4 - A noite em que nos conhecemos

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10 anos atrás.


— Dean, você vai né? – Sam pergunta ao irmão quando o encontra em seu quarto, deitado a cama enquanto lia alguma revista sobre rock clássico em suas mãos.

— Vou aonde? – Dean desvia seu olhar da revista para ele, olhos questionadores.

Já impaciente, o mais novo revira seus olhos e solta um suspiro.

— Na minha peça, Dean. A que você me ajudou a ensaiar esses dias.

— Ah, tá, tá... – Ele volta a atenção para a revista, fingindo pouco caso do assunto. – Quando é mesmo?

— Já te falei umas 10 vezes que é amanhã.

— Puts, maninho... papai me deu folga amanhã mas eu vou encontrar minha gata.

— Qual é, Dean! Eu te avisei pra não marcar nada- quer saber? Não tô nem aí pra sua namoradinha que semana que vem já vai ter te largado. – Apesar de mais novo, Sam quando quer tem a língua tão afiada quanto Dean.

— Me respeita, pirralho!

— Tanto faz. Só me dá carona então porque vou ter muita coisa pra carregar.

— Se vira. – Dean diz, passando uma página da revista.

— Dean! É sério, por favor. Você sabe que nosso pai não vai, eu não tenho como ir. – Sam detesta ter que implorar, mas com seu irmão raramente ele tinha outra opção.

— Ele é ocupado, Sam. Você sabe. – Agora Dean faz questão de tirar seus olhos da revista. Defender seu pai coloca ele sempre num modo automático, em que precisa se mostrar sério e fiel.

O caçula revira os olhos e suspira mais uma vez. Cruzando os braços, ele persiste em sua opinião.

— Claro, consertar alguns carros é com certeza mais importante do que um dia com os filhos e ir assistir uma peça da escola em que seu filho faz parte!

Ele não intencionava soar tão magoado, Sam faz de tudo para demonstrar indiferença quanto às atitudes do pai, mas não consegue evitar desta vez. Apesar de ser uma simples peça de teatro escolar, o garoto havia se empenhado muito nos últimos dias e foi um dos alunos que mais se destacou nos ensaios. Além disso, a peça faz parte dos últimos eventos seus na escola, uma vez que está no último ano do ensino médio. Se tivesse um mínimo de reconhecimento do pai, ou principalmente do irmão, sua satisfação seria grande. Mas parece que não teria nenhum dos dois, e aquilo o magoa de uma forma que tentaria não demonstrar.

— Sam... – Dean quer argumentar, dizer que o trabalho realmente impede o pai de ir vê-lo e passar mais tempo com eles, mas no fundo ele sabe que não é verdade.

— Esquece. Você vai me dar carona ou não? Só responde logo, porque aí vou pedir pra tia Ellen ou tio Bobby.

Querendo aliviar o momento e tentar tomar proveito da situação, Dean esboça um sorriso malandro de lado.

— Se eu te levar, você lava minha roupa por duas semanas?

Incrédulo, Sam o olha com raiva, jogando as mãos para o ar em um gesto de impaciência.

— Tchau, Dean. – E ele se vira para sair, mas Dean ri e o chama, o fazendo parar.

— Eu tô te enchendo, Sammy. É claro que eu vou na peça, até parece que eu vou perder a chance de ter algo pra te zoar o resto da vida. – O mais velho brinca, mas não fala assim tão sério. Ele sabe quando o irmão está ansioso para a apresentação. – Só tava tentando fazer você lavar minha roupa.

AngelWhere stories live. Discover now