19 - Interferência

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O cansaço mental de Dean demora a passar.

Na verdade, ele parece até mesmo piorar quando Sam o liga para contar sobre o processo que se iniciara contra John.

De início, Dean não sabe como lidar com aquela informação. Legalmente, ele sabe que é o certo a se fazer mas quanto a sua sanidade, parece ser um novo golpe a ser recebido já que ele obviamente faria parte do processo, teria de dar sua testemunha, provar que nunca fora tratado decentemente como funcionário e como filho.

Sam insiste dizendo que ele não precisaria fazer nada do tipo caso não quisesse ou não estivesse pronto, mas Dean não sabe se conseguiria simplesmente ignorar tudo aquilo que estaria por vir.


Nos primeiros dias ele se recupera ao lado de Cas.

Ellen, assim que fica sabendo do ocorrido, concede a Dean alguns dias de folga, e por mais que ele tente negar, ela é firme em sua decisão. Ele só tem medo do que um tempo sem seu emprego pode fazer com sua mente, mas no fim sente que o descanso é bem melhor do que imaginara, principalmente por ter mais tempo ao lado de Castiel.

Todas as noites antes de dormir Dean o agradece, o pede desculpas. Às vezes chora, às vezes não consegue dizer nada, escolhendo então por demonstrar com abraços, beijos, carícias. Às vezes pensa que Castiel poderia ser mais feliz sem ele, mas um pensamento assim facilmente se contraria com as atitudes do anjo.

Eles se amam, e nada mudaria isso.

Justamente por isso também que, algumas semanas depois do infeliz encontro de Dean com seu pai, Castiel decide oferecer mais uma prova a Dean de que, independente de seus problemas, sua vida se completava ao lado dele.

Dean, agora contratado oficialmente pelo Roadhouse, depois do seu período de folga, passa o tempo que tem livre com Cas, alternando entre seu trabalho, sua própria casa e intervalos com seu amante. Contudo, uma vez que o trabalho começa a ficar mais profissional, Dean acaba passando mais tempo em sua própria residência devido seus horários. Apesar da insistência de Cas que não teria problema, o Winchester não gosta de perturbar o sono de seu anjo, chegando tarde da noite e sem sequer poder trocar palavras ou beijos com seu amado.

Quando começa finalmente suas sessões de terapia, o tempo se encurta ainda mas, mas seus sentimentos começam a se alinhar, seus acessos de raiva começam a fazer sentido, e seu peito parece se aliviar aos poucos de um peso que ficara ali por muitos anos.

Castiel, é claro, sempre se certifica em dizer o quão orgulhoso está.

É depois de um dia de terapia, de trabalho, de resoluções de pequenos compromissos como pagar o aluguel, reabastecer a geladeira, enviar documentos e comprovantes a Sam que provam que seus salários na oficina nunca foram pagos corretamente, que Dean acorda mergulhado em uma carência saudosa de seu anjo. Faziam exatos 5 dias que não se viam, e isso é mais do que ele decide suportar. Por isso, antes mesmo de se levantar para escovar seus dentes e aprontar seu café, ele alcança seu celular logo que abre seus olhos, discando o número de Castiel sem dar importância às notificações à sua espera.

Bom dia, cowboy. Castiel atende com seu típico jeito perfeito de ser.

— Bom dia, anjo.

Acordou agora?

— Tá assim tão óbvio?

Um pouco. Eu sei reconhecer bem sua voz de recém acordado.

— Sexy. – Dean sorri. – O que tá fazendo?

Agora, exatamente, estou olhando pelo vidro do carro enquanto converso contigo.

AngelOnde histórias criam vida. Descubra agora