Capítulo 01

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"Dime, dime, dime si tú quieres andar conmigo
No tiene caso que sea tu amigo
Y si no quieres solo dame un rato
Baby, pero sin ningún contrato"
(Sin Contrato - Maluma)

– ¡Díos mío! Qué te pasó?

Ele correu em direção à porta e apertou o botão na parede, permitindo que eu entrasse, sem parecer se importar com o fato de eu estar ensopando o luxuoso piso laminado de sua casa.

– Só preciso que você abra a porta da saída para eu pedir um Uber e ir para casa.

Falei, tudo de uma só vez, com a mandíbula e todo o resto do corpo tremendo de frio.

– Você dormiu aqui fora?

O homem perguntou, parecendo chocado.

– Não! Eu dormi lá em cima com você! – Ele pareceu buscar na memória a lembrança de ter dormido acompanhado e, pela expressão facial, se lembrou. – Acordei procurando a saída para pedir um Uber e ir embora, mas acabei presa aqui. Daí a chuva começou e eu... eu só preciso muito ir para casa, você não precisa falar nada, só abrir a porta. Por favor!

Implorei, evitando olhá-lo pois estava prestes a ter um colapso de tanta vergonha acumulada.

– Tá louca? Não vou deixar você sair daqui assim.

Ele disse, observando com ar assustado minhas pernas molhadas e cheias de grama.

– Só abre a porta, por favor!

Falei, passando a mão por debaixo dos olhos para limpar o resto de maquiagem do dia anterior que eu não removi e tinha certeza que, devido à chuva e às lágrimas, estava em estado deplorável.

– Você acha que algum motorista vai te levar a algum lugar encharcada desse jeito? Por que você não toma um banho enquanto eu faço um café quente? Esse frio vai acabar te dando uma pneumonia.

Eu estava com frio demais para me dar ao trabalho de explicar que o frio em si não é transmissor de pneumonia ou de qualquer outra doença, então prontamente aceitei o banho. Uma hipotermia também não parecia boa ideia, afinal.

– Pode pegar toalhas limpas na gaveta debaixo da pia.

Ele avisou, abrindo a porta de um dos banheiros de sua casa para mim.

– Obrigada!

Entrei e tranquei a porta. Por engano, abri o armário debaixo da pia ao invés da gaveta como ele tinha recomendado, e lá acabei me deparando com um secador de cabelo lilás enrolado em seu próprio fio, algumas toalhas cor-de-rosa, touca de banho e uma caixa transparente cheia de esmaltes.

A esse ponto eu já imaginava que não só havia cuspido no vinho de Jesus, como também havia fornecido todos os pregos que o prenderam na cruz. Meu dia só ficava pior!

Eu não deveria ter dormido com um estranho, muito menos com um estranho comprometido.

Eu até tentei considerar a possibilidade, mas, julgando pela aparência, esse cara não me parecia do tipo que pinta as unhas ou usa um secador lilás.

Diante dessa teoria quase concretizada na minha cabeça, minha consciência implorava para que eu desse o fora dali ainda mais rápido. Ao mesmo tempo, eu não conseguia parar de desejar um enxágue de água quente para aliviar a tremedeira do meu corpo.

"Primeiro evitar uma hipotermia, depois praticar a sororidade." Pensei, me enfiando debaixo da ducha quente.

– Er... Moça?!

Amigos Con DerechosWhere stories live. Discover now