41_ Amor.

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Amor.

Essa palavra sempre soou com um peso enorme para mim. Eu sempre a vi com um grande significado e importância.

Amar alguém requer muitas condições e sacrifícios.

Eu cresci tendo como pilar o Amor dos meus pais. Eu via o quanto eles se amam e sacrificavam coisas um pelo outro. Meus pais se amavam e desejavam viver um ao lado do outro para sempre.

Amar alguém para mim é querer o bem desse alguém acima de qualquer coisa. É querer tê-la ao seu lado e não larga-la. É sacrificar o que tem para que a pessoa fique bem. Amor para mim significava união. As pessoas se tornam uma.

Eu sempre me imaginei recebendo um " eu te amo " de um rapaz que eu também amasse. Sempre me perguntei como seria a sensação de ter alguém que me ama e poder ama-la. O que eu sentiria quando ouvisse essas três palavras.

Mas não foi como eu pensei.

Henry havia acabado de dizer que me amava e eu não senti as borboletas ou o coração acelerado. Eu apenas estava surpresa.

Encarei o rapaz a minha frente que me olhava com timidez e nervosismo e me perguntei porque não era como eu imaginava.

- Hen... - Comecei a falar mas a medida que eu abaixei a cabeça, meu tom de voz também.

- Não precisa, Anne. - Olhei novamente para ele. - Eu só precisava te contar, não precisa se sentir pressionada a responder. - Ele falou calmamente. - Eu só queria que soubesse. Você é especial para mim. Mais do que... mais do que qualquer coisa. Meu pai pode achar o que for de mim, mas agora eu tenho um motivo ainda maior para ficar aqui em Deadwood, e dinheiro nenhum compensaria isso. - Ele deu um curto sorriso.

[...]

Fechei a porta do meu apartamento me sentindo totalmente confusa com meus sentimentos.

- COMO ELA SAAAABE QUE A AMA? COMO ELA SAAAABE QUE É SUA? - Ouvi Júlia cantando/gritando na cozinha e acabei rindo. - QUANDO ELE USAR A SUA COR FAVORITA SÓ PRA TE AGRADAR, PLANEJAR UM PIQUENIQUE A MEIA LUZ! - Fui na direção da cozinha e a vi fazendo pipoca.

- Serão unidos pra sempre
Cada dia vai mostrar... - Cantarolei passando por ela.

- AAH! - Júlia deu um grito assustada que até eu me assustei. - Que susto bichaa! - Ela forçou a voz e logo depois começou a gargalhar sozinha.

- Júlia, você fumou alguma coisa? - Perguntei a fazendo rir mais.

- Ai vocês gringos não entendem os memes brasileiros. - Ela resmungou. - Mas e ai? Voltou cedo. Eu estou fazendo pipoca, vou assistir Encantada. - Ela sorriu.

- É... nossa conversa foi rápida. - Juntei minhas mãos na frente do corpo.

- O que foi? O que aconteceu? Ele te deu um fora? - Júlia se aproximou. - Olha porque se ele tiver te dado um fora eu corto as bol... - A interrompi.

- Não, Júlia! - Balancei a cabeça. - Ele... ele se declarou.

- Ele... se declarou? - Ela me olhou ainda mais confusa e eu assenti sem sorrir. - Espera... eu estou meio perdida. O Henry, um cara super gato que te fez ficar gamadona nele, que é super cuidadoso com você e que até pintou um quadro seu se declarou para você e você está com essa cara de enterro?

- Ai Júlia é que... - Passei as mãos na minha cabeça. - Eu não sei! Não foi como eu esperava.

- Como assim?

- Eu não senti o que eu achei que sentiria quando um garoto dissesse que me ama. - Respondi e percebi que aquilo saiu muito egoísta. - Digo... é óbvio que eu fiquei feliz de saber que o Henry me ama, é bom saber que alguém tem um sentimento tão forte assim por mim. Mas... eu não senti nada além disso. Eu pensei que um momento como esse seria... sei lá, mágico?

- Ai Anne... - Júlia pendeu a cabeça para o lado. - Você não acha que está sendo dura de mais? - Permaneci confusa e ela me puxou para sentar na sala. - Olha, não digo isso com certeza pois eu não estava lá, eu não conheço totalmente as intenções do Henry e muito menos seus sentimentos profundos, mas talvez você tenha criado expectativas demais por ser romântica. Você lê muitos romances, é natural que tenha criado expectativas com base nos clichês que você lê. Mas essa é a realidade. Nem todos os romances reais são assim e nem todos os sentimentos são iguais.

Ela podia estar certa. Eu realmente idealizo muito um romance perfeito pelos livros que leio, mas cada um sente o Amor de uma forma. De sua forma.

- Acho que você está certa. - Assenti. - Eu devo ter criado expectativas demais.

- Não aceite isso como verdade absoluta. Também pode ser outra coisa. - Ela deu de ombros e eu a encarei. - Que? - Júlia riu. - Pode realmente ser outra coisa. Vai ver você não gosta dele como pensou que gostasse.

- O que?

- Ué. - Ela deu de ombros de novo. - Você pode não estar apaixonada, Anne. O que eu acho improvável já que eu nunca tinha visto você com tantos sorrisinhos bobos até o Henry aparecer. - Ri dela e lhe empurrei.

- Eu nunca senti com outro cara as sensações que eu sinto com o Henry.

- Acho que você não deve se cobrar tanto, Anne. Esquece isso um pouco. Você teve um dia lucrativo, não deixe " garotos ", de certa forma, estragarem. - Ela sorriu.

- Tem razão. - Assenti. - Vou tomar um banho.

- Ta, vou terminar de fazer a pipoca e aí assistimos Encantada. - Nós duas nos levantamos do sofá.

- Quer que eu esqueça meus problemas sentimentais assistindo romance? - Ri olhando para ela.

- É. - Ela sorriu mostrando os dentes.

Ri da mesma e fui em direção ao meu banho.

[...]

- Eu olho para Robert e só consigo ver o Derek de Greys Anatomy. - Júlia falou e logo depois encheu a boca de pipoca.

- Júlia, desculpe voltar no assunto, mas quem foi a primeira pessoa que disse que amava a não ser os seus pais? E... como você se sentiu? - Júlia olhou para mim e voltou a olhar para frente parecendo pensar.

- Foi o meu ex namorado. - Ela respondeu com um sorriso. - O Paulo, sabe? - Assenti quando me lembrei. A uns tempos atrás Júlia namorava o Paulo, um cara do Brasil que estudou com ela. Eles eram inseparáveis e todos notavam o quanto se gostavam, mas infelizmente não era pra ser. Acabou não dando certo, mas eles continuam amigos e ele ainda cuida dela como ninguém. - Ele disse no dia da nossa formatura. Foi... foi algo realmente aconchegante. Era como se o coração dele desse um abraço de urso no meu. - Ela voltou a olhar para mim. - E você? Como foi a sensação quando te disseram " eu te amo " pela primeira vez sem ser os seus pais?

Olhei para a televisão sem prestar atenção e não demorei a me recordar.

- Foi... - Naquele momento o meu coração acelerou. - Foi único. Lembro que eu me perguntei por horas como simples palavras podiam ter tanta carga sobre mim. Aquelas três palavras me fizeram sentir única. Me fizeram sentir eu mesma, pois aquela pessoa me amava do jeito que eu era. Foi... mágico. - Falei surpreendendo a mim mesma.

- Quem foi? - Olhei para ela.

- ... Luke.

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Continua...

Um Café, Um Livro E Um Amor ( A Garota Da Livraria )Onde histórias criam vida. Descubra agora