Capítulo 26

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"Siento
Que no te he dejado de pensar
Desde ese momento
Que contigo estaría bien
Que tus ojos son perfectos yPienso
Que ya es hora de empezar
Algo en serio
Y creo que nada me impide
Decirte que estaría bienBesarnos una vez y otra vez
Hacer el amor por siempre, una y otra vez
Tocarnos una vez y otra vez
Sentir tu piel junto a la mía una vez"
(Una Y Otra Vez – Manuel Medrano)

– Me envolvi tanto com esse caso, você nem imagina.

Comentei, minutos depois, já no carro de Cristián, enquanto o rádio tocava uma música de bachata, como aquelas que o goleiro sempre ouvia. Nesse momento percebi que, de alguma forma, senti falta disso.

– Eu imagino sim – Ele sorriu – O que você fez por esse garotinho foi muito especial. O que você faz pelos seus pacientes, num geral... É surpreendente. Sério!

– Ah, obrigada! – Comentei, observando a paisagem por fora da janela, que passava rápido por nós à medida que Cristián nos guiava pela cidade – O meu jeito de lidar com a medicina é cansativo, eu confesso. Seria mais fácil me blindar e não me envolver, mas eu não consigo. Não consigo ver o paciente como um número ou como a própria doença, sabe? Ele tem uma família, tem uma história. Não dá para desistir assim tão fácil do amor da vida de alguém. E quando o resultado do esforço é positivo como foi hoje com Mateo, eu sinto que valeu à pena.

Suspirei.

– Eu só vou precisar de um mês de férias para compensar o tumulto que foi essa última semana. Mas faria tudo de novo!

Comentei em tom de brincadeira e o goleiro me olhou com ar surpreso.

– O que foi?

Perguntei, percebendo a mudança de fisionomia.

– Não, é que... eu... sobre isso...

Ele gaguejou por alguns segundos e agora já era eu quem o estava olhando com surpresa.

– O que foi?

Questionei mais uma vez.

– Terei uma pausa no calendário de jogos na próxima semana. Aluguei uma casa em Marbella, que é minha praia favorita, porque já faz algum tempo que Sofia está me pedindo para ir à praia e ela estará comigo nesta data – O jogador explicou, sem olhar muito para mim, parecendo tenso quanto a qual seria minha reação – Por que você não vem com a gente?

Engoli em seco quando ele terminou de falar, tentando processar o que acabara de ouvir.

– Eu sei, Cari, que da última vez que conversamos você ainda estava chateada comigo. E você estava coberta de razão. – Ele tomou a palavra novamente, ao perceber que não me manifestei – Mas eu queria uma oportunidade de me desculpar. De tentar de novo, de um jeito diferente, se você quiser.

Cristián pareceu tomar coragem para dizer essas palavras olhando diretamente para mim:

– Nós podemos ir devagar, como se fosse a primeira vez. Passos lentos na parte rasa, até chegar mais fundo. No seu tempo.

O jogador disse, em um sorriso tímido.

– Desculpe – Ele riu – Eu nem sei se é o que você quer, mas... Se você puder, e quiser ir, é só me dizer. Tudo bem?

– Tudo bem – Respondi, com um sorriso amarelo e o coração errando as batidas, dentro do peito. Estava nervosa, um pouco envergonhada e, ao mesmo tempo, de alguma forma, um tanto tentada a aceitar o convite.  – A gente se fala.

Amigos Con DerechosWhere stories live. Discover now