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"Algumas mudanças lhe pegam de surpresa

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"Algumas mudanças lhe pegam de surpresa.
É preciso se adaptar às circunstâncias."
Geise Braghiatto

COMPLETAVA QUATRO meses desde que havia me acidentado. E, todos os dias, pontualmente, às sete horas da manhã, já estava acordada para realizar minhas tarefas. E logo no início do dia, fui atormentada pela dor do membro fantasma.

Após espreguiçar-me, afastei o lençol que me cobria, observando as minhas pernas e as cicatrizes ocasionadas pelas fraturas expostas e pela amputação da perna direita, logo abaixo do joelho.

Lampejos da terrível noite do acidente surgiram em minha mente: os segundos antes de entrar no ônibus, a minha intuição de que algo estava errado, tudo escuro, ambulâncias, hospitais, cirurgias, dores e infecções. Fechei os olhos com força e sacolejei a cabeça, afastando aqueles pensamentos.

Lentamente e com um pouco de dificuldade, pois ainda me adaptava ao novo estilo de vida, alcancei as muletas canadenses e me levantei, indo para o banheiro.

No corredor, ouvi o Fernando, meu filho, conversando trivialidades com a Sandra, a moça contratada para me auxiliar nas tarefas domésticas, na cozinha.

*.*.*

Antes do acidente, possuía uma rotina diferente.

O meu dia começava às cinco da manhã. E após uma oração, arrumava a casa, preparava meu café da manhã e me aprontava para o trabalho.

Desde muito nova, sempre fui uma mulher vaidosa. E, por ser proprietária de um colégio infantil, apresentava uma aparência impecável.

Os meus cabelos, geralmente, estavam muito bem aprumados. Fosse pela tintura acastanhada retocada quinzenalmente, a selagem em dia ou o corte moderno acima dos ombros. Usava uma maquiagem discreta o suficiente para disfarçar pequenas imperfeições e, talvez, isso ajudava a aparentar que eu fosse mais jovem.

Minhas roupas, invariavelmente estavam bem passadas, metodicamente penduradas ou dobradas de acordo com a cor e o tipo de tecido. E quase nunca dispensava um par de saltos altos, um bom hidratante corporal e um perfume marcante. Adorava cercar-me de elogios e comentários sobre o meu porte e elegância.

Aos cinquenta e seis anos de idade, eu, Maristela Rodrigues, era considerada uma mulher atraente, principalmente, pelo público masculino. Entretanto, não tinha pretensões de me envolver amorosamente com alguém àquela altura da vida. Preferia dedicar o tempo com a minha escolinha, os cuidados de casa e os passeios com as amigas.

Quando sentia necessidade de receber um calor humano, era fácil, embora raramente me dispusesse a tal. Encontros casuais com homens que, na maioria das vezes, não tinham nada de interessante a oferecer. Nem o sexo costumava ser satisfatório. Então, para evitar frustrações, rendia-me a minha própria companhia, minhas próprias carícias.

REBECCA (EDITORA PEL) (AMAZON) (DEGUSTAÇÃO)Wo Geschichten leben. Entdecke jetzt