34_ Péssimas notícias.

13.5K 2K 1.5K
                                    

Luke, como sempre, fez daquela noite muito especial para mim. Eu gostava de passar os natais com ele pois ele me lembrava os natais que passava com meus pais. Eu amava sua companhia.

Luke me levou de volta para casa depois de ficarmos mais uns minutos ali, mas logo também foi para sua casa.

Quando cheguei Júlia estava dormindo e o que passava na televisão era Barbie e as três mosqueteiras.

Ri da mesma e desliguei a tv. Cobri Júlia com a coberta que estava em seus pés e fui na direção do meu quarto. Me joguei na cama e sorri me lembrando dos momentos que vivi a minutos atrás. Luke me fez rir muito, como ele sempre fazia, a estrela me levou de volta a minha infância e me causou uma das melhores sensações nostálgicas.

<<

- Eu tentei fazer direitinho no molde, mas não ficou tão bom quanto o da professora. - Estendi a pequena caixa de presente enfaixada com uma fita verde para Luke que estava sentado na minha frente.

Estávamos sentados na frente da árvore de Natal. Era véspera de Natal e Luke e sua família haviam ido passar o natal na minha casa com meus pais. O que me deixou muito animada, pois ele sempre inventava muitas brincadeiras divertidas.

- Uau. - Vi um sorriso se formar no rosto de Luke quando ele abriu a caixa. - Você mesma que fez essa estrela?

- Sim. - Sorri mostrando os dentes. - Você gostou? Eu coloquei nossas iniciais. - Apontei para o A e o L juntos na estrela.

- Eu gostei muito. Vou guardar para sempre. - Seu sorriso que tinha uma janelinha bem na frente se abriu de novo e ele me abraçou.

- Crianças? Querem biscoitos? - Minha mãe se aproximou de nós dois segurando um pequeno pote de vidro que continha uns biscoitos natalinos de diversos formatos.

Tanto eu quanto Luke pegamos em formato de estrela e comemos rindo sem minha mãe entender o motivo.

>>

Sorri encarando o teto e abracei o travesseiro que estava ao meu lado. As vezes eu gostaria de poder voltar no tempo em que nenhuma preocupação me incomodava e eu era feliz na minha inocência.

[...]

- Thor, sai daí. - Murmurei vendo Thor se enfiando no meio dos livros da estantes. Se ele derrubasse aqueles livros, eu levaria três dias para colocar todos na ordem novamente.

Fui na direção dele e o peguei no colo. Segundos depois ouvi o som da porta se abrir. Era Luke. Ele segurava a caixa de donut, mas não parecia tão animado como geralmente era.

- Bom dia? - Perguntei estranhando seu silêncio e ele olhou para mim.

- Bom dia. - Ele falou num tom baixo e deixou a caixa no canto do balcão.

- Ta tudo bem? - Perguntei confusa indo para de trás do balcão e pegando o dinheiro para lhe dar.

- Uhum. - Ele apenas assentiu, mas continuava sem sorrir. Estendi a cédula para ele, mas antes que ele pegasse eu a ergui fazendo com que ele me olhasse. - Que foi?

- Está com essa cara de enterro por que?

- Eu estou bem, Anne. Preciso voltar para a cafeteria. - Luke pegou o dinheiro e assim saiu da livraria.

Fiz uma careta achando estranho seu comportamento, mas meus pensamentos se voltaram para Henry que estava entrando.

- Bom dia, Ruiva. - Ele me deu sorriso.

- Bom dia. - Forcei um sorriso ainda estranhando o comportamento de Luke e ele veio em direção ao balcão.

- O que foi? Aconteceu alguma coisa? - Ele parou na frente do balcão e me olhou preocupado.

- Não, é que... sei lá, o Luke estava estranho. Geralmente ele chega aqui de manhã na maior animação e até perde a hora de voltar para a cafeteria. Mas hoje ele estava seco e frio. Bem diferente de ontem a noite.

- Sério? Será que aconteceu algo com ele?

- Eu não sei. Ele não disse nada.

- Que estranho. Se o Luke não está animado, algo aconteceu. - Henry coçou a cabeça. - Ah, eu... eu tenho uma notícia não muito boa para te dar.

- O que foi? - Encarei Henry com preocupação.

- Er... - Henry olhou para mim sério. - Eu... eu detesto ser o portador nessa notícia, mas os boatos sobre as universidades adotarem o uso de notebooks e tablets é verdade. - Henry virou sua mochila para sempre e tirou de dentro um tablet ainda embalado num plástico.

Eu não soube como reagir na hora. Por mais que tudo isso estivesse acontecendo, eu ainda tinha esperanças de poder contar ao menos com as universidades ou escolas.

- É-é sério? - Gaguejei.

- Infelizmente, sim. Todos recebemos um hoje e pelo que ouvi, as escolas também já estão recebendo. - Henry falou num tom baixo e eu senti a angústia e o medo me tomarem de novo.

Toquei minha testa com a palma da minha mão e me virei de costas tentando respirar fundo.

- Você está bem, Ruiva? - Ouvi a voz de Henry se aproximando e ele deu a volta no balcão, logo me puxou para um abraço.

- Eu não sei o que vou fazer, Henry. O aluguel está atrasado, não recebi nenhum cliente ainda hoje, a quantia que tenho não dá para pagar o imóvel e ainda as encomendas mensais. Acho que não vou poder nem repor o estoque esse mês. - Minha respiração começou a ficar afobada e Henry segurou meus ombros.

- Calma, não... não fica desse jeito. Nós vamos dar um jeito. Não fica assim. - Ele tocou minha bochecha e me deu um beijo na testa. - Vou ajudar com o que eu puder.

- Você já está me ajudando até demais. - Olhei para baixo.

- Nunca será de mais. - Ele deu um pequeno sorriso ladino. - Eu detesto ter que ir, mas eu preciso terminar o quadro que não saiu praticamente nada ainda.

- Tudo bem. - Assenti. - Eu fico bem. - Forcei um sorriso fraco, lhe dei um último abraço e ele pegou sua mochila que estava sobre o balcão antes de sair.

Tentei não entrar em pânico e respirei fundo com as mãos na cintura quando vi outro envelope daquele, só que era alaranjado.

O peguei imediatamente na qual estava escrito Doação e vi dentro a mesma quantia de ontem.

Encarei a porta da minha livraria vazia e apertei o envelope em minha mão. Eu não podia perder aquele lugar.

●●●
Continua...

Um Café, Um Livro E Um Amor ( A Garota Da Livraria )Onde histórias criam vida. Descubra agora