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POV ESPECIAL DA REBECCA

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POV ESPECIAL DA REBECCA

ERA INÍCIO DA noite de um sábado e aquela era a quarta vez consecutiva que tentava escrever algo para Maristela e, finalmente, havia conseguido uma letra mais legível.


"Queria ter o poder de eternizar aquela madrugada, para que eu nunca mais saísse do seu lado, do seu abraço."
Rebecca Santos


Fazia pouco mais de duas semanas que Mari e eu nos conhecíamos. Nosso entrosamento tornou-se tão intenso, que o término do meu namoro não me machucava tanto quanto pensei que fosse. Aquilo era... Estranho.

Aproveitando que estava sozinha, já que a Roberta havia saído com a minha mãe, decidi entregar logo aquele bilhete para a Maristela. E, sendo assim, tomei um banho frio para acalmar a minha ansiedade.

Por estar um clima mais quente, optei por usar um vestidinho com estampas florais, de tecido leve e alças finas.

Enquanto penteava os cabelos, lembrei-me de como a Maristela apresentou um perfil apático na última vez em que nos falamos. Tratou-me com tamanha rispidez que não ousei procurá-la novamente. E ela aparentava me evitar, já que a porta do apartamento dela esteve fechada desde a última conversa.

Em meu íntimo, sabia que havia algo errado. Tentei chegar a uma conclusão plausível, mas não sabia o que pensar direito. Embora eu fosse bem resolvida quanto a minha sexualidade, também estava transtornada com a situação.

Depois daquele domingo cogitei um afastamento definitivo, entretanto, aquelas dúvidas me incomodavam.

Sempre prezei por relações transparentes, mas as pessoas não são acostumadas com tal. E por achar que poderia ser o caso de Maristela, temi que uma conversa sincera, sem aviso prévio, pudesse assustá-la e vi naquele bilhete a oportunidade de uma aproximação menos invasiva.

*.*.*

O que me despertou a atenção no primeiro contato que tive com a Maristela, foram os olhos esverdeados dela. Eram tão intensos, que a conexão visual se aprofundava facilmente. E eles se harmonizavam com os cabelos alisados e tingidos em uma tonalidade acastanhada, em um charmoso Chanel de bico.

A princípio, quando percebi que a mulher tinha parte da perna direita amputada, fiquei estarrecida, embora aquilo nada implicasse na imponência marcante que ela apresentava.

Em questão de minutos, esqueci a condição física dela, passando a admirar os realces de suas qualidades: inteligente, educada e charmosa.

Confesso que até aquele dia nunca imaginei como seria namorar um deficiente físico, lidar com as descobertas e limitações. Acho que quase ninguém pensa nisso, já que habitualmente estamos segregados a padrões.

REBECCA (EDITORA PEL) (AMAZON) (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora