Capítulo 08

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"Sé
Que buscas a alguien que
Te vuelva a enamorar
Que no te haga sentir mal

Que hubo otro que
No supo valorar
Lo que tenías para dar
Sé que, tal vez, te hizo sufrir
Te hizo llorar, te supo lastimar
Sé que, tal vez, ya sabes de mí
Voy detrás de ti, no te voy a mentir"
(Una Lady Como Tú - Manuel Turizo)


– Você o quê?

Amanda perguntou, enquanto eu tirava da sacola de supermercado itens que comprei para receber a pequena visita ilustre de Sofia em casa.

A despensa de duas residentes que praticamente vivem no hospital a trabalho, nunca tem muita abundância, mas é o suficiente para nos manter vivas. Com uma criança em casa, porém, eu não queria ter que oferecer miojo ou biscoitos cream-cracker com manteiga para o jantar, então fiz algumas compras e entre elas levei um pote pequeno do tal leite em pó rosa, que eu já sabia que fazia parte da rotina de sono dela.

– Foi no impulso, tá?! – Falei, na defensiva – Cristián precisa ir ao tal evento do seu patrocinador e o agente dele fez uma confusão com as datas. A mãe dele vive em Guadalajara e não há a menor necessidade de fazê-lo pegar a estrada quatro vezes em um período tão curto de tempo. Eu só quis ajudar!

Expliquei.

– Essa criança não tem mãe?

Amanda perguntou, sensível como uma porta.

– Claro que tem, mas eles são separados e a mulher é complicada. Você teve uma família perfeita a vida toda, nunca vai entender a dificuldade de ser filha de um casal separado. – Falei. Só quem já viveu a situação na pele pode ter uma ideia. E ainda que eu entendesse, sabia que a relação dos meus pais era, de longe, muito melhor que a de Cristián e Veronica – Você não precisa fazer nada, amiga. Nem vai se lembrar que ela está aqui. Só estou te comunicando para não ser pega de surpresa! Eles vão chegar às 19h.

Expliquei, um pouco sem paciência com a Amanda.

Esperava que, ao menos, ela fosse entender minha atitude e me ajudar a recepcionar bem a criança.

– Certo. Se precisar de mim, me avise.

– Ok.

Respondi, guardando o restante das compras no armário da cozinha. Dei uma ajeitada na casa e conferi o relógio. Concluí que teria tempo de um banho antes das 19h e foi o que fiz.

Eram 19:10 quando o interfone tocou e eu liberei a entrada dos dois. Eu sabia que isso não significava nada e que tinha oferecido minha casa para que a filha de Cristián passasse a noite muito mais por ela do que por ele, mas não pude evitar as mãos suando e o coração disparado.

– Oi

Ele disse, sorrindo simpático quando abri a porta e me deparei com a cena: Sofia vestia uma fantasia de Elsa e segurava um macaco de pelúcia em uma das mãos, enquanto a outra segurava a mão do pai, que por sua vez tinha no ombro uma mochila infantil e vestia um blazer azul-petróleo que lhe caía muito bem (não pude deixar de reparar).

– Olá! Como estão?

Consegui falar, depois de alguns milésimos de segundo gaguejando mentalmente.

– Bem!

Sofia respondeu. Me agachei para ficarmos na mesma altura e para receber um abraço, pensando em ter um motivo a mais para tirar os olhos do pai dela, que estava especialmente bonito nessa ocasião, com os cabelos molhados penteados para trás e um perfume muito gostoso. Eu arriscaria dizer que era uma visão quase tão atraente quanto a de despertar ao lado dele na cama depois de uma noite quente.

Amigos Con DerechosWhere stories live. Discover now