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Anna✨

Finalmente hoje vou me mudar pra minha casa nova, tô feliz pra caralho.

Dalva: tudo pronto filha, podemos ir.- assenti feliz e olhei pra casa que agora tá vazia.

A casa não é da gente, é alugada, sempre moramos de aluguel e eu sempre vi minha mãe se matando de trabalhar pra pagar todas as dívidas e o aluguel, e isso me doía.

Ela trabalhava em casa de família, e caralho, é um trabalho pesado, sempre quis dar uma vida melhor a ela e acho que tô conseguindo. Quando comecei a trabalhar ajudava ela nas dívidas, no aluguel.

Geovana: aleluia não aguentava mais essa casa.

Dalva: não fala isso menina, sempre batalhei muito pra gente ser feliz aqui, e de certa forma eu fui, nós fomos.

Anna: sim, nós fomos mãe, eu fui. Crescemos aqui né, querendo ou não vai deixar saudades.

Geovana: ai só vocês mesmo, porque eu não vou sentir saudade nenhuma. Vamo pra uma casa melhor, amém.- ela falou pegando a caixa com as coisas dela.

Dalva: agradece a sua irmã.

O caminhão já tava pronto com os móveis dentro só esperando a gente, me despedi da casa que passei boa parte da minha vida e entreguei a chave pra os donos lá fora.

- obrigada por tudo meninas, boa sorte na nova vida de vocês, não esqueçam da gente tá.- a dona da casa falou.

Anna: claro que não dona Márcia, e muito obrigada por tudo também, pela paciência com os aluguéis atrasados.- ela negou rindo.

Dalva: ai nem me lembra desses sufocos Anna.- eu ri - tchau dona Márcia, tchau seu Pedro, obrigada.

Pedro: Boa sorte meninas, tchau Geovana.- ele gritou pra ela que tava no carro e falou de lá.

Entramos no caminhão e ele guiou pra nossa casa nova, ajudaram a gente a colocar tudo dentro e eu paguei e eles foram embora.

Geovana: caralho ein Anna, agora sim. Que casa meus amigos, bem melhor que aquele muquifo que a gente morava.- ela revirou os olhos lembrando e eu neguei.

Anna: o primeiro quarto lá de cima é o meu, o seu é o terceiro, o do meio é da mãe.- ela assentiu e subiu pra ver enquanto eu e minha mãe desempacotavamos as coisas.

Dalva: ai minha filha obrigada por tudo, mas essa casa deve ter custado uma grana ein.

Anna: já disse pra você não se preocupar, tô ganhando dinheiro suficiente pra termos uma vida melhor.- ela negou rindo e me abraçou.

Depois de quase 2 horas terminamos de arrumar a cozinha, a sala, enfim a parte de baixo, agora era só deixar nossos quartos como queríamos.

Subi pra arrumar o meu, os móveis já tavam lá, os caras da mudança colocaram, agora é só arrumar como quero.


* * *  

Já tava quase de noite e eu tomei meu banho, preparei minhas coisas, me despedi da minha mãe e sai pra ir pro morro, não era tão longe daqui.

Geovana: ei Anna.- ela gritou e eu me virei vendo ela.

Anna: esqueci alguma coisa em casa?- ela negou e se aproximou.

Geovana: queria um emprego desse que você tem ein, ganhando grana pra caralho, comprou até uma casa nova.- ela riu cínica.

Anna: espera chegar sua idade neguinha, ai você arruma um emprego e ganha muito dinheiro pra melhorar de vida também.- sorri falsa.

Geovana: claro maninha, mas eu vou arrumar um emprego justo sabe.- engoli seco.

Anna: muito bem, assim que eu gosto, não quero você em vida errada, minha irmãzinha mais nova...- fui cínica igual ela.

Geovana: vai lá, tchau, vou procurar amigos novos aqui no bairro.- assenti e sai andando.

Não é de hoje que a Geovana me desafia, desde que comecei a aparecer com mais dinheiro ela vive me provocando, se pá ela sabe no que eu tô envolvida.

Cheguei no morro e fui subindo até o bordel, não era tão em cima, amém. Assim que entrei fui direto pro meu quarto me arrumar e encontrei a Karina chorando.

Anna: Iih o que foi meu amor?- sentei do lado dela na cama e coloquei uma mecha do cabelo dela atrás da orelha e ela me encarou.

Karina: eu sou uma otaria!- ela falou enxugando as lágrimas.

Anna: por que?

Karina: sabe o Carlos? O cara que fica comigo sempre e que eu sou apaixonadinha por ele?- assenti.

Anna: o que rolou Ka?

Karina: ele me iludiu mais uma vez, a otária caiu no papo e agora ele tá namorando. - suspirei.

Anna: ai Ka, namoral, você é linda, poderosa e merece muito mais que esses caras idiotas. Foca em você, na sua vida e dá a volta por cima, mostra a ele que você é muito mais que um brinquedo.- ela assentiu.

Karina: eu tô pretendendo sair dessa vida amiga, mas é difícil quando não se tem apoio de ninguém, só é eu por mim e pronto.- ela chorou.

Anna: ei, eu tô aqui agora, você não tá sozinha, tu sabe disso.- encarei ela serinha.

Karina: obrigada amiga.- ela me abraçou e eu retribui com um abraço forte.

A Karina nunca teve uma vida fácil, longe disso, eu sei que não sou rica nem nada, meu pai me abandonou, mas eu sempre fui feliz, nunca faltou nada pra mim, tive uma mãe que lutou por mim e isso a Karina nem teve direito.

Minha mãe sempre quis ajudar ela, mas tínhamos tão pouco que mal dava pra gente. Isso nós deixava de coração partido. Depois ela sumiu por um tempo, foi quando ela entrou pra essa vida e disse que tava conseguindo se virar.

Anna: te amo, cê sabe disso né?- ela assentiu e sorriu fraco - vamo se arrumar que dinheiro não vai cair do céu se a gente ficar aqui.- ela riu.

Karina: infelizmente. Só queria um velho rico pra me bancar.- gargalhei.

Anna: quem sabe não aparece um ai hoje.- falei rindo.

Karina: Deus te ouça.- nós rimos e fomos nos arrumar.

𝙴𝚂𝚃𝚁𝙴𝙻𝙻𝙰 [𝙼]Where stories live. Discover now