiteira e ultimamente tinha colocado suas habilidades culinárias em prática, e eu e JungKook tínhamos o papel prazeroso de sermos suas cobaias. Ela sabia que chocolate era meu sabor preferido e estava abusando disso. Eu não reclamava de forma alguma, pois mesmo comendo o mesmo biscoito várias e várias vezes, eles ainda continuavam sendo os melhores e a sensação era sempre a mesma da primeira vez.

Número da Sorte | NamJinOù les histoires vivent. Découvrez maintenant