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QUANDO REBECCA SAIU para atender a porta, permaneci silenciosa, cogitando a hipótese de que fosse o ex-namorado dela

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QUANDO REBECCA SAIU para atender a porta, permaneci silenciosa, cogitando a hipótese de que fosse o ex-namorado dela. A tensão atenuou-se quando ouvi outra voz feminina falando com ela.

Movida pela curiosidade em ver quem se tratava, já que ainda não era o horário de a minha auxiliar chegar, quis levantar. Entretanto, antes que me esticasse para alcançar as muletas, a moça voltou para o quarto. Em seu rosto, um perfil aborrecido apresentava-se, com a sobrancelhas levemente franzidas.

— Quem era? – perguntei ao sentar-me na cama, sentindo meu coto de amputação formigando. Aquela sensação era muito desconfortável.

Suspirando, Becca abaixou-se para procurar pelos chinelos que foram parar embaixo da cama.

— Aí, droga! É a minha irmã, a Roberta — rolou os olhos. — Esqueci que hoje o cursinho dela era pela manhã — encarou-me rapidamente, como se estivesse contrariada. — Tenho que ir...

— Mas toma café primeiro – propus enquanto passava as mãos pelos cabelos desgrenhados. — Preparo pra você em um minuto.

— Não dá – respondeu após suspirar. — Ela está me esperando...

— Ué, sua irmã pode tomar também — estiquei-me para alcançar as muletas e as posicionei. — Não tem problema.

Calei-me, reunindo toda a minha concentração para levantar. Nunca tinha percebido o quanto meu corpo era pesado, até perder uma das pernas.

Com apreensão, Rebecca observava-me, temendo que me desequilibrasse e me machucasse, algo que quase ocorreu, mas evitei a queda apoiando-me no guarda roupa.

Ligeiramente, a olhei de soslaio, dando um risinho embaraçado. Sentia-me frágil perante a preocupação da moça. Confesso que ser vista daquele modo por ela, gerava-me um incômodo.

— Precisa de ajuda, Mari? Se quiser, posso...

— Não, não — a interrompi, tomando impulso para dar o primeiro passo. — Pode deixar que me viro sozinha. Não se preocupe.

Devagar, me desloquei para fora do quarto e quando cruzei a sala, resolvi dar uma pausa, já que sentia meu corpo inteiro dolorido pelo esforço e foi então que percebi que a irmã de Rebecca estava escorada no batente da porta, com um headphone pendurado no pescoço, uma mochila no chão. Pelo semblante, não deveria ter mais que 18 anos de idade.

Quando a garota me encarou, recordei-me de já ter visto-a perambulando pelo condomínio na companhia de outros adolescentes, mas nunca imaginaria que ela possuísse algum elo familiar tão próximo com a Becca.

— Ah, oi... – proferiu com timidez, mostrando um sorriso fraco por entre os lábios volumosos. — Só estou esperando a minha irmã, viu?!

— Ah, entre aí, Roberta — ofereci um sorriso acolhedor. — Farei um café pra nós. É rapidinho... – dei uma piscadela ao perceber que ela estava tensa, talvez, temendo o atraso.

REBECCA (EDITORA PEL) (AMAZON) (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now