2 - Ausência

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Dois dias depois.


A cabeça de Dean lateja de dor.

Abrindo os olhos, a luz do sol que vem pela janela agride seus olhos. Percebe que se esqueceu de fechar as cortinas antes de dormir. Suas pálpebras ainda pesam, o gosto do álcool consumindo seu hálito de forma incomoda.

Ao lembrar-se da conversa da noite anterior, de tudo que Castiel lhe contara, da forma em que brigaram e em que Castiel fora embora, sua cabeça apenas insiste em doer.

Ele pega seu celular desajeitadamente e olha as horas. 11 da manhã.

— Puta merda! – Disse em voz alta ao perceber que estava extremamente atrasado para o trabalho. Sabia que não deveria ter bebido tanto quando chegou em casa, mas seu organismo simplesmente necessitava de algo forte, como um tipo de escape ou até mesmo punição. Dean quis beber até esquecer seu próprio nome, mas tudo que conseguiu esquecer foi que tinha de chegar à oficina às 7 da manhã do dia seguinte. – Meu pai vai me matar. – Ele comenta consigo mesmo.

Apoiando-se no colchão, ele ergue o corpo para se sentar. Imediatamente se arrepende. O quarto gira e sente como se tivesse recebido uma martelada em sua cabeça. Mas não pode voltar a se deitar, seu estômago o faz levantar-se correndo e ir direto ao banheiro, soltando todo o álcool que ingeriu durante a noite. Definitivamente, ele não conseguiria chegar até a oficina naquela manhã.

Voltando para o quarto após fazer sua higiene básica, sem sucesso ainda de retirar o mau hálito, Dean toma seu celular e hesitante envia uma mensagem ao pai, explicando o motivo de sua ausência e prometendo compensar as horas perdidas no fim de semana. Sua barriga gela em nervoso; torce para que seu pai não o oprima demais por isso.

Havia em suas notificações também, como de costume, algumas mensagens de Sam. Seu irmão vez ou outra perguntava como estavam as coisas, e naquele dia enviou-lhe algumas mensagens. Provavelmente é um dia de folga em que ele dedica a conversar bastante com Dean.

Desde que Sam conquistara sua liberdade, saindo de casa para fazer sua sonhada faculdade de direito, a vida de Dean nunca mais foi a mesma. Mas Dean não mudaria nada sobre aquilo se tivesse o poder. Se sua solidão significasse que Sam estava feliz, independente, longe de casa, então seu irmão mais velho escolheria sim uma vida de solidão. E alguns anos depois do irmão ir embora, ele mesmo arranjou seu próprio canto, deixando de morar com o pai... as vezes Dean acha que morar sozinho é pior do que morar sozinho com o pai. Apesar de quieto e reservado, ao menos John o fazia companhia quando não estava trabalhando... mas aí Dean se lembra de todas as brigas, todas as vezes que o pai o reprimia, e rapidamente ele volta a ter certeza de que ter sua própria casa é bem melhor, por mais que pagar todas as contas fosse extremamente complicado considerando o baixo salário que recebia na oficina. Sua casa era pequena, simples, em um bairro longe de ser nobre, mesmo assim o aluguel, as despesas e afins são grandes. Ele sempre dá seu jeito, se virando como pode, mas às vezes precisa recorrer ao irmão, e Dean detestava isso.

Ele também tinha Cas em seu apoio, que o visitava frequentemente depois que ele se mudou, e Dean fazia o mesmo, visitando e passando tempo com ele sempre que podia, o que ajuda totalmente na solidão que batia na porta desde que seu irmão se mudou.

Ademais, no final do ano anterior veio Jack, o garoto de 15 anos que Castiel sonhou por alguns anos adotar e finalmente conseguiu. Inclusive fora Sam quem ajudara a completar o processo todo de adoção. Dean tinha muito orgulho dos dois. Em poucos meses em que Jack se tornara família de Cas e consequentemente parte da família "não sangue" de Dean, ele já se tornara tão especial quanto Castiel, não só para Dean, como também para Sam e os amigos em comum dos irmãos - que incluía Gabriel, irmão de Cas, Rowena e Charlie. O grupo formava um núcleo de amizade que se baseava em risadas, apoio moral, união e todo mundo pedindo pra que Cas e Dean formassem um casal, já que a química dos dois era enorme desde que eles se conheceram.

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