7 - Sentimentos

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Mesmo tendo demorado a dormir, Castiel é o primeiro a acordar.

A indignação com os acontecimentos da noite anterior ainda paira sobre seu peito de maneira intensa. O abuso que Dean sofre nas mãos do pai é algo que incomoda cada célula de seu corpo, e aceitar e ficar apenas assistindo esperando o próximo ataque não é uma escolha que ele pretende realizar.

Decidido, pouco depois de ter despertado, o moreno alcança seu celular, tomando o cuidado com seus movimentos para evitar acordar Dean, que ainda dormia em um sono profundo. Seu corpo está ainda bem próximo, deitado de lado e seu rosto, ainda marcado, mas não tanto quanto estava na noite prévia, na direção de Castiel.

Algumas mensagens são suficientes para colocar o Winchester caçula a par da situação. Não sabendo por quem mais recorrer de início, Castiel decide que Sam é a melhor pessoa para ajudá-lo, não só pelo fato de sua profissão ser a de advogado, como também por saber que Sam ama o irmão e faria o que fosse possível para afastá-lo de tantos maus tratos.

Sam, como Cas já esperava, recebe a notícia com choque e inquietação. Ambos compartilham a vontade de ir atrás de John e dar a ele o troco que tanto merecia, mas eles sabem que isso seria apenas uma solução temporária. Eles precisam de algo fixo, que retire Dean de uma vez por toda daquela oficina e com seus direitos de trabalhador todos em dia. Por isso Sam é a melhor pessoa para ficar sabendo de tudo o que Castiel vivenciou na noite que se passou.

Mesmo depois de terminada sua conversa com o Winchester mais novo - que leva alguns longos minutos - Cas ainda vê Dean aprofundado em seu sono. Ele aproveita para observar o rosto do rapaz enquanto pode, sem interrupções, sem ter de desviar seu olhar para não causar desconforto.

Cas ressalta em sua própria mente, e não pela primeira vez, nem pela última, como Dean é bonito.

Seus longos cílios casam perfeitamente com seus olhos, que não precisam estar abertos para que Castiel os visualize bem. As sardas em sua pele são como respingos de tintas que completam uma obra perfeitamente pintada. Seus lábios despertam em Cas uma tentação por beijos que ele raramente sentia.

Estendendo sua mão, ele toca o rosto à sua frente e acaricia a bochecha de Dean onde não há vestígios de hematomas. Deseja poder fazer aquilo todas as manhãs, tê-lo ao seu lado, poder protegê-lo e dar o amor que ele merecia, longe de qualquer ameaça.

Assim ele continua por mais um tempo, observando o homem que ama, acariciando seu rosto, até que um forte tremor em Dean interrompe seus atos.

Murmurando sons inteligíveis, o corpo de Dean começa a reagir a algum provável pesadelo. Seu rosto começa a demonstrar sua inquietação e temor, suas sobrancelhas se curvam em uma mistura de dor e medo.

Castiel o chama uma vez, mas não surte efeito algum. Então, segurando-o pelo ombro com firmeza ele repete o chamado, e com algumas tentativas sucede em acordá-lo, ao menos o fazendo abrir seus olhos. Quando Dean o olha, Castiel imediatamente o abraça forte, uma força como a de alguém que segura algo que poderia cair e quebrar ao chão.

— Dean, está tudo bem. Está tudo bem. – Cas sente o corpo parar de tremer dentro de seu abraço, mas sua respiração agora é forte e ansiosa. – Foi apenas um sonho.

Depois dessas palavras é que o moreno sente seu abraço ser devolvido. Dean se segura a ele de forma recíproca: como alguém com medo de cair, e pressiona seu rosto contra o peito à sua frente, carente por algo concreto, por toques físicos que o confortem e não o machuquem como no pesadelo que teve. Como na noite anterior que teve.

— Está tudo bem. – Castiel reafirma, acariciando as costas dele como forma de ajudar a estabilizar sua respiração.

Leva alguns minutos para que isso aconteça, mas o resultado é certamente satisfatório para Dean.

AngelWhere stories live. Discover now